domingo, 4 de dezembro de 2011

Brasil segue com sete na elite em 2012. John John lidera Tríplice Coroa

Esta não é uma onda de seis pés em um beach break. É Sunset 12 pés. John John mostra porque mereceu mais do que nenhum outro o título da World Cup (Foto: ASP/Kirstin)

Raoni Monteiro não defendeu o título mas mostrou um surfe versátil e muito bem encaixado ao power de Sunset. Vaga na semifinal o garantiu de vez no WT 2012. (Foto: ASP/Kirstin)

O Brasil vai seguir com sete representantes no World Tour, a elite do surfe mundial, no primeiro semestre de 2012.

Willian Cardoso, Thiago Camarão e Jessé Mendes não conseguiram os resultados necessários nas duas etapas finais da divisão de acesso, ambas com pontuação prime, em Haleiwa e Sunset e terão que, no mínimo, adiar o sonho de integrar o seleto grupo dos Top 34.

O Brasil acabou essas duas primeiras etapas da Tríplice Coroa Havaiana com dois bons resultados.

Adriano de Souza fez final em Haleiwa, que em nenhum dia de competições conseguiu ser o pico poderoso que todos conhecemos.

Já Raoni Monteiro chegou às semifinais em uma Sunset bem diferente da do ano passado, quando ele conquistou o título.

Se no ano passado as ondas seguiram pequenas durante quase todo o evento, este ano foi power puro. Ondas que chegaram aos 12 pés pus, tubulares, desafiadoras.

E Raoni mostrou que tem surfe para todo tipo de condição.

O título acabou com John John Florence, de 19 anos, sem sombra de dúvidas o melhor surfista do evento. Ele agora lidera a Tríplice Coroa Havaiana, seguido de Adam Melling (2° em Haleiwa, 3° em Sunset e de volta ao WT como integrante fixo) e de Michel Bourez (vice em Sunset).

Vale um parágrafo à parte sobre o desempenho de Florence em Sunset. Enquanto a maioria não conseguia sequer produzir um carve nas difíceis condições de Sunset, o loirinho magrelo surfou feito um gigante. Muito seguro, confiante, pegando as melhores e manobrando como se estivesse em uma onda de seis pés. Na final, pegou tubos cavernosos, saiu ileso e com o título e a reputação em alta.

Se falarmos de forma global do desempenho brasileiro, a verdade é que a Brazilian Storm passou longe do Hawaii nessas duas primeiras jóias da coroa.

Além de Mineirinho e Raoni, o único desempenho que merece crédito é o de Jessé Mendes. Chegou às quartas-de-final em Haleiwa e às oitavas em Sunset. Apesar de não ter conquistados os resultados necessários para entrar na elite, mostrou raça e maturidade ao passar algumas baterias.

Agora resta Pipeline.

Tudo indica que o Brasil terá vários desfalques. Heitor Alves, Alejo Muniz e Miguel Pupo, todos com torções de joelho ou tornozelo, são dúvidas.

Confirmados estão um sedento Jadson André, o reconhecidamente bom de tubo Raoni, um Mineiro ainda em busca de um grande resultado em uma etapa de grandes tubos (Teahupoo no ano em que Bruno Santos venceu terminou com ondas pequenas) e a incógnita Gabriel Medina.

Em relação ao grupo dos Top-34, pouca coisa pode mudar.

Kieren Perrow e Taylor Knox seguem como os mais ameaçados por conta dos pontos que têm a defender do ano passado.

Com isso, CJ Hobgood (31°), que não terá a chance de pontuar em Pipe, Fred Pattachia (32°), Travis Logie (33°) e Kai Otton (34°) são os que aparecem na briga por duas ou três vagas.

Ou seja: de novidade mesmo no WT para o primeiro semestre de 2012, só mesmo o norte-americano Kolohe Andino.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Jessé estreia bem. Serão dez brasucas no round 3.

Wiggolly Dantas parecia que estava em Ubatuba e surfou com maestria as direitas de Sunset para avançar em primeiro. (Foto: ASP/Kirsten) à

O mar em Sunset diminuiu no segundo dia de disputas da Vans World Cup of Surfing, segunda etapa da Tríplice Coroa Havaiana.

Mas o power estava lá, presente. Surfe pesado, difícil de sair uma rasgada no lip. Os que conseguiram algo assim, avançaram.

O Brasil melhorou bastante o desempenho em relação ao primeiro dia, onde apenas um de cinco brasucas se classificou.

Nesta terça tivemos seis surfistas em ação e quatro avançaram para o round 3, que é quando estreiam os principais cabeças de chave - seis deles são brasileiros, Adriano de Souza, Raoni Monteiro, Miguel Pupo, Jadson André, Willian Cardoso e Thiago Camarão, que se beneficiou de uma desistência e "ganhou" um round.

Já na primeira bateria, onde os surfistas tiveram muita dificuldade em surfar ondas abertas, Júnior Faria não chegou a atingir um grande somatório, mas passou bem, atrás do surpreendente francês Vincent Duvignac.

Na terceira disputa, Jessé Mendes abriu logo com as duas ondas que o garantiram no segundo lugar, atrás do australiano Brent Dorrington. Resultado muito importante para Jessé, que segue firme atrás de um grande resultado e da vaga no WT-2012.

Wiggolly Dantas e Léo Neves correram juntos a bateria seguinte. Léo até que equilibrou o jogo contra Jamie O'Brien, que não teve um desempenho brilhante como o do primeiro dia, mas o havaiano acabou levando por menos de um ponto. Já Guigui voou de backside e venceu com autoridade.

Outros brasucas só na última disputa do dia. Tomas Hermes abriu a bateria logo com um 7,17 e apenas administrou a vantagem. Ricardo dos Santos chegou a brigar com Mason Ho pela segunda vaga, mas faltou-lhe uma boa onda, aberta, que o proporcionasse tentar uma boa pontuação.

O dia também contou com outras baterias bem animadas.

Sunny Garcia se recuperou no final para pular de terceiro para primeiro e assim evitar uma derrota para a campeã mundial Carissa Moore. Não foi uma grande apresentação de Carissa, mas ao menos ela conseguiu algumas boas ondas, o que não aconteceu em Haleiwa, quando foi engolida no pico pelos adversários.

Dane Reynolds reapareceu, não foi o monstro que todos admiram, mas também passou em primeiro.

O melhor somatório acabou com o havaiano Kekoa Becalso, com 14,67.

Entre os que ainda sonham com uma vaga no WT-2012, apenas Daniel Ross avançou. Tom Whitaker e Granger Larsen ficaram pelo caminho e agora vão tentar um lugar na elite na troca de meio de ano.

Acompanhe a Vans World Cup of Surfing ao vivo no link:


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Sunset pesado é para poucos. Ricardinho dos Santos é um deles.

Ricardinho dos Santos achou dois tubos e garantiu o segundo maior somatório do dia em Sunset. Foi o único brasuca a avançar. (Foto: ASP/Kirstin) à

Sunset grande é uma onda muito difícil. Diferente de tudo o que os surfistas que correm o Tour encontram ao longo do ano.

A onda que mais se assemelha talvez seja Margaret River, na Austrália, mas a direita havaiana é muito mais power. Mais pesada.

Nessas condições difíceis, com ondas de 8 a 12 pés, os brasileiros que disputaram a primeira fase da World Cup of Surfing, segunda etapa da Tríplice Coroa Havaiana, foram caindo um a um.

Yuri Sodré e Jerônimo Vargas não acharam ondas que abrissem. Caio Ibelli e Jano Belo foram um pouco melhor e quase ficaram com uma vaga na segunda fase, apesar de não terem somado nem dez pontos.

O dia dos brasileiros foi salvo com Ricardo dos Santos, que fez aquilo que ele faz de melhor: entubar.

Se em Teahupoo ele já havia mostrado que domina os tubos de frontside, em Sunset ele demonstrou que também manda muito bem de backside.

Assim, Ricardinho garantiu a segunda melhor soma do dia, 15,53.

Outros que destacaram no primeiro dia foram os havaianos Tonino Benson (melhor somatória do dia, com 16,07), Pancho Sullivan, Myles Padaca, o francês Vincent Duvignac, o sul-africano Dilan Stapes e o australiano Mitch Coleborn.

Mas o maior destaque do dia foi um outro havaiano. O carismático Jamie O'Brien deu um verdadeiro show. Literalmente. JOB pegou tubos, mandou rasgadas muito fortes e até tentou um floater insano em um buraco de uns 8 pés, abortado no meio da descida e que acabou se transformando em uma das vacas do dia.

Nesta terça, se o vento deixar, mais seis brasucas em ação no round 2.

Destaque para Tomas Hermes e o próprio Ricardinho dos Santos, que fecharão o round em uma bateria que ainda terá os havaianos Granger Larsen e Michael Ho.

Para assistir a ação em Sunset, ao vivo, acesse:

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sunset terá mais tops e caminho mais longo para Camarão e Jessé

Raoni Monteiro defende o título conquistado no ano passado em Sunset. (Foto: ASP) à

Jordy Smith, Julian Wilson, Jeremy Flores, Miguel Pupo, Chris Davidson e CJ Hobgood.

Seis surfistas que não estiveram em ação em Haleiwa, mas que brigarão pelo título em Sunset, durante a Vans World Cup of Surfing, última etapoa prime do ano.

Os seis estão colocados à frente de Thiago Camarão e Jessé Mendes no ranking. Com isso, os dois brasucas que aindam brigam por uma vaga no WT-2012 foram "rebaixados" na chave do evento e terão que estrear já na segunda fase.

Na prática, quer dizer que para garantirem o grande resultado que os colocarão na elite, será necessário uma bateria a mais.

Em um campeonato "normal", isso não faz tanta diferença. No Hawaii, em um Sunset que tudo indica que estará grande, faz diferença, sim.

Willian Cardoso foi "poupado" e será um dos cinco brasileiros que estreiam apenas no round 3.

O fato é que pela forma como os três chegaram ao final da temporada, é preciso surfar muito, ter cabeça para jogar a estratégia certa e frieza para suportar a pressão.

Os três precisam de um grande resultado, algo como uma semifinal, e terão pela frente alguns dos melhores surfistas do mundo e vários cascas grossas havaianos.

Então é pensar positivo, ter atitude e procurar fazer o melhor.

Se a vaga vier, ótimo. Se não vier, ao menos sobrará o orgulho de ter brigado feito um gigante.

A briga pelas últimas vagas na elite contará com um monte de gente boa. Além de Willian, Camarão e Jessé, tem CJ, Wilko, Freddy P., Taylor Knox, Kieren Perrow, Daniel Ross, Tom Whitaker, Dusty Payne, Adam Melling, Tanner Gudauskas, Kai Otton, Travis Logie e Chris Davidson.

Qualquer outro nome que fique de fora ou dentro do WT-2012 será uma enorme surpresa.

Em Sunset, na briga pelo título da World Cup, o Brasil também contará com cinco surfistas no round 1 e outros quatro no R2.

Algo me diz que Adriano de Souza está com a faca nos dentes para se manter na briga pelo título da Tríplice Coroa Havaiana. E já não resta qualquer dúvida do que ele é capaz.

Veja a chave do prime de Sunset no link:


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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Taj incontestável em Haleiwa. Mineiro faz final e Melling é quem mais comemora

Taj esteve sintonizado com o mar inconsistente de Haleiwa, achou até alguns tubos e levou merecidamente o título da primeira jóia da Tríplice Coroa Havaiana. (Foto: ASP: Cestari)

O Tour encerrou a primeira parada da Tríplice Coroa Havaiana em um mar qualquer que, na verdade, não era Haleiwa.

O mar até subiu um pouquinho no último dia de disputas do Reef Pro, mas nem de longe lembrou a potência das clássicas direitas de um dos picos mais clássicos do surfe mundial.

Ainda estou desconfiado de que o evento rolou em outro pico e a transmissão pela Internet apenas disse que era no Alii Beach Park...

Nesse contexto, o australiano Taj Burrow conquistou o título e largou na frente na corrida pela coroa.

Desnecessariamente, Taj voltou a ser julgado de forma diferente, sempre hiper valorizado em suas notas. Surfou muito e levaria o título de toda forma, sem a "ajuda" dos juízes.

Mandou suas tradicionais manobras progressivas e ainda achou alguns tubos. Estava totalmente sintonizado com o mar e arrancou notas na casa dos 9 em todas as baterias que disputou.

O Brasil esteve muito bem representado por Adriano de Souza. Em grande fase, Mineirinho surfou com muita personalidade, competiu de forma segura e fria e chegou à final.

Pelo que fez durante toda a etapa, o 3° lugar foi pouco, mas abre a perspectiva do nosso melhor representante no WT lutar pelo título da Tríplice Coroa, algo inédito para o surfe brasileiro.

O evento também não lembrou as últimas apresentações da Brazilian Storm. Dessa vez, nosso estrago foi pequeno, no máximo uma chuva de verão.

As principais atenções estavam voltadas para Willian Cardoso, Thiago Camarão e Jessé Mendes, que são os que mantêm a esperança de ingressar no WT de 2012.

Dos três, apenas Jessé conseguiu ampliar sua pontuação, com o 13° lugar. Não o deixa tão perto do Top-32, mas o faz precisar de um resultado menos complexo em Sunset, no prime que deve começar nesta sexta.

Acredito que a classificação para a semifinal levará o jovem paulista de 19 anos à elite.

Thiago Camarão estreou bem e avançou às oitavas. Lutou, mostrou disposição para brigar por um bom posicionamento no pico, mas não conseguiu pegar uma onda boa e acabou eliminado em 17°.

Willian foi a decepção. O catarinense foi apático, boiou a maior parte do tempo e se manteve o tempo inteiro fora do pico. Com um line up bem definido e séries inconstantes e inconsistentes, só se deu bem quem mostrou raça para disputar as melhores no braço, algo que nosso brasuca não fez em nenhum momento.

A torcida é para que Willian mude de postura em Sunset. Porque surfe no pé ele tem de sobra e o seu estilo power tem tudo para se adaptar bem a Sunset.

Jadson André (17°) e Léo Neves (25°) foram os outros que pararam nas oitavas.

Apesar do título ter ficado com Taj, o maior vencedor do Reef Pro foi outro australiano. Adam Melling travou um duelo com Mineirinho na final pela vice e levou a melhor. Com isso, somou mais 3.750 pontos (5.200 do Reef Pro menos 1.750 do seu oitavo melhor resultado) e praticamente se garantiu na elite em 2012.

Nat Young foi a revelação do evento ao chegar à decisão, finalizando em 4°.

Outros que garantiram souberam aproveitar a oportunidade nas merrecas de Haleiwa e somaram pontos importantes com vistas ao WT-12 foram John John Florence (5°), Tanner Gudauskas (9°), Kieren Perrow (9°) e Kolohe Andino (13°).

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Camarão e Jessé na briga. Willian estréia nesta quarta.

Adriano de Souza surfou com tranquilidade e venceu bateria de estreia sem maiores problemas. (Foto: ASP/Kirstin) à

Após um começo nada promissor, eis que o segundo dia do seis estrelas de Haleiwa terminou com um saldo extremamente positivo para o surfe brasileiro.

Temos quatro classificados para o round 4, o últimos antes das quartas-de-final, que é quando a pontuação começa a fazer alguma diferença em termos de ranking.

Entre esses quatro estão Thiago Camarão e Jessé Mendes, que ainda brigam por uma vaga no WT-2012.

Calma, o terceiro brasuca com chances, Willian Cardoso, só faz sua estreia nesta quarta, na primeira bateria do dia.

Mas, como disse no início, o dia não começou de forma muito animadora pros brasileiros.

Yuri Sodré não achou as ondas e perdeu feio, em 4° lugar.

Tomas Hermes também ficou em último em uma derrota dolorida para quem assistiu. Pelo simples fato de que ficou bem claro que ele estava com o surfe no pé para derrotar todos os três adversários. Mas não achou boas ondas e quem acabou passando foram o clone de Rob Machado (só na anatomia) Adrian Toyon e Kieren Perrow.

Sobre Perrow, vale uma comentário. Há de se fazer jus à forma como o australiano se porta numa bateria. Dominou o pico e pegou as melhores ondas. Mas as notas que recebeu foram extremamente valorizadas.

Um 6,87 que valia um 5,0.

Um 5,17 que valia um 4,0.

Assim, passou em segundo à frente de Travis Logie. Resultado pra lá de injusto.

Raoni Monteiro foi outro que perdeu em último. E perdeu feio.

Se o carioca estava com alguma contusão ou problema de saúde, está tudo explicado e não há o que dizer.

Se estava tudo bem com Raoni (assim esperamos), ficou clara a falta de estratégia de competição. Enquanto todos pegavam ondas ele boiava à espera de uma boa que não chegou nunca. O posicionamento foi bem parecido com o que a campeão mundial Carissa Moore teve em sua bateria. A diferença é que Carissa não tem a mesma força nas braçadas que Raoni.

Sou muito fã do surfe do carioca e, além disso, a imagem que ele passa nas entrevistas é de ser um cara bem bacana. Torço muito para que ele descubra que não se chega muito longe no Tour apenas com o surfe no pé.

Entre essas derrotas, tivemos, ainda pelo round 2, uma vitória maiúscula de Wiggolly Dantas. Quase despercebida já que, durante a bateria, a transmissão pela internet dedicou mais tempo a entrevistas os ídolos do passado que disputaram a bateria exibição - Shane Dorian venceu Ross Willians, Kalani Robb e Rob Machado.

Guigui pegou duas boas, chegou a vencer a todos por combinations até quase o final e passou sem maiores problemas. Mostrou que está encaixado tanto de front quanto de back.

Mas foram nossos cabeças-de-chave que deram show.

Camarão, mesmo com toda a pressão de quem busca um grande resultado para se garanbtir na elite, surfou o suficiente para avançar em segundo. De quebra, tirou um concorrente direto, o veterano Taylor Knox.

Léo Neves também passou em segundo, atrás de um endiabrado Taj Burrow, mas à frente de duas novas promessas, o havaiano Mason Ho e o norte-americano Conner Coffin.

Na sequência, Adriano de Souza surfou com moral e venceu bem, com Adan Robertson em segundo.

Na última do dia foi a vez de Jessé Mendes mostrar, numa disputa com o australiano Jack Freestone e o havaiano filho de cearenses, Ian Gentil, que ele é uma promessa bem mais próximo de se tornar uma realidade. Avançou em segundo, atrás de Michel Bourez, e segue vivo na luta pelo WT-2012.

Somar pontos em Haleiwa para se garantir na elite no ano que vem já não é uma possibilidade para Knox, Logie, Kai Otton, Tom Whitaker, Matt Wilkinson e Richard Christie.

Entretanto, Perrow, Kolohe Andino, Daniel Ross, John John Florence, Dusty Payne, Adam Melling e Tanner Gudauskas avançaram ao R4.

Além de Willian, ainda teremos a estreia de Jadson André e a participação de Guigui Dantas no R3.

Para seguir o evento nesta quarta, é só clicar em http://vanstriplecrownofsurfing.com/reefhawaiianpro2011/live-gb

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Depois de dias de espera, começa etapa de Haleiwa. E sem ondas.

Acreditem, a foto ao lado não é de algum beach break brasileiro. Yuri Sodré faz o que pode para vencer bateria de estreia em Haleiwa, no Havaí. (Foto: ASP/Kirstin) à

E depois ainda falam do Rio...

Em ondas de dois pés! Foi assim que teve início a etapa de Haleiwa, último seis estrelas do ano - mas com pontuação de prime.

Com a janela chegando ao fim, não houve outro jeito. A organização teve que botar as baterias no mar, sob risco do evento não chegar ao fim.

Alguns brasileiros estiveram entre os que foram obrigados a surfar em um mar ridículo.

Jerônimo Vargas não conseguiu pegar uma onda decente e perdeu em 4°.

Jano Belo boiou durante dez minutos, mas achou uma boa onda no fim e venceu sua bateria de estreia.

Yuri Sodré usou a experiência de várias temporadas havaianas e também venceu sua bateria. "Obrigado a Raoni Monteiro, que disse pra eu ir pra perto do Sunny Garcia. Deu certo", postou o paraibano no Twitter.

Ricardo dos Santos entrou na água quando o mar esboçava uma melhora, mas insistiu nas esquerdas e também ficou em último.

Caio Ibelli optou por ficar distante dos outros três competidores, boiou mais do que deveria e perdeu uma boa chance de avançar.

Com o tempo se esgotando, oito baterias do round 2 também foram pra água.

Tomas Hermes estreou com autoridade, passando segundo à frente dos bons havaianos Keanu Asing e Dylan Goodale.

Júnior Faria foi a derrota mais dolorida. Ficou em terceiro por 0.07 ponto. Era um dos que ainda sonhavam com a vaga no WT-2012, apesar das chances remotas.

Jano Belo voltou à cena, mas dessa vez também terminou em 3°, atrás de Nathan Yeomans e Mason Ho, mas com uma pontuação que o faria avançar em quatro das oito baterias do R2.

Encerrando o dia, Léo Neves estreou com uma vitória maiúscula, a frente de dois havaianos e do tahitiano Alan Riou.

A expectativa é de melhora do mar para o dia de hoje. Se tudo der certo, o round 3, quando estreiam os principais cabeças-de-chave, será finalizado.

Ou seja, dia de torcer para os brasucas com mais chances de ficar com uma vaga no WT-12, Willian Cardoso, Thiago Camarão e Jessé Mendes.

Ainda teremos Yuri Sodré e Wiggolly Dantas no R2 e Adriano de Souza, Raoni Monteiro, Jadson André e Alejo Muniz no R3.

As disputas começam por volta das 13h. Assista no link abaixo:


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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Enquanto as ondas não vêm...

Haleiwa com cara de piscina. Uma constante nesses primeiros dias de Triple Crown. (Foto: Júnior Faria, em seu blog pessoal www.jrfaria.com) à

Pois é. O line up de Haleiwa segue transformado em uma piscina. A previsão é que o mar balance lá pela sexta ou sábado.

Enquanto isso...

Chris Mauro, no site GrindTV, traz mais um artigo sobre a real situação do World Ranking nessa reta final de temporada.

Como ele mesmo coloca, é impossível afirmar com quanto pontos um surfista se garante entre os Top-32 para o World Tour do ano que vem.

Ainda assim, na ótica de Munro, a bolha reuniria os colocados entre o 18° e o 43° lugar do WR.

Na minha humilde opinião, com apenas mais dois primes e um WT a serem disputados, acho que essa lista é mais restrita. Acredito que quem estiver colocado até o 23°, talvez 24° lugar, não corre mais riscos. São os casos de Miguel Pupo (18°), Brett Simpson (19°), Kolohe Andino (20°), Tiago Pires (21°), Jadson André (22°), Raoni Monteiro (23°) e, em aberto, Patrick Gudauskas, o 24°.

Na parte de baixo, acho que a briga só vai até o 39° lugar. Yadin Nicol, que está nesta posição, tem 2.325 pontos de vantagem para Jay Quinn, que aparece logo em seguida, no 40° posto.

Só se alguém inventar de ter uma Tríplice Coroa como Julian Wilson teve no ano passado para furar essa fila.

Abaixo segue a lista publicada pelo GrindTV. Lembre, na hora de fazer sua projeção, que alguns atletas terão a vantagem de contar com uma valiosa etapa de nível WT para pontuar.

18. Miguel Pupo assegurou 30.055 pontos. Ele precisa de 1.200 pontos para melhorar pontuação.
19. Brett Simpson assegurou 25.000 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
20. Kolohe Andino assegurou 24.805 pontos. Ele precisa de 1200 pontos para melhorar pontuação.
21. Tiago Pires assegurou 24.450 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
22. Jadson Andre assegurou 23.640 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
23. Raoni Montero assegurou 23.400 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
24. Patrick Gudauskas assegurou 23.020 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
25. Taylor Knox assegurou 22.279 pontos. Ele precisa de 500 pontos para melhorar pontuação.
26. Kai Otton assegurou 21.650 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
27. Freddy Patacchia assegurou 21.164 pontos. Ele precisa de 1200 pontos para melhorar pontuação.
28. John Florence assegurou 20.775 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
29. Travis Logie assegurou 20.275 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
30. Matt Wilkinson assegurou 20.100 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
31. CJ Hobgood assegurou 20.000 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
32. Willian Cardoso assegurou 19.790 pontos. Ele precisa de 675 pontos para melhorar pontuação.
33. Adam Melling assegurou 19.357 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
34. Thiago Camarao assegurou 18.810 pontos. Ele precisa de 1200 pontos para melhorar pontuação.
35. Dusty Payne assegurou 18.775 pontos. Ele precisa de 500 pontos para melhorar pontuação.
36. Chris Davidson assegurou 18.701 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
37. Kieren Perrow assegurou 18.650 pontos. Ele precisa de 1750 pontos para melhorar pontuação.
38. Jesse Mendes assegurou 18.342 pontos. Ele precisa de 1200 pontos para melhorar pontuação.
39. Yadin Nicol assegurou 18.200 pontos. Ele precisa de 380 pontos para melhorar pontuação.
40. Jay Quinn assegurou 15.875 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
41. Tanner Gudauskas assegurou 15.670 pontos. Ele precisa de 410 pontos para melhorar pontuação.
42. Richard Christie assegurou 15.585 pontos. Ele precisa de 1200 pontos para melhorar pontuação.
43. Dan Ross assegurou 15.250 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
44. Tom Whitaker assegurou 14.500 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
45. Junior Faria assegurou 12.210 pontos. Ele precisa de 400 pontos para melhorar pontuação.
46. Dion Atkinson assegurou 13.465 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
47. Bettero Hizunome assegurou 13.355 pontos. Ele precisa de 675 pontos para melhorar pontuação.
48. Cory Lopez assegurou 12.650 pontos. Ele precisa de 700 pontos para melhorar pontuação.
49. Nate Yeomans assegurou 12.370 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.
50. Mitch Crews assegurou 11.330 pontos. Ele precisa de 650 pontos para melhorar pontuação.

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

16 brasileiros na luta pelo título em Haleiwa

Camarão em ação na atual temporada havaiana, em Rocky Point. (Foto: Daniel Tabone)

Quando as ondas resolverem subir no Hawaii e a primeira chamada para o seis estrelas de Haleiwa for dada, 16 surfistas brasileiros estarão na briga pelo título desta que é a primeira etapa da Tríplice Coroa Havaiana.

Cinco brasucas estão no round 1. Todos eles fora dos Top-80 do World Ranking, mas com pontos suficientes para disputar, provavelmente, a etapa de nível Star mais concorrida do Tour.

Jano Belo, Ricardo dos Santos, Yuri Sodré, Jerônimo Vargas e Caio Ibelli são os cinco felizardos. Todos em busca de um grande resultado, que seria o primeiro no Tour deste ano, mas certamente todos com o objetivo de subir o máximo possível para tentar entrar na briga pra valer em 2012.

No round 2, quando entram os primeiros pré-classificados, o Brasil ganha o reforço de mais quatro representantes.

Júnior Faria é o de melhor ranking (atual 47°), mas com chances remotas de brigar por uma vaga no WT do ano que vem. Bom, nunca é demais lembrar que Raoni Monteiro também estava quase fora do jogo no ano passado, até que um pouco provável título em Sunset o colocou na elite.

Léo Neves, Tomas Hermes e Wiggolly Dantas estão praticamente fora da briga. Mas um bom resultado os deixarão no bolo para o primeiro rodízio de 2012.

Agora é assim. Com dois rodízios no ano e a troca do resultado conquistado na temporada anterior, o jogo se tornou mais ágil.

O round 3 é aquele que conta com os principais cabeças-de-chave. Dos 32 pré-classificados, apenas os quatro convidados não são surfistas do WT ou que estão na briga para entrar na elite já a partir da etapa da Gold Coast, que tradicionalmente abre o Circuito dos Sonhos todos os anos.

É aí que estão as principais estrelas da esquadra brasileira. São sete representantes. Não teremos três dos integrantes do WT, já que Gabriel Medina, Miguel Pupo e Heitor Alves decidiram guardar as energias para o Pipe Masters.

Mas os três que mantêm o cabalístico número de 7 representantes são justamente os que mais possuem chances de se tornar novidades do Brasil na elite.

Thiago Camarão está escalado junto a um concorrente direto, Taylor Knox. Atualmente num aparente tranquilo 20° lugar, o veterano norte-americano tem cerca de 11 mil pontos a descontar da soma dos oito melhores resultados. Precisa urgentemente pontuar nesses últimos eventos.

Enquanto isso, Camarão vive a situação inversa de não ter mais pontos para defender. No entanto, precisa de alguns bons resultados ou de um excelente para aumentar a soma e se garantir entre os 32 melhores no final da temporada.

É o mesmo caso de Willian Cardoso. Com a diferença de que Willian está em uma situação um pouco mais confortável, com uma pontuação mais alta que a de Camarão. Ainda assim, também precisa de algo como uma semi e uma quartas-de-final nas duas últimas etapas, ou de uma final. Outro ponto positivo para o catarinense é que o top escalado em sua bateria, o português Tiago Pires, não corre tanto risco quanto Knox.

Jessé Mendes foi outro que pegou um top que está com a vida ganha em relação à permanência no WT, o tahitiano Michel Bourez. Mas o caso de Jessé é o mais complicado dos três. O garoto do Guarujá precisa repetir ou chegar perto do que Raoni Monteiro fez no ano passado.

Além dos três que tentam ser novidades, Raoni é o integrante do WT mais ameaçado entre os brasileiros, mas a situação não é tão desesperadora. Ele descarta os 6.500 pontos de Sunset, mas pode até continuar entre os 32 mesmo que não os defenda. Pelo sim, pelo não, é melhor garantir pelo menos umas quartas-de-final em Haleiwa para não depender dos outros.

Jadson André vive situação semelhante, mas não tem a pressão de pontos para defender. Ainda assim, como ninguém tem certeza de quanto será a pontuação que garantirá alguém no Top 32, também não custa passar algumas baterias e ampliar o somatório.

Adriano de Souza e Alejo Muniz estão livres de qualquer perigo. Soltos e sem pressão, não me surpreenderá se algum deles chegar nas cabeças em Haleiwa, entrando na briga pelo título da Tríplice Coroa.

Alguém ainda duvida de que algum dos brasileiros é capaz disso?


Será que a Brazilian Storm também vai desabar sobre o Hawaii?

Para muita gente, vitória de Raoni Monteiro em Sunset, no final de 2010, representou os primeiros trovões da Brazilian Storm que despencou sobre o surfe mundial este ano. (Foto: ASP) à

A Triplice Coroa Havaiana começa no próximo sábado.

Como sempre e como o nome diz, serão três eventos em sequência, cada uma valendo uma das jóias da Tríplice Coroa.

Em um ano em que a Brazilian Storm castigou de vez o circo do surfe mundial, não dá pra disfarçar uma leve ponta de ansiedade para ver o que os brasucas vão aprontar nas ondas havaianas.

Claro que ainda falta uma certa dose de rodagem em ondas como as de Haleiwa, Sunset ou Pipeline à maioria dos nossos representantes no Tour. Mas já temos algumas boas apostas.

Alejo Muniz surpreendeu a todos nas duas primeiras participações nas etapas havaianas.

Raoni Monteiro defende o título em Sunset e chegou às quartas em Teahupoo, esquerda tão cabulosa quanto Pipe.

Jadson André avançou várias fases no ano passado.

Gabriel Medina e Miguel Pupo optaram por concentrar as atenções na etapa de Pipeline. Os dois não estão inscritos para as duas primeiras etapas. Tomara que dê certo e que os dois surpreendam o mundo na mítica esquerda havaiana.

Reef Hawaiian Pro

12 a 23 de novembro
Haleiwa Ali'i Beach Park
Nível 6 estrelas (pontuação de Prime)
Premiação: US$145.000
Defensor do título: Joel Parkinson (Austrália)
Melhores brasileiros em 2010: Alejo Muniz (13°), Jadson André, Wiggolly Dantas e Miguel Pupo (17°)

Vans World Cup of Surfing

25 de novembro a 6 de dezembro
Sunset Beach
Nível Prime
Premiação: US$ 250.000
Defensor do título: Raoni Monteiro (Brasil)
Melhores brasileiros em 2010: Raoni Monteiro (campeão), Alejo Muniz (9°), Jadson André, Wiggolly Dantas (25°)

Billabong Pipe Masters

8 a 20 de dezembro
Banzai Pipeline
Etapa do WT
Premiação: US$ 425.000
Defensor do título: Jeremy Flores (França)
Melhores brasileiros em 2010: Adriano de Souza e Jadson André (13°)
Também decide o campeão da Vans Triple Crown of Surfing Champion: US$ 10.000 de bônus


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Cinco anos em que o surfe cresceu bem menos do que poderia

Após a saída de Mr. Carr, o mundo do surfe já se pergunta que assumirá o comando da ASP para fazer com que o esporte cresça bem mais do que nos últimos cinco anos. (Foto: ASP)

A notícia foi dada através de nota oficial da ASP. Os principais sites especializados a repercutiram e foi possível constatar um certo ar de perplexidade. Mas, honestamente, fica difícil acreditar que a saída do agora ex-CEO da entidade que rege o surfe mundial tenha ocorrido apenas pelo erro na divulgação do 11° título mundial de Kelly Slater.

"Apenas" não diminui o tamanho da burrada. Foi realmente grande. Imaginem a repercussão negativa para um esporte que, no dia em que, enfim, consegue amplo espaço na grande mídia, é obrigado a se retratar, no dia seguinte, por conta de uma falha grotesca em algo tão básico.

Ainda assim, não consigo conceber que Brodie Carr tenha pedido demissão após cinco anos apenas por este erro.

Nesse tempo em que ele esteve à frente da ASP, é inegável que o Circuito Mundial evoluiu positivamente. A premiação das etapas da elite mais que dobrou. Assim como foi criada uma categoria intermediária e bastante valorizada, a das etapas Prime. A cobertura das etapas na internet também é algo elogiável. Nenhum outro esporte oferece um produto da qualidade do Tour e, ainda por cima, de graça.

Mas é só. Convenhamos, muito pouco para um esporte emergente, que possui um enorme diferencial de contar não apenas com indústria própria, mas um estilo de vida próprio.

O surfe não conseguiu, por exemplo, se tornar uma modalidade que atraísse o interesse de grandes empresas de fora do meio. Uma ou outro, muito pouco.

A popularização do esporte em outros países praticamente não foi trabalhada, apesar do domínio da ferramenta da internet. As nações que contam com surfistas no Tour são praticamente as mesmas de dez anos atrás.

O julgamento foi outro ponto que avançou pouco - ou quase nada. Ainda é de difícil compreensão para quem não tem intimidade com o esporte. E ainda muito subjetivo, sem critérios bem definidos, mesmo para quem entende do surfe.

E algo que, certamente, minou o trabalho de Mr. Carr nos últimos meses foi a ainda tão contestada mudança no formato do WT, com o corte do número de integrantes da elite, de 45 para 32.

Nomes como Sunny Garcia, Fredrick Patacchia, Bobby Martinez, Jadson André, Jamie O'Brien se manifestaram contra a restrição no número de surfistas nos eventos de maior visibilidade, do número de candidatos ao título mundial.

A tese de reunir "somente os melhores do mundo" no WT é sempre muito discutível. Com 32 temos somente os melhores? Kieren Perrow, Kai Otton, Chris Davidson, Travis Logie, são melhores que Kolohe Andino, Thiago Camarão, Nathan Yeomans, Richard Christie? Para alguns, sim, para outros, não.

Por que 32 e não 45 melhores? Se for pra diminuir a janela dos eventos, esqueça, já vimos que não funcionou.

Parece claro que o surfe está no meio do caminho entre o modelo antigo e o modelo desejado, visivelmente baseado no tênis. Só que o tênis não se preocupa em eleger um campeão mundial ao final do ano. O que vale é ser número 1 do mundo, independentemente da época do ano.

Os torneios que normalmente contam com os tops do tênis ao longo do ano têm chave de 32 jogadores. Mas os eventos de maior visibilidade, tradição e premiação, os grand slans, têm chave de 128 jogadores.

Algo me diz que a saída de Mr. Carr diz muito mais respeito a esses aspectos.

Tomara que a ASP tenha se dado conta de que há muito potencial não explorado corretamente para que o surfe cresça como esporte de competição. Que faça com que os melhores do esporte recebam tanto quanto os melhores do tênis, do golfe, do futebol ou da Fórmula 1, por exemplo.

E vai ser praticamente impossível alcançar esse patamar sem que o surfe deixe de ser um esporte de poucos competidores, poucos países e poucos patrocinadores.

O momento é de pensar grande, coisa que parece que Mr. Carr não conseguiu enxergar.

Agora, a pergunta que todos fazem é...

... Quem será capaz de assumir essa missão?

Alguns colunistas citam a possibilidade de Kelly Slater se tornar o novo CEO da ASP.

O surfe perderia ou ganharia com a aposentadoria de Slater? Ganharia ou perderia com um dos principais defensores da diminuição do número de integrantes do WT?

Slater ou quem quer que assuma a ASP deve possuir, além dos pré-requisitos técnicos que a função exige, essa consciência de que para o surfe ser realmente grande, é preciso se abrir para o mundo.

Senão, o surfe vai continuar sendo coisa de australiano, norte-americano, havaiano, sul-africano e, quem sabe, brasileiro.





terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os números da Brazilian Storm

Raoni, Medina (com a irmã), Jadson e Miguel. Com união e surfe no pé, brasileiros estão causando uma tempestade no Circuito Mundial (Foto: Fábio Minduim)

Brazilian Storm é o termo que a imprensa mundial especializada em surfe passou a utilizar após a sequência de grandes resultados da atual geração verde e amarela no Circuito Mundial.

E não há qualquer exagero em classificar o atual momento de Tempestade Brasileira.

Os números alcançados por Medina, Mineirinho, Alejo, Pupo e companhia, na atual temporada, são realmente impressionantes:

4 títulos em etapas do WT (dois de Mineiro e dois de Medina). Os Estados Unidos têm três, todas elas com Slater, a Austrália tem dois, com Joel Parkinson e Owen Wright, e a África do Sul tem um, com Jordy Smith.

5 títulos em sequência nos principais eventos do Tour no último mês: WT da França, com Medina, WT de Portugal, com Mineirinho, Prime de Santa Cruz, com Miguel Pupo, Pro Junior do Rio, com Caio Ibelli, e WT de San Francisco, com Medina.

5 etapas consecutivas do WT (as cinco últimas) com pelo menos dois brasileiros nas quartas e um no pódio.

10 Etapas do WT - ou seja, em todas as etapas da elite - em que o Brasil teve ao menos um representantes nas quartas-de-final.

4 Títulos de etapas Prime na temporada (Alejo, em Noronha, Pupo, em Trestles, Medina, em Imbituba, e Pupo, em Santa Cruz). EUA têm a mesma quantidade, com Damien Hobgood, Slater, Gudauskas e CJ Hobgood, e a Austrália tem dois, com Kai Ottone ulian Wilson.

5 Títulos de etapas de nível stars, com Medina, em Lacanau e Zarautz, Odirlei Coutinho, Bino Lopes e Alan Saulo. Havaí tem a mesma quantidade, EUA (todos com Kolohe Andino) e Austrália têm quatro.

2 brasileiros - Mineiro (4°) e Alejo (10°) - no Top 10 do ranking do WT, que computa apenas os resultados da elite e indica o campeão mundial.

3 brasileiros - Mineiro (6°), Medina (8°) e Alejo (10°) - no Top 10 do World Ranking, que reflete quem são os melhores do mundo nas últimas 52 semanas, contando os resultados dos eventos WT, Prime e Stars.

Quatro bra$ileiro$ - Medina (3°), Mineiro (4°), Pupo (8°) e Alejo (9°) - entre os dez surfistas que mais arrecadaram em premiação na temporada.

A luta agora é para ampliar o contingente brasileiro na elite. Mineiro, Medina, Alejo, Heitor e Pupo estão mais do que garantidos para o ano que vem, Jadson e Raoni estão muito, mas muito próximos de se manterem, e Willian Cardoso, Thiago Camarão e Jessé Mendes estão na briga, com boas chances de alcançar uma vaga no WT-12.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A nova ordem do surfe mundial

O jovem talento brasileiro mostrou ao mundo do surfe que não é mais uma promessa. É um potencial candidato ao posto de número 1 do esporte já na próxima temporada. (Foto: Dan Warbrick)

Há cerca de um mês, Gabriel Medina mostrava, na França, que tudo aquilo que os brasileiros e mais alguns gringos que haviam presenciado alguma das performances espetaculares do brasileiro de 17 anos, como o ex-campeão mundial Martin Potter, alardeavam nos últimos meses.

Apareceu alguém capaz de estabelecer uma nova ordem no surfe mundial. O maior candidato a assumir o posto de surfista dominante do Circuito Mundial nos próximos anos.

Mas, "ok", pensaram alguns daqueles gringos que não conseguem conceber que um brasileiro alcance o nível dos maiores do mundo, "isso é sorte de principiante". Afinal, estar entre os melhores de verdade, aqueles que realmente brigam pelo título, sempre foi coisa de norte-americano, australiano, havaiano e, sul-africano.

E não é que ele fez de novo?

O Rip Curl Search de San Francisco foi apenas o quinto evento de Medina no WT. O quarto desde que ele se tornou um integrante da elite. E já são dois títulos.

Mais uma vez surfou com muita consistência. E um detalhe bem importante é que não dependeu exclusivamente na sua maior arma, a variação de aéreos de frontside, para chegar à vitória. Em várias baterias, como a final diante de Joel Parkinson, Medina mostrou ao mundo do surfe que também tem um ataque de backside potente, com batidas e carves acima da média.

Outro detalhe, mais curioso, foi a trajetória de Medina rumo ao título. Uma derrota polêmica para Kelly Slater no no loser round, o troco nas quartas com larga margem, um atropelamento pra cima de Taylor Knox, na semi, e a vitória contra um top australiano.

O mesmo caminho percorrido na França, com a diferença que, na final em Hossegor, a vítima foi Julian Wilson.

Nenhum surfista conseguiu vencer duas etapas de forma tão rápida na história do Circuito Mundial de Surfe. E o garoto, repito, só tem 17 anos.

Não à toa, já começa uma campanha para eleger nosso Golden Boy o rookie of the year, o estreante do ano. Normalmente fica com a honraria o estreante que marcar mais pontos ao longo da temporada. Seria Julian Wilson, mas duas etapas em quatro é certamente um feito maior que ser sétimo ou oitavo do ranking.

(E olha que a gente não tá nem falando no prime, nos dois seis estrelas e no Pro Júnior que ele ganhou também nesta temporada...)

É inevitável não se perguntar do que Medina seria capaz de fazer se estivesse no WT deste ano desde a primeira etapa. Com a fome apresentada nestas quatro etapas pós-corte do meio do ano, será que Slater teria conquistado o 11° caneco, ainda mais de forma antecipada?

O fato é que, assombro à parte, para conquistar o título o brasileiro vai precisar, além da habilidade nas manobras e do espírito matador, categoria para entubar fundo, principalmente em ondas pesadas.

Acredito até que o resultado em Supertubes foi abaixo do que realmente poderia ter sido. A bela performance no round 1 e a derrota para Chris Davidson, que pode ser creditada mais à falta de ondas do que ao surfe que os dois apresentaram na bateria, deixaram essa impressão a quem acompanhou Medina em Portugal.

Mas é inegável que, apesar das boas ondas que rolaram na etapa portuguesa, Supertubes não É Teahupoo ou Pipe.

Ainda não se sabe se Slater lutará no ano quem vem pelo 12° título. A torcida, no entanto, já espera ansiosamente pelo duelo entre o maior campeão de todos os tempos e o jovem talento que, em pouquíssimo tempo deixou de ser uma promessa para virar um oponente real de Slater na disputa pelo posto de número 1 do surfe mundial.

É claro que o feito de Medina é o destaque absoluto da etapa de San Fran.

Mas não foi o único trovão que estrondou da Brazilian Storm.

Alejo Muniz fez um campeonato maravilhoso. Faltou acertar uma manobra a mais, voltar em uma das segundas manobras em que ele acabou caindo na semifinal contra Joel Parkinson.

A temporada de Alejo também é impressionante. Três quintos e duas semi em seu primeiro ano. Uma consistência que o coloca em 10° lugar no ranking.

Miguel Pupo acabou derrotado por Taylor Knox no round 5 e finalizou em 9°. Uma pena que as ondas não apareceram para ele. A diferença é que Knox achou um tubo, o completou com competência e fechou a fatura.

Miguel fez um belo campeonato, surfou o tempo inteiro em alto nível, solto, confiante, e certamente merecia algo mais.

O WT volta daqui a um mês, para a etapa final em Pipe. Mas já no domingo será aberta a janela para a primeira prova da Tríplice Coroa Havaiana, o seis estrelas de Haleiwa que terá pontuação de prime.

domingo, 6 de novembro de 2011

Erramos. Slater não estava endiabrado. Os juízes da ASP é que estavam

Eis a manobra que valeu 9,10 a Slater. Floater de Mineirinho, no Rio, gerou celeuma provocada por australianos (Foto: Mike Smolowe)

No post anterior, o blog escreveu que Medina e Pupo surfaram bem, mas não foram páreos para um Kelly Slater endiabrado.

Confessamos que não havíamos visto a bateria. A matéria foi baseada na pontuação que os surfistas alcançaram na disputa.

O blog se enganou radicalmente.

A vitória de Slater foi mais uma daquelas situações sobre as quais já falei algumas vezes.

Surfar contra Parko, Jordy, Mick Fanning ou Taj é saber que o adversário vai ter sempre 0,5 ponto a mais em cada onda.

Contra Slater, é 1,0 ponto de desvantagem.

Mas neste domingo a situação passou de qualquer limite.

O careca venceu com uma onda 8,07 que valia, no máximo, 7,0, e com uma nota 9,10 que valia, no máximo, um 6,5.

O engraçado é que o 9,10 veio com uma batida mais ou menos e um floater. É, um floater animal, é verdade. Mas o tal floater que chocou a comunidade australiana-norte-americana-havaiana, no Rio, quando Adriano Mineirinho levou um 8,0 na vitória sobre Owen Wright.

"Agora eu entende porque reclamaram do meu 8,0. Eu devia ter ganho um 9,0!", ironizou Mineiro, via Twitter.

Do outro lado, os brasileiros tiveram, claramente, as notas achatadas.

Ao meu ver, Miguel Pupo foi o mais prejudicado.

Deu a rasgada mais animal do campeonato, seguida de uma rabetada e levou 7,33. Era um 8,0 fácil.

Depois, ganhou 7,5 por uma batida, uma rasgada de preparação e um ótimo aéreo rodando. Era um 8,5 tranquilo.

Mas era Slater, era San Francisco e, acima de tudo, era a bateria que valia um título que foi concedido e tirado pela ASP, depois de descoberto o erro ridículo na contagem dos pontos.

A ASP tinha que devolver o título a Slater o mais rápido possível.

E aí quem pasou a ponta foram os rookies brasucas.

Tem nada, não. Alguém lembra o que aconteceu na última vez que Medina foi prejudicado no julgamento contra Slater?

Pra quem ainda não viu a bateria, segue o link:

Um Alejo mais solto, correndo mais riscos e extremamente frio

Patada de backside na junção, quando a sirene já havia tocado, deu a vitória a Alejo no round 1 (Foto: Nate Lawrence)

A etapa de San Francisco tem sido um campeonato diferente para Alejo Muniz.

Não em termos de resultado. O brasileiro já está classificado para as quartas-de-final, fase que ele alcançou três vezes ao longo da temporada. Se avançar mais uma, Alejo iguala a semifinal conquistada em New York.

Para uma primeira temporada na elite, uma campanha muito sólida.

Só para efeito comparativo, o rookie brasileiro chegou mais vezes às quartas que Mick Fanning, Jordy Smith, Michel Bourez, Jeremy Flores e Damien Hobgood, que estão na sua frente no ranking - Flores e Hobgood serão ultrapassados.

Alejo só não está melhor no ranking porque colecionou alguns 25° lugares, algo aceitável para quem está no primeiro ano com a elite.

Mas o que me chamou a atenção no desempenho do brasileiro, nascido na Argentina e criado em Bombinhas, em Santa Catarina, é a mudança de postura.

Nas últimas etapas, eu vinha cobrando um surfe mais solto de Alejo. Mesmo com a semi em New York, foram poucos high scores alcançados. E isso é o que faz a diferença entre um top e um mediano.

Nem sempre você vai conseguir avançar com uma placar na casa dos 14 pontos numas quartas-de-final.

Nas três baterias de Alejo em Ocean Beach, sobrou frieza para garantir o resultado necessário nos últimos minutos.

Foi assim que, neste domingo, ele derrotou Brett Simpson e Owen Wright, pelo round 4. O norte-americano liderou quase toda a disputa, Alejo assumiu a ponta a poucos minutos e Simpo voltou a ficar na frente. Veio a última onda e uma sequência de manobras fortes de backside o levaram a uma nova virada e à vitória.

Mais do que isso, o surfe potente de backside, uma característica desde os tempos de júnior, e os aéreos e rabetadas de front voltaram a aparecer. É verdade que esses aéreos ainda não estão entrando com a facilidade que a gente se acostumou a ver, mas é importante que ele esteja sempre no repertório de Alejo.

Miguel Pupo e Gabriel Medina também jogaram duro, mas não foram páreos para um Kelly Slater endiabrado. (PS: http://blogdosurfe.blogspot.com/2011/11/erramos-slater-nao-estava-endiabrado-os.html) Após o erro de computação da ASP, o careca voltou para a água disposto a manter o "título" que ele havia conquistado dias antes.

Agora, é torcer para que os dois mais novos integrantes do time brasuca mantenham o nível apresentado até aqui. Pupo abre o round 5 contra Taylor Knox e Medina está na disputa seguinte, contra Matt Wilkinson.

Eu aposto nos dois brasileiros.

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