domingo, 30 de outubro de 2011

Jadson exclusivo: "Quero continuar evoluindo até estar 100% pronto para o título mundial"

Jadson e sua manobra marca registrada, o aéreo reverse de frontside. Potiguar está com fome de um grande resultado nesta reta final do WT (Foto: Daniel Smorigo)

Jadson André tem apenas 21 anos e está em seu segundo ano no World Tour, a divisão de elite do Circuito Mundial de Surfe. Em sua primeira temporada, venceu a etapa brasileira e terminou o ano em 13° no ranking. Respeitado pelos surfistas estrangeiros, é um dos caras mais queridos do Tour e já é tratado como referência pelos brasucas que chegaram à elite recentemente. Na entrevista ao Blog do Surfe, o potiguar de 21 anos fala sobre o atual momento de destaque dos brasileiros no WT, o que espera dele e dos demais brasucas nesta reta final de temporada e sobre as metas para os próximos anos.

Blog do Surfe – Os surfistas brasileiros formam o segundo maior contingente no WT. Vencemos três etapas da elite este ano, além de colocarmos sempre dois surfistas nas quartas-de-final na maioria das etapas. A que se deve esse novo momento?

Jadson André - Eu acredito que, cada vez mais, o Brasil esta chegando com mais força nos eventos. Sempre tivemos atletas de ponta no circuito, mas eles não tinham essa estrutura que temos hoje. Estamos muito unidos, todos sabem o quanto os brasileiros são “passion”, acredito que isso incomoda um pouco, mas não podemos fazer nada... Voltando à pergunta, acredito que a resposta disso é a estruta que temos hoje e a maneira que esses atletas foram trabalhos.

Blog do Surfe - Você se dá muito bem com a maioria dos gringos, eles sempre citam você nas entrevistas como um cara legal. O que você tem sentido deles em relação a esse novo momento do Brasil?

Jadson – Eu acredito que sou o brasileiro que mais se dá bem com os gringos. Na verdade, eu não ligo se é bonito, feio, brasileiro ou gringo, eu gosto de ser amigos das pessoas e aproveito também o fato de estar perto dos meus ídolos. Por exemplo, Mick Fanning é um dos meus maiores ídolos e hoje somos muito, mas muito, amigos mesmo... Até o Kelly Slater, hoje, é uma pessoa totalmente diferente comigo. Até jogamos alguns jogos juntos, rs. E, sobre os resultados dos brasileiros, ao meu ver, se tem três ou quatro que ficam incomodados já é muito. Afinal, não é por acaso que temos sete de 32.

Blog do Surfe - Falando do seu desempenho, o que faltou para que você quebrasse a sequência de 13° lugares nas últimas etapas?

Jadson – Eu estava brincando com a turma dizendo que sou o “Rei do 13°”, hahaha. Não é facil passar bateria no Circuito Mundial, principalmente agora, que nunca foi tão competitivo. Eu estava conversando com nosso juiz Luli Pereira, e ele mesmo disse que nunca o circuito foi tão de igual pra igual. Se eu tivesse passado uma bateria a mais em cada campeonato, hoje eu era Top 10, fácil. Porém faltou um pequeno detalhe. Estou trabalhando em cima disso para buscar melhores resultados. Eu sempre falei que, no circuito, todos surfam de igual pra igual e é o pequeno detalhe que faz a diferença. Sem dúvida não estou nada satisfeito de ter tantos 13°s no circuito, mas também não é facil fazer um 9°, 5°, semi ou final.... Da primeira bateria até a última não tem moleza.

Blog do Surfe – Você não foi para o prime de Santa Cruz, na Califórnia. Na sequência, teremos San Francisco e as etapas do Hawaii. Qual sua meta em termos de resultados para esses eventos? Em qual etapa você acha que as condições encaixam mais com seu surfe?

Jadson – Vou fazer de tudo para conseguir resultados melhores que 13°s, rs... Eu amo Haleiwa e Pipeline, eu amo pegar onda grande tubulares... Não sou o melhor surfista em Sunset e não estou nem perto disso, porém, também gosto muito daquela onda. O foco é tentar buscar o melhor resultado possível.

Blog do Surfe - Esse é seu segundo ano no Tour. Você já tem um título de etapa. Qual a meta para esse final de temporada e onde você imagina que pode chegar no próximo ano?

Jadson – No começo do ano eu tinha o objetivo de acabar no ranking melhor que o ano passado, em que acabei em 13° – esse número me segue, rsrsrs – e se eu conseguisse isso, o Top 10 ia ser consequência. Porém, estou um pouco longe do Top 10, mas ainda tem duas etapas e não está nada perdido. Como falei, tinha objetivo de finalizar melhor que o ano passado... E, para os próximos anos, também o objetivo é ter um ano melhor que o outro, continuar evoluindo até chegar ao ponto de estar 100% preparado para o título mundial. Não quero ficar no circuito só para dizer que fiquei lá por um bom tempo, quero trabalhar bastante, treinar muito, ver os meus pontos fracos, melhorar todos eles para que, no momento certo, possa buscar o tão desejado título mundial.

Blog do Surfe - Muitos surfistas reclamaram das mudanças no WT. As principais são a dificuldade dos caras que estão fora conseguirem entrar na elite e o fato de o circuito com 32 (34, com os convidados fixos) ser menos democrático. O que você pensa sobre isso?

Jadson – Eu fui um cara que falei muito sobre isso, que não concordo com o corte no meio do ano. Acredito que se fossem 48 seria muito melhor, porém, eles sempre questionaram que queriam SÓ OS MELHORES DO MUNDO MESMO no WT e que não era impossivel se classificar. Quando vi o Mig [Miguel Pupo] e Medina entrando, e o Kalohe agora, que está muito próximo, mostra que o que os caras fizeram está funcionando. Porém, continuo achando que o corte não é legal, todos têm direito de competir um ano inteiro... Um exemplo disso: o Mick, no seu último título mundial, ele deu a largada depois do meio do ano. Foi quando ele começou a vencer evento atrás de evento. E um cara que ficou fora do corte poderia muito bem no meio do ano ter uma sequência de resultado e ser top 10... Outro exemplo: o Julian Wilson quase não faz o corte. Ele começou a campanha dele quando venceu Ericeira. De lá não parou mais e hoje é numero 7 do mundo... Imagina só se o moleque não faz o corte??? Acredito que vocês entenderam meu ponto de vista sobre isso.

Blog do Surfe - Nessa reta final, alguns brasileiros do WT têm muitos pontos a defender, casos de Raoni, Heitor e Alejo. Você acredita que vamos manter os sete integrantes atuais? Acha que podemos ganhar mais representantes?

Jadson – Eu acredito que o Heitor e Alejo estão super bem no ranking e estão salvos. O Raoni perde 6.500 pontos de Sunset, mas ele tem 2 WTs e 3 Primes, então tem tempo de se recuperar e surfe de sobra... No meu caso, eu não perco mais nenhum ponto. Meus 23.500 estão garantidos até o ano que vem. Isso não quer dizer que estou 100% garantido, ninguém sabe o que os outros tendem a aprontar. Então, qualquer resultado que fizer eu dou um belo pulo no ranking... É continuar treinando forte e também torcer para os outros brasileiros quebrarem e trazerem, quem sabe, mais dois canecos até o final do ano... Estavámos brincando no jantar com toda a galera do Brasil do WT, depois da vitória do Adriano em Portugal, que em San Francisco vai vencer o Miguel, Raoni ou Heitor. Porque com a ira que eu estou, Pipe pode estar 20 pés que vou vir na maior de todas!

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