segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A torcida contra parece que foi grande. E a culpa não é de Medina

Na derrota de Gabriel Medina para Chris Davidson, o que menos chamou a atenção foi a o que aconteceu dentro d'água.

Nos 30 minutos de bateria, apenas uma onda boa subiu. Foi para o asutraliano, que a fez muito bem, ganhou um notão e venceu. Merecido. nada mais a dizer sobre isso.

Todo mundo viu que não foi no surfe, foi na balança sorte x azar, por conta da calmaria que rolou durante a bateria.

O que mais chamou a atenção mesmo foi a reação de alguns surfistas estrangeiros que correm o Tour.

Kelly Slater e Taylor Knox cochichavam durante toda a disputa e sorriram bastante com a comemoração de Davo.

O australiano, após ver Medina cair na tentativa de pegar um tubinho, no final da disputa, vibrou, deu socos no ar, imitou um boxer, enfim, algo não muito polite.

Poucos minutos depois de encerrada a disputa, outro norte-americano, Brett Simpson, cravou um "Davo for President" no Twitter.

Ok, pode ser paranóia, mania de perseguição, até mesmo egopatia. Mas a impressão que ficou é que os gringos, principalmente a velha guarda, comemorou um bocado a vitória do experiente Davo sobre o novo cara do circuito.

O surfe é um esporte onde, basicamente, um competidor vive das derrotas. A cada etapa do WT são 36 competidores e apenas um é campeão. Nos primes, a chave é maior, de 144 surfistas. Só um volta pra casa com a vitória.

Medina está em sua terceira etapa do WT. Fenômeno que é, já ganhou uma. Isso não é regra, é exceção. Como Slater é.

Derrotas como esta, para Davo, fazem parte do crescimento de Medina. No entanto, pelo comportamento desproporcional de muitos brasileiros após o título do nosso fenômeno na França, talvez o clima criado com o resultado da bateria desta segunda reflita uma situação nada agradável para Medina.

Na verdade, uma pressão a mais que ele não precisa ter que enfrentar.

Formadores de opinião, como o free surfer da equipe Nike 6.0, Pedro Scooby, exageraram. Chegou a mandar um "fuck you Slater". E o pior é que quem tentou mostrar ao carioca que ele havia se equivocado foi taxado de "babão de gringo" pelo próprio Scooby e por outros que o endossaram.

Até mesmo alguns profissionais droparam essa onda. Como se Medina fosse o vingador deles, por ter derrotado Slater, por ter ganho a etapa da França sobre o queridinho dos australianos, Julian Wilson, por ser uma espécie de Che Guevara que desmantelou a ASP.

Menos. Perderam uma boa chance de ficar calados.

É óbvio que todos vibraram com a vitória sobre Slater. Ainda mais depois do resultado ridículo do Round 4.

É claro que dá um gosto a mais ganhar uma final sobre Julian Wilson. Promessa por promessa, a nossa mandou melhor.

É absolutamente normal que a vitória seja acompanhada de um clima de desforra contra a ASP, pelo julgamento quase sempre tendencioso em favor de uma meia dúzia de tops, que normalmente prejudica os demais, entre eles nós, brasileiros.

Mas existe um limite. Para os profissionais, então, esse limite é bem mais em baixo.

Ser profissional é fazer que nem Slater. Após a derrota por combi, colocou Medina com um potencial futuro multicampeão mundial. Knox, outro que foi pra casa de combi, brincou consigo próprio e disse que não teve chances contra a Medina Airlines.

O pior de toda essa situação é que torcedores, formadores de opinião e até mesmo os demais profissionais do surfe não seguiram o exemplo dado exatamente por Gabriel Medina.

O garoto de 17 anos foi mais adulto que a maioria, manteve a humildade, elogiou os adversários, comemorou a coqnuista do título sem exageros e seguiu em frente.

Agora, enfrenta mais uma barreira no Tour. Barreira que sequer foi criada por ele.