segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Baterias ingratas para os brasucas em San Fran

Ocean Beach funcionando. Será que vai estar assim durante o Rip Curl Pro Search? (Foto: Stoke Report) à

Nas últimas vezes em que falei sobre as baterias do round 1 de uma etapa do WT, sempre rolou alguma mudança e o que foi dito de pouco valeu.

A chave foi divulgada pela ASP nesta segunda. Já não constam os nomes dos machucados Jeremy Flores e Heitor Alves, portanto, as chances de mudança diminuem bastante.

Nos lugares de Jeremy e Heitor, os pouco empolgantes Adam Melling e Tom Whitaker.

O problema é que a chave também conta com o nome de Dane Reynolds. E o cara tem se transformado em um verdadeiro fantasma.

Apareceu em apenas uma das últimas etapas, as mensagens no Twitter são sempre com um tom anti-circuito, fica sempre uma incerteza sobre a presença do maluco norte-americano.

Bom, pelo que está posto, não seria lá mau negócio pra gente se Dane Reynolds resolvesse partir para alguma sessão de free surfe.

Ele está na mesma bateria que Adriano de Souza e Jadson André. E todo mundo sabe, Brazilian Storm à parte, que quando o maluco encaixa a combinação de power com aéreos o caldo engrossa...

Uma outra bateria envolve dois brasucas e é igualmente ingrata. Nela estão Gabriel Medina e Miguel Pupo.

Caramba! Medina ganhou um WT um dia desses, Pupo vem da vitória no prime de Santa Cruz... Podiam estar em lados opostos na chave. O surfe agradeceria...

Bom, pior para Kieren Perrow, que completa a bateria. Se o mar não estiver bem tubular, chance quase zero pro veterano australiano.

Raoni Monteiro está em uma bateria bastante "passável". Pega Michel Bourez e Matt Wilkinson. O tahitiano é o cabeça-de-chave menos indigesto do momento e Wilko é a inconstância em pessoa.

Gostaria muito de ver Raoni surfando com mais segurança nas manobras e sabendo jogar o jogo da bateria. Escolha de ondas, troca de notas, marcação, tempo. Surfe ele tem de sobra e o que eu falei sobre Heitor há algum tempo vale para o carioca.

A diferença de Raoni para os tops tá apenas na cabeça do próprio Raoni.

Alejo Muniz tem uma parada um pouco mais complicada. Caiu com Josh Kerr, que surfou muito em Santa Cruz, vem bem na temporada e é muito forte nas condições que devem rolar em San Fran.

Também torço por algo em especial para Alejo. O ano dele tem sido sensacional, mas eu sinto falta de mais high scores na conta do catarinense por adoção. Que ele acerte duas boas sequências de rabetas e carvings que ele sabe tanto dar. Aí Kerrazy pode fazer o malabarismo que for que a bateria é nossa.

Completa a bateria o norte-americano Brett Simpson, que surfa em casa e merece respeito.

Nas outras disputas, quero ver como será a disputa entre Taj Burrow e John John na bateria 3. Daniel Ross corre por fora.

Parko, Owen, Jordy, Slater e Julian devem ter um caminho tranquilo para o round 3.

Mick tem o surpreendentemente ultimamente perigoso Damien Hobgood pela frente, junto com o azarão Chris Davidson.

E Bede Durbidge, Ace Buchan e Travis Logie têm tudo para fazer a bateria mais chata da fase.

Façam suas apostas, que o show deve começar já nesta terça-feira. Ao menos é o que dizem as previsões.

Adler Oliveira, editor do site Waves, que acompanhará o evento in loco, profetizou via Twitter: "Estive ontem em Ocean Beach e tive uma boa impressão a respeito do pico. As valinhas estavam boas. Brasucas vão incomodar de novo, certeza".

Que a reza do bom baiano seja forte.

Veja a chave de baterias do round 1:


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domingo, 30 de outubro de 2011

Miguel tem seu dia de Medina. O urso acordou

Miguel Pupo abusou dos vôos para garantir um total de US$ 90 mil pelo título do prime de Santa Cruz e do O'Neill CWC Series (Foto: Cory Hansen) à

É só um palpite, mas algo me diz que os gringos, mais uma vez, ficaram chocados.

No prime de Santa Cruz, disputados entre as merrecas de Steamer Lane e Waddell Creek, ele viram que Gabriel Medina não é um caso isolado no surfe brasileiro.

Um dos melhores amigos de Medal, como ele é chamado pelos outros brasucas que correm o Tour, Miguel Pupo faturou o título do evento.

E com algumas atuações que lembraram as recentes façanhas do Super Medina.

Miguelito, como chamam os amigos pros, vencia as quartas-de-final com duas notas na casa dos 7,5 quando o adversário, o norte-americano Nat Young, devolveu com um 7,33.

Foi o suficiente para ele arrancar dois 9,57, deixar o adversário em combination e vencer a disputa com o maior somatório do evento, 19,14.

Venceria a bateria mesmo se tivesse usado os dois 7 e pouco que já tinha.

Na final, voltou a pontuar alto e, com um 9,33 e um 9,60, deixou o português Tiago Pires em combination para faturar os 6.500 pontos no ranking e o cheque de US$ 40 mil.

Mais uma vez, se usasse as terceira e quarta notas, um 8,50 e um 7,67, venceria com muita facilidade.

Ah, mais um detalhe sobre Miguel Pupo. O título em Santa Cruz também fez com que ele faturasse o O'Neill Coldwater Classic Series, que este ano também contou com os seis estrelas da Nova Zelândia e Escócia. Como prêmio, levou um bônus de US$ 50 mil.

O resultado deixa Pupo mais do que garantido na elite em 2012. E aumenta a confiança do paulista para os novos embates no WT.

Outro que foi muito bem em Santa Cruz foi o catarinense Willian Cardoso.

Com a semifinal (perdeu justamente para Miguel), subiu de 43° para 35° no ranking e passou a ser o brasileiro com mais chances de ingressar na elite.

Tem ainda o seis estrelas de Haleiwa e o prime de Sunset para tentar um bom resultado e não depender de ninguém. Mas pode até mesmo se beneficiar pelos descartes que alguns surfistas que estão a sua frente terão que fazer.

Os ameaçados são Taylos Knox, John John Florence, Dusty Payne, CJ Hobgood, Chris Davidson, Matt Wilkinson e Kieren Perrow.

Willian precisa que três desses não consigam defender os pontos que fizeram em 2010 e que nenhum outro surfista abaixo dele o ultrapasse.

Portanto, é bom que garanta mais um resultado para não depender dos outros. O certo é que, depois de uma sequência de resultados ruins, parece que o urso acordou da hibernação.

Raoni Monteiro também comemorou o bom resultado em Santa Cruz. Com o 9° lugar, praticamente se assegurou na elite.

Tiago Pires foi outro que praticamente se garantiu na elite com o vice em Santa Cruz.

Segue a nova classificação do World Ranking:

Jadson exclusivo: "Quero continuar evoluindo até estar 100% pronto para o título mundial"

Jadson e sua manobra marca registrada, o aéreo reverse de frontside. Potiguar está com fome de um grande resultado nesta reta final do WT (Foto: Daniel Smorigo)

Jadson André tem apenas 21 anos e está em seu segundo ano no World Tour, a divisão de elite do Circuito Mundial de Surfe. Em sua primeira temporada, venceu a etapa brasileira e terminou o ano em 13° no ranking. Respeitado pelos surfistas estrangeiros, é um dos caras mais queridos do Tour e já é tratado como referência pelos brasucas que chegaram à elite recentemente. Na entrevista ao Blog do Surfe, o potiguar de 21 anos fala sobre o atual momento de destaque dos brasileiros no WT, o que espera dele e dos demais brasucas nesta reta final de temporada e sobre as metas para os próximos anos.

Blog do Surfe – Os surfistas brasileiros formam o segundo maior contingente no WT. Vencemos três etapas da elite este ano, além de colocarmos sempre dois surfistas nas quartas-de-final na maioria das etapas. A que se deve esse novo momento?

Jadson André - Eu acredito que, cada vez mais, o Brasil esta chegando com mais força nos eventos. Sempre tivemos atletas de ponta no circuito, mas eles não tinham essa estrutura que temos hoje. Estamos muito unidos, todos sabem o quanto os brasileiros são “passion”, acredito que isso incomoda um pouco, mas não podemos fazer nada... Voltando à pergunta, acredito que a resposta disso é a estruta que temos hoje e a maneira que esses atletas foram trabalhos.

Blog do Surfe - Você se dá muito bem com a maioria dos gringos, eles sempre citam você nas entrevistas como um cara legal. O que você tem sentido deles em relação a esse novo momento do Brasil?

Jadson – Eu acredito que sou o brasileiro que mais se dá bem com os gringos. Na verdade, eu não ligo se é bonito, feio, brasileiro ou gringo, eu gosto de ser amigos das pessoas e aproveito também o fato de estar perto dos meus ídolos. Por exemplo, Mick Fanning é um dos meus maiores ídolos e hoje somos muito, mas muito, amigos mesmo... Até o Kelly Slater, hoje, é uma pessoa totalmente diferente comigo. Até jogamos alguns jogos juntos, rs. E, sobre os resultados dos brasileiros, ao meu ver, se tem três ou quatro que ficam incomodados já é muito. Afinal, não é por acaso que temos sete de 32.

Blog do Surfe - Falando do seu desempenho, o que faltou para que você quebrasse a sequência de 13° lugares nas últimas etapas?

Jadson – Eu estava brincando com a turma dizendo que sou o “Rei do 13°”, hahaha. Não é facil passar bateria no Circuito Mundial, principalmente agora, que nunca foi tão competitivo. Eu estava conversando com nosso juiz Luli Pereira, e ele mesmo disse que nunca o circuito foi tão de igual pra igual. Se eu tivesse passado uma bateria a mais em cada campeonato, hoje eu era Top 10, fácil. Porém faltou um pequeno detalhe. Estou trabalhando em cima disso para buscar melhores resultados. Eu sempre falei que, no circuito, todos surfam de igual pra igual e é o pequeno detalhe que faz a diferença. Sem dúvida não estou nada satisfeito de ter tantos 13°s no circuito, mas também não é facil fazer um 9°, 5°, semi ou final.... Da primeira bateria até a última não tem moleza.

Blog do Surfe – Você não foi para o prime de Santa Cruz, na Califórnia. Na sequência, teremos San Francisco e as etapas do Hawaii. Qual sua meta em termos de resultados para esses eventos? Em qual etapa você acha que as condições encaixam mais com seu surfe?

Jadson – Vou fazer de tudo para conseguir resultados melhores que 13°s, rs... Eu amo Haleiwa e Pipeline, eu amo pegar onda grande tubulares... Não sou o melhor surfista em Sunset e não estou nem perto disso, porém, também gosto muito daquela onda. O foco é tentar buscar o melhor resultado possível.

Blog do Surfe - Esse é seu segundo ano no Tour. Você já tem um título de etapa. Qual a meta para esse final de temporada e onde você imagina que pode chegar no próximo ano?

Jadson – No começo do ano eu tinha o objetivo de acabar no ranking melhor que o ano passado, em que acabei em 13° – esse número me segue, rsrsrs – e se eu conseguisse isso, o Top 10 ia ser consequência. Porém, estou um pouco longe do Top 10, mas ainda tem duas etapas e não está nada perdido. Como falei, tinha objetivo de finalizar melhor que o ano passado... E, para os próximos anos, também o objetivo é ter um ano melhor que o outro, continuar evoluindo até chegar ao ponto de estar 100% preparado para o título mundial. Não quero ficar no circuito só para dizer que fiquei lá por um bom tempo, quero trabalhar bastante, treinar muito, ver os meus pontos fracos, melhorar todos eles para que, no momento certo, possa buscar o tão desejado título mundial.

Blog do Surfe - Muitos surfistas reclamaram das mudanças no WT. As principais são a dificuldade dos caras que estão fora conseguirem entrar na elite e o fato de o circuito com 32 (34, com os convidados fixos) ser menos democrático. O que você pensa sobre isso?

Jadson – Eu fui um cara que falei muito sobre isso, que não concordo com o corte no meio do ano. Acredito que se fossem 48 seria muito melhor, porém, eles sempre questionaram que queriam SÓ OS MELHORES DO MUNDO MESMO no WT e que não era impossivel se classificar. Quando vi o Mig [Miguel Pupo] e Medina entrando, e o Kalohe agora, que está muito próximo, mostra que o que os caras fizeram está funcionando. Porém, continuo achando que o corte não é legal, todos têm direito de competir um ano inteiro... Um exemplo disso: o Mick, no seu último título mundial, ele deu a largada depois do meio do ano. Foi quando ele começou a vencer evento atrás de evento. E um cara que ficou fora do corte poderia muito bem no meio do ano ter uma sequência de resultado e ser top 10... Outro exemplo: o Julian Wilson quase não faz o corte. Ele começou a campanha dele quando venceu Ericeira. De lá não parou mais e hoje é numero 7 do mundo... Imagina só se o moleque não faz o corte??? Acredito que vocês entenderam meu ponto de vista sobre isso.

Blog do Surfe - Nessa reta final, alguns brasileiros do WT têm muitos pontos a defender, casos de Raoni, Heitor e Alejo. Você acredita que vamos manter os sete integrantes atuais? Acha que podemos ganhar mais representantes?

Jadson – Eu acredito que o Heitor e Alejo estão super bem no ranking e estão salvos. O Raoni perde 6.500 pontos de Sunset, mas ele tem 2 WTs e 3 Primes, então tem tempo de se recuperar e surfe de sobra... No meu caso, eu não perco mais nenhum ponto. Meus 23.500 estão garantidos até o ano que vem. Isso não quer dizer que estou 100% garantido, ninguém sabe o que os outros tendem a aprontar. Então, qualquer resultado que fizer eu dou um belo pulo no ranking... É continuar treinando forte e também torcer para os outros brasileiros quebrarem e trazerem, quem sabe, mais dois canecos até o final do ano... Estavámos brincando no jantar com toda a galera do Brasil do WT, depois da vitória do Adriano em Portugal, que em San Francisco vai vencer o Miguel, Raoni ou Heitor. Porque com a ira que eu estou, Pipe pode estar 20 pés que vou vir na maior de todas!

sábado, 29 de outubro de 2011

Willian avança mais uma. Repescagem tem duelo brasuca

Miguel Pupo encara Raoni Monteiro na repescagem que define quem vai às quartas-de-final (Foto: Corey Hansen) à

Em mais um dia em que as ondas rarearam em Santa Cruz, o evento prime foi dividido entre Steamer Lane e Waddell Creek.

O dia começou com as baterias restantes do round 3 e os brasileiros Wiggolly Dantas e Tomas Hermes não levaram sorte e acabaram eliminados por dois surfistas do WT, Josh Kerr e Tiago Pires.

Em seguida, o prime seguiu para Waddell Creek, que não conta com webcast. Assim, só pudemos acompanhar o campeonato pelas notas.

Logo na primeira disputa do round 4, onde ninguém é eliminado, Miguel Pupo e Nathan Yeomans disputavam a vitória e a vaga direta nas quartas-de-final. Até que Willian Cardoso acordou e com um notaço nos últimos minutos, pulou de terceiro para primeiro.

Ao menos para quem acompanha de longe, o sentimento é parecido com aquela contagem regressiva de Zagallo, na Copa do Mundo. "Faltam três!". Pois é. Já nas quartas-de-final e com 3.120 pontos, faltam três vitórias para o catarinense ficar com o título e os 6.500 pontos que praticamente o garantirão na elite em 2012.

O resultado até aqui já faz Willian subir mais quatro posições. Se chegar à semifinal ou for vice, subirá novos postos, mas só vai entrar no Top-32 com o título. E ainda ficará em boa posição, por volta do 24° lugar.

Raoni Monteiro liderou a segunda bateria até perto do final, mas lhe faltou uma segunda nota. O norte-americano Nat Young foi o vencedor e avançou. Assim, Raoni caiu para segundo e fará um duelo brasuca contra Miguel, por uma vaga nas quartas. Quem vencer encara Young.

O carioca precisa defender mais pontos, mas, independente do resultado, tanto ele quanto Pupo podem sair satisfeitos em relação ao WT de 2012.

Outros surfistas que estão na briga por um lugar na elite também tiveram desempenho satisfatório em Santa Cruz.

Dusty Payne estava na bateria de Raoni e pegará Nathan Yeomans na repescagem. O vencedor pega Willian.

Adam Melling e Tiago Pires, que se enfrentam em outra bateria da repescagem são outros exemplos. Tom Whitaker, que também caiu para a repescagem e vai encarar Jordy Smith, é outro que ganhou um gás extra na luta por uma vaga.

Os outros dois surfistas que já avançaram às quartas-de-final, na chave de baixo, não estão nessa briga. Nic Muscroft está apenas no 68° posto no ranking, enquanto Josh Kerr, que voltou a fazer somatórios bem altos, já está garantido no WT-2012.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Miguel e Raoni muito perto. Willian renasce

Josh Kerr, até aqui o cara a ser batido em Santa Cruz, é o adversário de Wiggolly Dantas no round 3. (Foto: ASP) à

Ao contrário do ano passado, o prime de Santa Cruz tem sido muito bom para os brasileiros.

Até aqui, apenas quatro surfistas já garantiram vaga no round 4, justamente aquele em que é disputado em baterias de três e ninguém perde. O vencedor avança direto para as quartas-de-final e os outros dois disputam uma repescagem.

Desses quatro, três são brasileiros.

E o que é melhor: com os 2400 pontos já garantidos, Miguel Pupo, Raoni Monteiro e Willian Cardoso, cada um em sua batalha, são um passo importante rumo ao WT 2012.

Na real, Miguel praticamente crava a permanência com esse resultado.

Raoni, que vai descontar os 6.500 do título em Sunset, no ano passado, também fica muito, mas muito próximo.

E Willian, que ainda sonha em ser uma das novidades do WT 2012, deu um belo passo. Ainda não é o suficiente, mas ao menos a performance na Califórnia devolve a confiança ao gigante catarinense, que vinha em uma trajetória claudicante nos últimos eventos.

E ainda tem mais.

Wiggolly Dantas e Tomas Hermes, que brigam mais por um bom resultado visando o corte do meio do ano que vem, também continuam vivos. Estão no round 3 e terão pela frente paradas duras.

Guigui pega o dono da melhor média do evento, o australiano Josh Kerr. Além de cravar mais de 18 pontos no round 2, na fase inicial ele passou em 1° mesmo com uma interferência.

Tomas, que no round 2 venceu até o sul-africano Jordy Smith, ganhou suas duas baterias até aqui e, pelo que vi no round 1, tem surfado com muita personalidade. Ele encara o português Tiago Pires, que não está lá muito bem, mas tem a chancela de atleta da elite.

As notícias ruins foram as quedas de Jano Belo, Hizunomê Bettero e, principalmente, de Jessé Farias e Thiago Camarão, dois dos que, junto com Willian, têm mais chances de entrar no WT ao final deste ano.

Inscritos apenas no seis estrelas de Haleiwa e no prime de Sunset, os dois têm somente mais duas chances de garantir os resultados necessários. No caso de Jessé, ele ainda terá descontado seu quarto melhor resultado, equivalente a 2057 pontos.

Sei não, mas se eu fosse os dois arriscaria o vôo para a Austrália, onde acontece na próxima semana, antes da temporada havaiana, um seies estrelas em Kangaroo Island, que ainda conta com vagas abertas.

outros surfistas que brigam por pontos neste final de temporada para permanecer ou ingressar na elite também deram adeus. os casos de Kolohe Andino (enfim, alguém parou o norte-americano e foi o brasuca Miguel Pupo), Cory Lopez, Chris Davidson, Matt Wilkinson, Fred Patacchia, Daniel Ross, Kai Otton, Travis Logie e Granger Larsen.

Veja os resultados do O'Neill Coldwater Santa Cruz no link abaixo:


Para assistir o evento ao vivo, segue o link:

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"Santos" segundos, vitórias, polêmica e eliminados a perigo

No primeiro dia de disputas do O'Neill Coldwater Santa Cruz, as ondas foram bem vagabundas. Direitinhas de meio metro e sem força.

O Brasil foi brindado com uma série de santos segundos lugares.

Apenas Alejo Muniz e Jerônimo Vargas foram eliminados.

Menos mal, já que Alejo já está garantido no WT 2012 e Jerônimo não briga por uma vaga na elite.

Miguel Pupo, Raoni Monteiro, Hizunome Bettero, Willian Cardoso e Thiago Camarão, TODOS eles, se classificaram para o round 2 na segunda posição.

Veio o segundo dia e, mais uma vez em ondas mixurucas, direitinhas de meio metro e sem força, a organização conseguiu colocar na água mais algumas poucas baterias.

Começamos o dia com mais um 4° lugar de um surfista da elite que já está garantido pro WT 2012. Sendo que, dessa vez, a eliminação de Gabriel Medina foi um pouco contestada.

Tudo porque, no meio da bateria, o pai de Medina jogou uma de suas pranchas do morro localizado ao lado do pico, inclusive por onde os atletas entram e a torcida acompanha o evento.

Pela atitude, a arbitragem marcou interferência do brasileiro, que, pelo Twitter, alegou que esse tipo de punição sequer constava no livro de regras da ASP. Este blog, em uma rápida lida no Rule Book também não constatou qualquer citação sobre esse tipo de situação.

A competição seguiu e vieram outros dois 4°s lugares, de Yuri Sodré e de Júnior Faria.

Bem doloroso a eliminação de Faria, que ainda sonha com uma vaga na elite. Agora, só uma temporada havaiana praticamente perfeita em resultados o levará ao WT no começo do ano que vem.

Quando o segundo dia indicava que seria catastrófico, vieram as primeiras vitórias brasileiras.

Wiggolly Dantas e Thomas Hermes estão longe da porta de entrada da elite e, talvez por isso, surfaram soltos. Quebraram suas baterias e avançaram com moral pra fase seguinte.

Os dois primeiros dias viram alguns surfistas que estão na briga por uma vaga no WT 2012 perderem de cara, desperdiçando assim uma das últimas chances de pontuar até a próxima dança das cadeiras da elite.

São os casos de Patrick e Tanner Gudauskas, Kieren Perrow e Taylor Knox.

Ainda restam três baterias para o término do round 1.

Jano Belo está na primeira delas, contra Brett Simpson, Jay Quinn e Torrey Meister.

Jessé Mendes está na segunda, diante de Tiago Pires Nathan Curran e Brandon Jackson.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Jadson e Heitor fora de Santa Cruz. Veja World Ranking atualizado sem pontos de 2010

O Brasil terá pelo menos dois representantes a menos nas disputas do O'Neill Coldwater Classic, em Santa Cruz, na Califórnia.

O cearense Heitor Alves retornou ao Brasil e o potiguar Jadson André seguiu direto para San Francisco, onde acontece a próxima etapa do WT.

Os dois estão em situação confortável no World Ranking e resolveram focar as atenções na busca por bons resultados nas duas últimas etapas da elite mundial.

As triagens já estão na água e a primeira fase da chave principal deve começar ainda hoje.

Via Twitter, Gabriel Medina passou uma informação não muito animadora. "Minhas pranchas não chegaram a Santa Cruz. Vou ter que correr com uma prancha emprestada".

Ontem, a partir de uma dica de Elias Cruz, do excelente 4surfer.blogspot.com, acessei uma matéria do site norte-americano Grindtv, que traz a atual classificação do World Ranking, do 18° aos 42° posto, já corrigida com os pontos que cada surfista perderá por tê-los conquistados no ano passado.

Ou seja, coincidentemente (foi coincidência mesmo), a listagem do Grindtv é algo um pouco mais aprofundado do que trouxemos no último post.

A lista é excelente para o surfe brasileiro, porque confirma a posição confortável de Jadson, alivia a barra de Miguel Pupo e ainda coloca Camarão e Jessé entre os que estão se classificando.

É importante lembrar que ainda teremos mais dois primes, um seis estrelas e duas etapas do WT e que Camarão, Jessé, Willian Cardoso e os demais surfistas que estão fora da elite têm menos chances de pontuar.

Os norte-americanos só pisaram na bola ao não extender um pouco mais a classificação, cortando da matéria justamente do brasileiro Willian Cardoso, atual 43° colocado no World Ranking e que não tem pontos a defender.

Nós incluimos a pontuação de Willian, que está em ótima situação para tentar a vaga no WT 2012.

Segue a listagem do Grindtv.

18. Jadson Andre 23,640
19. Miguel Pupo 21,955
20. Kai Otton 21,650
21. Kolohe Andino 21,545
22. John Florence 20,725
23. Fred Patacchia 20,664
24. Brett Simpson 20,300
25. Travis Logie 20,250
26. Patrick Gudauskas 20,220
27. CJ Hobgood 20,000
28. Raoni Monteiro 19,750
29. Tiago Pires 19,248
30. Thiago Camarao 19,170
31. Jesse Mendes 18,342
32. Adam Melling 18,100
33. Chris Davidson 17,300
34. Dusty Payne 16,875
35. Matty Wilkinson 16,750
36. Willian Cardoso 16,236
37. Taylor Knox 16,279
38. Tanner Gudauskas 15,670
39. Kieren Perrow 14,650
40. Dan Ross 13,850
41. Cory Lopez 12,650
42. Dane Reynolds 8,020
43 Yadin Nicol (machucado, deve receber convite)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Santa Cruz distribui pontos importantes para os brasileiros

Jessé Mendes é um dos brasileiros que entram na reta final do Tour com chances de obter a qualificação para o WT 2012. (Foto: ASP South America/Smorigo) à

Quinze brasileiros estão escalados para a fase inicial do prime de Santa Cruz, na Califórnia.

Ao contrário dos eventos seis estrelas, que têm chave de 144 surfistas, os primes contam com uma chave de 96.

Só a Austrália tem mais representantes que o Brasil. São 22 aussies.

Estados Unidos e Hawaii têm os mesmos 15 surfistas no evento.

Podemos dividir os 15 brasucas em alguns grupos.

Seis dos nossos sete integrantes do WT (Mineirinho não disputa a etapa) estarão em ação. Deles, Gabriel Medina busca apenas mais pontos para subir ainda mais no World Ranking, do qual já é o 10° colocado.

O Supermedina não tem pontos a defender neste final de temporada e busca uma colocação melhor que as oitavas-de-final para trocar seu oitavo melhor resultado.

Jadson é outro que está em situação confortável no que diz respeito aos pontos a defender. Das etapas que ele disputou no ano passado, somando primes e WT, tem somente 1750 pontos conquistados em Pipe. É o 21° colocado no World Ranking e um bom resultado em Santa Cruz o deixaria mais do que garantido no WT do ano que vem.

Os outros quatro da elite têm uma boa quantidade de pontos a defender. Alejo é o que tem a tarefa mais dura: 6.977 pontos, a maioria graças à bela temporada havaiana do ano passado. Com o detalhe que o torneio de Haleiwa, que era prime, virou um seis estrelas. Ou seja, menos pontos para somar.

Ainda assim, em 13° no ranking, Alejo mais defende a posição atual do que briga contra o rebaixamento. Mesmo que não defenda os pontos estará na elite em 2013. É fato.

Em posição parecida se encontra Heitor Alves. É o 16° e mesmo que não defenda os 6.500 pontos conquistados no prime das Ilhas Canárias, no ano passado, permanecerá na elite.

Para quem não entende muito a utilidade do World Ranking, além de definir os integrantes do WT, a listagem também aponta os seeds nas etapas da elite. O seed é a classificação que cada um ocupa e as chaves dos eventos são formadas por baterias com os seeds pré-definidos. Na primeira fase, o número 1 do mundo sempre irá enfrentar o seed 24 e o seed 36. O segundo do ranking encara o seed 23 e o 35 e assim por diante.

Ou seja, ter um bom seed evita um confronto com um Slater, um Owen, um Jordy ou um Mineiro na primeira fase...

Já Raoni Monteiro e Miguel Pupo têm uma situação mais delicada. Estão em boa posição no World Ranking (Raoni é o 18° e Pupo o 19°), mas como as suas pontuações não são muito altas, se não defenderem os pontos (Raoni, 6500, e Pupo, 4225), podem vir a serem ultrapassados e ficarem de fora da elite.

A situação não chega a ser alarmante porque, além dos dois primes que restam, Raoni e Pupo ainda têm as duas últimas etapas do WT para pontuar. Ou seja, um bom resultado em um desses eventos deve significar a permanência dos dois na elite.

Se a situação dos nossos guerreiros que já estão no WT é até certo ponto cômoda, a dos que lutam para ampliar o contingente de brasucas na elite também é favorável.

O principal ponto em questão: todos têm pouquíssimos - ou quase nenhum - pontos a defender.

Jessé Mendes (41° do ranking) e Hizunome Bettero (46°) defendem 2.057 pontos cada, pelas oitavas nas Canárias, no ano passado.

Thiago Camarão, 37° da lista, não tem pontos a defender. Se chegar à semifinal em Santa Cruz, já entra no Top-32.

Willian Cardoso (43°) e Júnior Faria (49°) também não defendem pontos. Mas precisam voltar a pontuar. Há algumas etapas os dois não conseguem grandes resultados e só terão, além do evento em Santa Cruz, o seis estrelas de Haleiwa e o prime de Sunset para pontuar.

Ainda há o grupo de brasucas que precisam de bons resultados no final da temporada para entrar bem colocados no começo do ano que vem e, aí sim, pensar em qualificação na rotação de meio de ano. São os casos de Wiggolly Dantas (59°), Tomas Hermes (77°), Jano Belo (82°), Yuri Sodré (96°) e Jerônimo Vargas (102°). Léo Neves (55°), Ricardo dos Santos (91°), Jihad Khodr (97°), Neco Padaratz (98°) e Pedro Henrique (100°) também estão neste grupo, mas sequer viajaram para Santa Cruz.

Veja no link abaixo a chave completa do O'Neill Coldwater Classic Santa Cruz:


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Três brasileiros entre os que mais faturaram na temporada


Líder do ranking do WT, número 1 do World Ranking e muito perto do 11° título mundial, Slater também é o surfista que mais faturou em 2011.

Os bons resultados dos surfistas brasileiros no Circuito Mundial de Surfe não se refletem apenas nas colocações no ranking.

O surfe é um esporte profissional, portanto, bons resultados significam boa premiação.

Na lista dos dez surfistas que mais faturaram na temporada, três são brasileiros.

Adriano de $ou$a, Gabriel $upermedina e Alejo Muni$.

A lista é lidera, claro, por Kelly Slater. US$ 525 mil, só em prêmios.

Vencedor da etapa mais rica do circuito, disputada em New York, o australiano Owen Wright vem em segundo, com US$ 426.250.

Aí aparecem os dois primeiros brasucas.

Mineirinho, único, ao lado de Slater, a vencer mais de uma etapa do WT, é o terceiro, com US$ 272.750.

Surpresa da temporada e, porque não dizer, da lista, Gabriel Medina começa a fazer seu pé de meia, apesar dos 17 anos. Com um título de WT, um dePrime e dois seis estrelas, já somou US$ 217.600.

Muito legal ver que os bra$ileiro$ desbancaram nomes de peso do Tour.

Os australianos Taj Burrow (US$ 212.750), Julian Wilson (US$ 205.700) e Joel Parkinson (US$ 189.750) vêm em seguida.

Na sequência, em oitavo, está outro brasileiro. Alejo também ganhou um prime e chegou longe em três etapas do WT. Já levou US$ 176.250 até aqui.

Fecham o Top-10 da grana o sul-africano Jordy Smith (US$ 165.000) e o norte-americano Damien Hobgood (162.250).

Além do desempenho dos brasileiros, chama a atenção a disparidade do que ganham as estrelas do surfe em relação aos melhores de outros esportes.

Disparidade para baixo.

No tênis, por exemplo, o número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic, levou nada menos que US$ 16,6 milhões esta temporada.

O número 50 do ranking, o belga Xavier Malisse, recebeu um pouco mais que Slater, US$ 681.477.

No golfe, o mais premiado da temporada não ganhou tanto quanto o número 1 do tênis. Luke Donald engordou a conta com "apenas" US$ 6,6 milhões.

Mas a divisão dos prêmios parece mais uniforme no golfe. Slater ganhou quase o mesmo que o 142° mais premiado, Garret Willis, que faturou US$ 526.390.

E olha que nem Djoko, nem Donald precisaram dropar Teahupoo cascudo, com 15 pés de onda.

domingo, 23 de outubro de 2011

E ninguém parou Kolohe Andino...

Kolohe comemora o título que o deixa praticamente certo no WT 2012. Também no pódio, Filipe Toledo, Hizunome Bettero e Léo Neves. (Foto: Daniel Smorigo) à

E o Medina deles voltou a aprontar...

O norte-americano Kolohe Andino, 17 anos, repetiu o que já havia feito em Ubatuba e conquistou o título do seis estrelas do Arpoador, o Quiksilver Brazil Open of Surfing.

Assim, encerra a perna brasileira com 100% de aproveitamento, 14 baterias em que ele ao menos passou em segundo lugar e, o mais importante, praticamente se garante no WT do ano que vem.

Com os pontos conquistados no Brasil, Kolohe pulou da 42a para a 24a posição do World Ranking, justamente a listagem que aponta os integrantes da elite.

É impossível evitar as comparações com Medina.

Kolohe é a maior aposta norte-americana para suceder Kelly Slater.

Tem um surfe progressivo, recheado de manobras aéreas.

Assim como Medina fez na Europa, quando venceu dois seis estrelas em sequência, Kolohe repete o feito no Brasil.

Os dois têm 17 anos.

Agora é esperar o final da temporada para saber se Kolohe confirmará sua vaga. Em 24° e com mais dois primes no calendário, acho difícil que ele não esteja entre os 32 melhores do mundo em 2012.

No Arpoador, ele se garantiu an final em uma bateria polêmica. Léo Neves precisava de um 7,07 para virar, mandou boas batidas em uma esquerda, mas os árbitros só deram 7,00.

Na final, o filho de Dino Andino enfrentou o ubatubense Hizunome Bettero. Foi a final entre os dois melhores surfistas do evento, o que nem sempre acontece.

Hizu liderou durante boa parte da disputa, até que Kolohe virou no último quarto da bateria. E ainda fechou com um 9,10, para sacramentar a vitória.

De qualquer forma, Hizunome mostrou que tem surfe para brigar pelo WT.

Entre os demais brasileiros, Thiago Camarão chegou às quartas e subiu do 40° para o 37° lugar. Jessé Mendes pontuou um pouco mais, mas se manteve em 41°.

Agora a briga é no prime de Santa Cruz, na Califórnia.

Kolohe, Hizu, Camarão e Jessé estarão lá.

Eles e mais 21 integrantes do WT.

Dos brasileiros na elite, apenas Mineirinho não disputará o evento.

sábado, 22 de outubro de 2011

Quem vai parar Kolohe Andino?

Tomas Hermes foi um dos que venceu uma das baterias em que o norte-americano passou em 2° lugar em Ubatuba. (Foto: Blog do Julinho) à

Em pouco menos de duas semanas no Brasil, ele já passou ileso por dez baterias.

Em Ubatuba, foi segundo quando pôde e venceu todas as demais baterias, incluindo as três homem-a-homem que lhe garantiram o título do SuperSurf Internacional.

Agora, no Arpoador, já são três vitórias que o colocam como um dos mais fortes candidatos ao título do Quiksilver Brasil Open of Surfing.

Diante desse quadro, a pergunta é inevitável. Quem vai parar Kolohe Andino.

O norte-americano é a maior aposta da nova geração, uma espécie de Gabriel Medina deles.

Tem um surfe explosivo, com manobras progressivas, aéreos de tudo o que é jeito e muita pressão nas manobras de borda.

Além disso, sabe como o jogo funciona. Utiliza bem os minutos das baterias e tem a frieza comum a todo grande esportistas norte-americano.

Para eles, quem não for o melhor do mundo nunca passará de um loser.

Kolohe está muito perto de se classificar na próxima virada do ranking do WT, no final da temporada. Para isso, precisa continuar somando pontos.

Se passar mais uma bateria, já terá seu somatório aumentado, mas não evoluirá muito no ranking.

O título no Arpoador praticamente garantiria Kolohe no WT 2012, o deixando na 24° posição na classificação que define os surfistas da elite, o World Ranking.

Os adversários de Kolohe no round dos 12 serão o carioca Pedro Henrique e o baiano Bino Lopes.

Outro que está de olho nos pontos em jogo no Rio é Thiago Camarão.

Ele também já garantiu vaga no Round dos 12 e se vencer mais uma bateria passará no 40° para o 37° posto do World Ranking.

Pelo que surfou até aqui no Arpex e pelo que vem surfando ao longo da temporada, Camarão pode ser a resposta à pergunta do título deste post.

Venceu Kolohe em Ubatuba, em uma das baterias em que o norte-americano passou em 2°. Está com o surfe no pé e com apetite de predador.

Camarão está na segunda bateria do Round dos 12, contra dois brasileiros que há algum tempo não conseguem grandes resultados do Tour, mas que são sempre muito perigosos: o ex-integrante da elite, Léo Neves, e Márcio Farney.

As duas últimas baterias da quinta fase, a última antes das baterias homem-ahomem, ainda depende das disputas restantes do Round dos 24.

A terceira já tem o havaiano Keanu Asing, que brincou de surfar nas boas ondas do Arpoador, neste sábado. Em uma de suas duas apresentações (venceu ambas) cravou o maior somatório do evento, com um total de 18,10 pontos.

A quarta tem outro brasuca que está bem no ranking e que pode ficar bem perto da porta de entrada do Top-32, Jessé Mendes.

Os adversários de Keanu e Jessé sairão de duas disputas que têm tudo para ser eletrizantes.

Na quinta bateria do Round dos 24, dois dos melhores brasileiros do evento, Hizunome Bettero e Tomas Hermes encaram os jovens australianos Nicholas Squires e Mitch Crews.

Para fazer justiça, Hermes foi mais um que conseguiu vencer Andino em Ubatuba. O outro foi o pernambucano Halley Batista, que já foi eliminado no Rio.

Na sexta, o "dono do pico", Simão Romão, campeão de dois eventos seis estrelas no Arpoador, encara Ricardo dos Santos, o mais novo candidato a fenômeno brasileiro, Filipe Toledo, e a surpresa Thiago Guimarães.

Quem quer que passe para a quinta fase, o certo é que o evento já tem o alto nível garantido. Com boas ondas e um show de surfe, o que se viu neste sábado foi um festival de high scores.

É torcer para que o Arpoador amanheça com as mesmas condições dos últimos dias.

Quem quiser conferir ao vivo, é só clicar http://brasilopenofsurfing.com.br

E acompanhar se alguém vai mesmo conseguir parar Kolohe Andino.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Arpoador vê troca de guarda no surfe brasileiro

Hizunome Bettero foi o destaque do dia no Arpoador. Aos 25 anos, ele está no meio do caminho entre a velha e a nova guarda do surfe nacional. (Foto: Fábio Minduim) à

A troca de guarda no surfe brasileiro está definitivamente decretada.

Temos dois surfistas de 29 anos no WT, Raoni Monteiro e Heitor Alves.

Mas é inegável que quem manda no momento é a nova geração.

Mineirinho tem 24 anos. Jadson e Alejo, 21. Pupo, 19. Medina, 17.

O desempenho no seis estrelas do Arpoador demonstra bem isso.

Puxada pelos caras que estão no WT, a nova geração tem feito estragos e os confrontos diretos com alguns surfistas mais velhos demonstram bem isso.

Wiggolly Dantas, Tomas Hermes, Jessé Mendes, Thiago Camarão, Ricardo Santos, Alex Ribeiro e, agora, o caçula Filipe Toledo, têm sempre avançado várias baterias. Parece que a hora é deles.

Do outro lado, surfistas que já obtiveram grandes resultados, alguns até que fizeram parte da elite, como Rodrigo Dornelles, Paulo Moura, Danilo Costa, Victor Ribas (todos ex-atletas do WT), Renato Galvão (campeão brasileiro) e Odirlei Coutinho já não conseguem passar tantas baterias.

Não que estejam ultrapassados. Continuam surfando muito e ainda vão conseguir bons resultados. Mas vão ter que tirar de dentro de si um gás extra para fazer frente à fome desenfreada da nova geração.

Ainda há um grupo que está no meio do caminho e ainda faz frente aos mais novos. Nem saíram recentemente da categoria júnior, nem estão na casa dos 30 anos.

Um bom exemplo é o ubatubense Hizunome Bettero. Há alguns anos ele esteve perto de integrar a elite, mas bateu na trave. Hoje, aos 25 anos, ainda possui um surfe contemporâneo e uma energia de quem luta por algo grande.

Hizunome venceu a 17ª bateria com um 8,83 e um 8,70 e ainda se deu ao luxo de descartar um 8,10 e um 7,33. Meteu uma combination nos outros três competidores e passaria com muita facilidade se utilizasse apenas as terceira e quartas melhores notas. Foi o destaque do dia.

Com 17,53, Hizu fez o maior somatório do campeonato.

Camarão foi outro que brincou de surfar. Conseguiu a melhor nota do evento, um 9,10, que, somado a um 7,60 lhe deu o segundo maior somatório da competição.

Ainda vale um registro às performances de Bruno Galini, que encaixou o forte ataque de backside nas esquerdas do Arpoador, Alex Ribeiro, Pablo Paulino, Yan Guimarães, Sebastian Zietz e do sempre perigoso Aritz Aramburu.

Aliás, se os novos brasucas estão bem na fita, a nova geração gringa também está muito bem representada. Kolohe Andino, Evan Geiselman, Keanu Asing e Chris Friend são alguns dos que permanecem na briga no Arpoador.

Ainda faltam quatro baterias para encerrar o segundo round.

Dos 48 que formarão o round 3, já temos 40 classificados. São 28 brasileiros e 12 estrangeiros.

Vale também um registro sobre a má qualidade da transmissão do evento. Em diversos momentos, os comentaristas avaliam uma onda que não é mostrada pelas câmeras, que preferem alguma imagem do público ou mesmo da paisagem do Rio.

Tudo bem que o Rio é uma cidade de uma beleza única, mas aí já é demais...

Mineiro e o dom de causar desconforto em Slater

Duelos entre Kelly Slater e Adriano de Souza já se transformou em um dos maiores clássicos do WT na atualidade

Pode parecer egocentrismo puro de terceiro-mundistas a fim de ser mais do que realmente é.

Desde que Andy Irons se afastou do Tour, a vaga de maior rival de Kelly Slater está vaga.

Fanning ganhou títulos em cima do careca, mas nunca foi Rival, com r maiúsculo.

Parko e Taj nunca tiveram a consistência suficiente para assumir o posto.

Dane Reynolds poderia ser o cara, mas não está nem aí.

Jordy e Owen são carne fresca demais para ocupar uma posição tão importante.

E aí entra Adriano de Souza. O brasileiro Mineirinho.

Não chegou efetivamente a brigar pelo título mundial.

Esteve perto há dois anos, mas não se manteve na briga até o final.

Este ano, assumiu a ponta do ranking, mas logo saiu da briga. Ainda tem chances matemáticas, mas nem ele nem ninguém pafrecem em condições de tirar o 11° título de Slater.

Mas isso pouco importa.

Slater e Mineirinho desenvolveram, ao longo dos anos, um mal-estar psicológico que só Freud pode explicar.

Mineirinho é brasileiro, não atrai os holofotes como os ídolos australianos ou havaianos.

Não é sequer patrocinado pela Quiksilver, Billabong ou Rip Curl.

Mas, na hora de uma bateria contra Mineirinho, o careca sente um visível desconforto.

O que criou essa situação?

Segundo o glorioso blog Datasurfe, Slater venceu os nove primeiros confrontos contra Mineiro.

No 10°, veio o troco do brasileiro. Era quartas-de-final do US Open of Surfing, no mais norte-americano dos picos, Huntington Beach.

De lá para cá, Slater só derrotou Mineirinho duas vezes, em cinco duelos. Ambas no Rip Curl Pro Search de Porto Rico, no ano passado, quando o careca faturou o décimo caneco.

Mineiro ganhou as outras três disputas. As duas desta temporada. Sempre em baterias homem-a-homem. Matar ou morrer.

Lembro do comentário de Slater sobre o brasileiro, na época em que Mineiro despontava como promessa do surfe mundial, após o título mundial Pro-Jr. "Ele surfa bem, mas a base é muito aberta". Ou algo assim.

Com o passar dos anos, vieram até alguns comentários positivos, mas sempre muito blasés.

Foi justamente em Porto Rico, no ano passado, que o clima realmente esquentou. Slater reclamou da marcação feita pelo brasileiro na bateria em que ele acabou faturando o título mundial.

Este ano, de forma até ostensiva e um tanto quanto desnecessária, Mineiro reclamou abertamente com Slater, após ter sofrido uma dura marcação de Taj Burrow e, ainda assim, ter vencido a disputa.

"Quando eu marco é errado, mas o cara pode me marcar que está tudo bem". Ou algo assim.

A vitória por combination de Gabriel Medina sobre Slater, nas quartas-de-final do Rip Curl Pro France, veio acompanhada de alguns comentários não muito elegantes do brasileiro no Twitter.
Mineirinho é isso. Aos 24 anos, ainda grita, faz cena, pede nota. É pura paixão. Mas aprendeu algo que poucos surfistas do mundo conseguiram. Como desestabilizar Slater.

E o melhor de tudo, o golpe de mestre, foi ver Mineirinho se derramando em elogios ao decacampeão mundial, após o título em Portugal, onde ele venceu a final exatamente contra Slater.

"Kelly tem sido o meu herói desde que eu ouvi falar sobre surfe pela primeira vez. Ele é uma lenda viva e estar competindo contra ele, neste nível, é mais que um sonho. Ele me empurrou mais do que qualquer outro surfista e eu devo muito a ele", declarou Mineiro.

Ou algo assim.

Se souber tirar proveito desta rivalidade para o futuro, Mineiro se colocará como um potencial campeão mundial.

Este ano, os únicos que venceram mais de uma etapa no WT foram justamente Slater (3) e Mineiro (2).

Quem tem a manha de vencer Slater está pronto para derrotar qualquer um.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Filipe Toledo é destaque no Arpoador

Com a prancha que venceu o Pro/Jr. do US Open, Filipinho mandou um aéreo 360°, manobra mais comentada do dia.

Depois de dois dias flat, o Arpex acordou com boas ondas.

Foram disputadas as 24 primeiras baterias do seis estrelas Quiksilver Brasil Open of Surfing.

36 brasileiros e 12 estrangeiros se classificaram para o round 2, quando estreiam os principais cabeças-de-chave.

Vice-campeão na etapa passada, em Ubatuba, e 38° do world ranking, o norte-americano Tanner Gudauskas é o segundo melhor ranqueado do evento. Mas decidiu correr o campeonato depois de encerrada as inscrições, o que o fez estrear na primeira fase. Passou em segundo.

O maior destaque do dia foi o ubatubense Filipe Toledo. Ele surfou com a prancha que conquistou o Pro/Jr em Huntington Beach e encaixou um aéreo 360° de backside. Foi a manobra mais comentada do dia, com razão.

Outros destaques do dia: Tomas Hermes, Ian Gouveia, Renato Galvão, Alan Donato, Medi Veminardi, Krystian Kymerson e Eneko Acero.

A previsão é que o mar continue bom, com o pico no sábado.

Nesta sexta, algumas baterias bem interessantes.

Jano Belo, David do Carmo, Marco Giorgi e Tanner Gudauskas na bateria 3.

Júnior Faria, Marco Polo, Dean Bowen e Márcio Farney, na bateria 5.

Thiago Camarão, Robson Santos, Keanu Asing e Saulo Jr., na décima-terceira.

Willian Cardoso, Simão Romão, Tomas Hermes e Gabriel Adisaka, na última.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Briga agora é no Arpex. Pontos importantes em jogo

Pedro Henrique conhece bem as ondas da Barra e pode surpreender favoritosd (Foto: Fábio Minduim)


Com 103 brasileiros e 39 estrangeiros, o Quiksilver Brasil Open deve começar nesta quarta-feira, no Arpoador, Rio.

É mais uma etapa seis estrelas do QS. O campeão leva 3.500 pontos no World Ranking.

Com essa pontuação deixaria, por exemplo, o cabeça-de-chave 1 do evento, o norte-americano Kolohe Andino, em 25° no ranking.

Ou seja, o deixaria bem praticamente dentro do WT do próximo ano.

Uma pontuação que também interessa - e muito - aos brasileiros Thiago Camarão, Jessé Mendes, Willian Cardoso e Júnior Faria. O título no Arpoador os deixará mais perto da porta de entrada dos Top-32.

Camarão é quem parece estar mais no rip. Mas os outros três têm surfe suficiente para fazer um bom campeonato.

Outras boas apostas nacionais: Simão Romão, Halley Batista, Jano Belo, Tomas Hermes, Hizunomê Bettero, Wiggolly Dantas e Pedro Henrique.

Muito cuidado com os gringos Mitch Crews, Jack Freestone e Aritz Aramburu.

Além dos pontos, um bom resultado esta semana pode servir como combustível emocional para a reta final do Tour, que ainda contará com os primes de Santa Cruz, na Califórnia, já na semana seguinte, e de Sunset, no final de novembro, além dos seis estrelas da Austrália e de Haleiwa, que acontecem em novembro.

Agora é torcer para que o Arpex apresente ondas e constância. Artigos raros nos últimos campeonatos disputados no Rio.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Título de Mineirinho coroa desempenho fantástico dos brazucas

Mineirinho levanta o caneco do Rip Curl Portugal, ao lado do vice, Kelly Slater. (Foto: Justin Barnwell)

Consistência e regularidade.

Não vou cansar de repetir essas palavras até que resultados como os que foram obtidos na semana passada, por Gabriel Medina, e por Adriano de Souza, esta semana, deixem de ser artigo de luxo para o surfe brasileiro.

Acho até que deve ser infinitamente maior nossa alegria de ver dois dos nossos guerreiros levantarem os títulos de duas etapas consecutivas no WT. Para australianos e norte-americanos é algo comum.

Mineirinho teve uma semana incrível em Portugal. Depois de ser surrado na primeira fase, engrenou uma série de vitórias até a final. Ganhou até o Round 4, quando passou direto para as quartas-de-final.

Nesta fase, também conseguiu a primeira nota 10 da carreira como profissional.

Com o título, Mineirinho passou de 6° para 3° no ranking. É manter a pegada para tentar igualar Victor Ribas e terminar o circuito em 3° lugar. Ser campeão é algo parecido com o Cruzeiro ser campeão brasileiro. Até deve haver possibilidade matemática, mas o título é do Careca e ninguém tira. Basta chegar ao round 4 em San Francisco que ele levanta o 11° caneco.

Ser vice é algo um pouco menos complicado, mas a vantagem de Owen Wright é muito grande.

Na real, é preciso analisar o desempenho recentes dos brasileiros indo além dos títulos obtidos por Medina e Mineirinho.

Nas quatro últimas etapas tivemos sempre um representante no pódio e pelo menos dois surfistas brasileiros chegaram às quartas-de-final.

O que parece é que, nas últimas semanas, os brasileiros aprenderam a "jogar o jogo". Perceberam o que os juízes querem ver, como se impor diante de adversários de mais nome, qual a postura a se adotar.

Agora é batalhar para não retroceder. Parece clichê de esportista, mas chegar não é tão difícil quanto se manter.

Ah, sobre Mineirinho, faltou falar uma detalhe importante: só ele e Slater venceram mais de uma etapa do WT deste ano.

Isso é consistência e regularidade.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Em Portugal, Heitor mostra que subiu um degrau

Cearense engrenou sequência de bons resultados após etapa de NYC. Consistência e regularidade. (Foto: Tgleiser) à


Heitor Alves foi um dos melhores surfistas do mundo em 2010.

Me arrisco a dizer que em qualquer divisão.

O surfe moderno, veloz e consistente teria feito estragos pesados na elite, mas o cearense estava em busca de sua vaga no WT.

Por isso, minha expectativa quanto à participação de Heitor no WT deste ano era grande.

Mas vieram as primeiras etapas e, apesar do surfe no pé, fatores como má vontade da arbitragem, a volta da inconsistência e até mesmo um pouco de frieza para pensar a estratégia certa para cada bateria, fizeram o cearense colecionar uma série de resultados inexpressivos.

E eis que veio Nova York e parece que o gente boa Heitor Alves subiu o degrau que separa os surfistas comuns dos que almejam algo mais no circuito.

Eu havia comentado que o problema de Heitor estava apenas na cabeça dele. Sabia que quando ele percebesse que a diferença para o surfe dos tops estava apenas na cabeça dele próprio, os resultados chegariam.

Heitor não leu o Blog do Surfe. Mas parece que, de alguma forma, ele pensou a mesma coisa.

O 5° lugar em NYC foi seguido de uma semifinal em Trestles. O cearense ia bem no prime de Açores, até que uma contusão no joelho o tirou da disputa. E da etapa seguinte, em Hossegor.

De volta ao Tour, Heitor passou por duas baterias duras, contra o ídolo português Tiago Pires e contra o australiano Jopsh Kerr, que passa pelo melhor momento da carreira.

E olha que Heitor ainda pode melhorar. Contra Kerr, por exemplo, venceu porque pegou as melhores ondas, mas não entubou tão profundo quanto os destaques do evento.

De qualquer forma, é a terceira etapa seguida que ele rompe a barreira do R3. Quem passa pela terceira rodada já se garante no R5, já que o R4 não elimina ninguém.

Representa uma maior pontuação e mais dinheiro para quem chega até lá.

E o mais importante para Heitor nesse momento: mais confiança.

Mineirinho na luta

Dos oito brasileiros que participaram da etapa portuguesa, seis já caíram. O wild card Bruno Santos, Miguel Pupo, Raoni Monteiro, Jadson André e Alejo Muniz perderam já no R2.

Gabriel Medina foi eliminado no R3.

Além de Heitor, o Brasil pode ter mais outro surfista entre os 12 melhores da etapa.

Adriano de Souza está na primeira bateria do dia, diante de Travis Logie, ainda pelo R3.

Depois de um começo ruim, ele deu show na repescagem, com direito a uma nota 9,0 e é favorito contra o sul-africano.

A torcida contra parece que foi grande. E a culpa não é de Medina

Na derrota de Gabriel Medina para Chris Davidson, o que menos chamou a atenção foi a o que aconteceu dentro d'água.

Nos 30 minutos de bateria, apenas uma onda boa subiu. Foi para o asutraliano, que a fez muito bem, ganhou um notão e venceu. Merecido. nada mais a dizer sobre isso.

Todo mundo viu que não foi no surfe, foi na balança sorte x azar, por conta da calmaria que rolou durante a bateria.

O que mais chamou a atenção mesmo foi a reação de alguns surfistas estrangeiros que correm o Tour.

Kelly Slater e Taylor Knox cochichavam durante toda a disputa e sorriram bastante com a comemoração de Davo.

O australiano, após ver Medina cair na tentativa de pegar um tubinho, no final da disputa, vibrou, deu socos no ar, imitou um boxer, enfim, algo não muito polite.

Poucos minutos depois de encerrada a disputa, outro norte-americano, Brett Simpson, cravou um "Davo for President" no Twitter.

Ok, pode ser paranóia, mania de perseguição, até mesmo egopatia. Mas a impressão que ficou é que os gringos, principalmente a velha guarda, comemorou um bocado a vitória do experiente Davo sobre o novo cara do circuito.

O surfe é um esporte onde, basicamente, um competidor vive das derrotas. A cada etapa do WT são 36 competidores e apenas um é campeão. Nos primes, a chave é maior, de 144 surfistas. Só um volta pra casa com a vitória.

Medina está em sua terceira etapa do WT. Fenômeno que é, já ganhou uma. Isso não é regra, é exceção. Como Slater é.

Derrotas como esta, para Davo, fazem parte do crescimento de Medina. No entanto, pelo comportamento desproporcional de muitos brasileiros após o título do nosso fenômeno na França, talvez o clima criado com o resultado da bateria desta segunda reflita uma situação nada agradável para Medina.

Na verdade, uma pressão a mais que ele não precisa ter que enfrentar.

Formadores de opinião, como o free surfer da equipe Nike 6.0, Pedro Scooby, exageraram. Chegou a mandar um "fuck you Slater". E o pior é que quem tentou mostrar ao carioca que ele havia se equivocado foi taxado de "babão de gringo" pelo próprio Scooby e por outros que o endossaram.

Até mesmo alguns profissionais droparam essa onda. Como se Medina fosse o vingador deles, por ter derrotado Slater, por ter ganho a etapa da França sobre o queridinho dos australianos, Julian Wilson, por ser uma espécie de Che Guevara que desmantelou a ASP.

Menos. Perderam uma boa chance de ficar calados.

É óbvio que todos vibraram com a vitória sobre Slater. Ainda mais depois do resultado ridículo do Round 4.

É claro que dá um gosto a mais ganhar uma final sobre Julian Wilson. Promessa por promessa, a nossa mandou melhor.

É absolutamente normal que a vitória seja acompanhada de um clima de desforra contra a ASP, pelo julgamento quase sempre tendencioso em favor de uma meia dúzia de tops, que normalmente prejudica os demais, entre eles nós, brasileiros.

Mas existe um limite. Para os profissionais, então, esse limite é bem mais em baixo.

Ser profissional é fazer que nem Slater. Após a derrota por combi, colocou Medina com um potencial futuro multicampeão mundial. Knox, outro que foi pra casa de combi, brincou consigo próprio e disse que não teve chances contra a Medina Airlines.

O pior de toda essa situação é que torcedores, formadores de opinião e até mesmo os demais profissionais do surfe não seguiram o exemplo dado exatamente por Gabriel Medina.

O garoto de 17 anos foi mais adulto que a maioria, manteve a humildade, elogiou os adversários, comemorou a coqnuista do título sem exageros e seguiu em frente.

Agora, enfrenta mais uma barreira no Tour. Barreira que sequer foi criada por ele.


domingo, 16 de outubro de 2011

Passo a passo, Medina derruba desconfiança dos gringos

"Muito prazer, eu sou Gabriel Medina, o fenômeno brasileiro". (foto: Cestari/ASP).

Quem é esse menino de 17 anos que os brasileiros dizem ser o novo fenômeno do surfe?

Ah, ele é realmente bom, mas só surfa bem em ondas pequenas.

Ok, ele venceu um prime em Santa Catarina, este ano, mandando aéreos em ondas de seis pés, mas eu quero ver quando ele disputar um campeonato com os melhores do mundo...

Tá vendo? Em Trestles ele não passou da terceira fase. Não deve ser tão bom assim.

Hum... foi campeão na França, ganhando de Slater e nosso melhor garoto, Julian Wilson? Mas foi mais uma vez em onda não tão grandes. Golpe de sorte.

Quero ver quando esse cara enfrentar os melhores do mundo em ondas tubulares...

Neste domingo, Gabriel Medina estreou no Rip Curl Pro, em Supertubes, Portugal.

É um beach break. Mas o nome do pico já diz tudo.

Medina não apenas venceu a sua bateria, mas cravou o melhor somatório do dia, empatado com o australiano Joel Parkinson: 17,87 pontos.

E com uma detalhe: Um tubão em uma esquerda, onde garantiu um 9,07, e outro tubão, de backside, em uma direita, onde levou um 8,80.

Passo a passo o paulista de 17 anos encerra todo e qualquer tipo de desconfiança que os gringos insistem em levantar sobre ele.

Como se dissesse, "muito prazer, eu sou Gabriel Medina, o fenômeno brasileiro".

Com classe e humildade, é um "cala boca" a todo momento nos gringos.

E é bom que eles se acostumem. Nosso fenômeno que veio para ficar.

sábado, 15 de outubro de 2011

Com mais de cem brazucas, Ubatuba vê final 100% gringa

Kolohe Andino é a esperança de resposta norte-americana a Gabriel Medina. O garoto de 17 anos surfa muito mesmo e mostrou isso em Ubatuba.

O SuperSurf de Ubatuba começou com mais de 100 brasileiros e pouco mais de dez estrangeiros.

Terminou com uma final entre os norte-americanos Kalohe Andino e Tanner Gudauskas.

O "Medina deles" ficou com o título e, com mais 3.500 pontos, pula para o 33° lugar no World Ranking.

Um grande passo para figurar entre os integrantes do WT no ano que vem.

Ok, Kolohe e Tanner estavam entre os principais cabeças-de-chave do torneio. Ou seja, entre os principais favoritos.

Mas o argumento não diminui o gosto azedo na boca dos brasileiros.

O local Wiggolly Dantas e o pernambucano Halley Batista chegaram às semifinais.

Dos brasileiros que tentam uma vaga no WT, Tiago Camarão parou nas quartas-de-final, Júnior Faria perdeu uma fase antes e Jessé Mendes e Willian Cardoso não chegaram ao round 4.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

No seis estrelas, é quartas-de-final ou nada

Jano Belo (abaixo) e Wiggolly Dantas (ao lado) são dois dos brasileiros classificados para o round 5 do seis estrelas de Ubatuba. Apesar de estarem distantes da briga pelo WT do ano que vem, podem complicar a vida de quem precisa urgentemente de um grande resultado (Fotos: SuperSurf)


Com a pontuação que passou a ser adotada pela ASP para este ano, disputar um campeonato seis estrelas, como o SuperSurf de Ubatuba, chegar ao menos nas quartas-de-final é o que vale a pena para quem realmente está na briga por uma vaga no WT.

Para se ter uma idéia, só quatro dos 34 primeiros colocados do World Ranking, os que têm o direito de disputar o WT, possuem uma pontuação abaixo dos mil pontos entre seus oito melhores resultados. São esses oito resultados que formam a pontuação total de cada surfista.

As baterias desta sexta, em Ubatuba, definiram os 12 melhores do evento. Neste sábado, no round 5, serão quatro baterias de três. Os dois primeiros se classificam para as quartas-de-final e já garantem pelo menos 1560 pontos.

Quem perder vai embora com 920 pontos que, convenhamos, podem até servir de algo para quem está abaixo do 70° lugar no World Ranking e precisa somar pontos para subir mais um pouco.

Para quem quer uma vaga entre os top-32 ao final do ano, não acrescenta em muita coisa e, certamente, é um resultado que será descartado.

Por isso as primeiras baterias do sábado são tão importantes para Júnior Faria, Kolohe Andino, Thiago Camarão e Tanner Gudauskas.

Dos surfistas que sonham em fazer parte da elite após o término do WT deste ano, somente esses quatro permanecem vivos em Ubatuba.

Kolohe (41° do ranking) e Júnior (50°) estão juntos na primeira bateria. Ao lado deles estará o pernambucano Halley Batista, dono da melhor atuação desta sexta-feira. Em um mar que lembra Maracaípe e que quebra melhor para a direita, Halley é um adversário fortíssimo.

Camarão está na segunda bateria, contra o ascendete australiano Mitch Crews e o experiente Rodrigo Dornelles. Bateria dura, mas uma tarefa um pouco mais amena para o 43° do world ranking.

A terceira bateria tem Wiggolly Dantas, que já bateu algumas vezes na porta de entrada da elite, mas que atualmente está distante da briga. Quem sabe um bom resultado no quintal de casa sirva como um marco para que Guigui volte a mostrar o surfe e os resultados que o colocaram como um dos destaques da geração de Medina, Alejo, Pupo, Jessé e cia.? Seus adversários são Alex Ribeiro e Franklin Serpa, que não estão nem entre os 150 do ranking.

Tanner é o destaque da última bateria da fase. E terá mais uma pedreira pela frente. Tomas Hermes e Jano Belo parecem que estão prestes a cruzar a barreira entre os que correm o circuito apenas como um bônus e aqueles que realmente almejam algo maior. Estão muito bem em Ubatuba e podem perfeitamente despachar o gringo e ajudar Camarão e Faria na briga pelo WT.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Foco no WT. Lições de quem está lá e de quem está perto

Thiago Camarão conquistou bons resultados este ano e pode ser novidade brazuca no WT em 2012. Nesta quinta, no seis estrelas de Ubatuba, ele venceu suas baterias e avançou ao round 4 (foto: SuperSurf) à

Um tweet de Miguel Pupo para Thiago Camarão, hoje à tarde, me chamou a atenção.

Bora camaras!!! Focous!!!

Camarão conseguiu recentemente uma semifinal no prime de Azoures. Também fez semi em Trestles e oitavas em Huntington. Está na briga pelo WT no próximo corte.

Sem foco, não se consegue a regularidade e a consistência que Camarão tem apresentado.

O título no seis estrelas de Ubatuba, que está rolando esta semana, o deixará na porta de entrada do Top-32.

Não posso afirmar com total certeza, mas acho que nunca uma geração de brasileiros no Tour teve um sentido coletivo tão grande como a atual.

Mais: os caras aprenderam que não basta ter surfe no pé. É isso mesmo, Miguel, foco!

Quantos e quantos surfistas talentosos o Brasil já teve que muita gente considerava como potenciais integrantes do WT e que ficaram pelo meio do caminho?

Hoje a gente vê Medina e Pupo deixarem de ser promessas e se transformarem em realidade com menos de 20 anos.

É esse foco que pode fazer com que Jessé Mendes e Thiago Camarão sejam os próximos brasileiros a fazer parte da elite.

Nesta quinta, em Ubatuba, os dois venceram suas baterias. Camarão já está no round 4. Jessé corre nesta sexta a bateria pelo round 3.

Júnior Faria é outro brasileiro bem colocado no ranking que avançou. Surfa muito, é um cara talentoso dentro e fora d'água. Ao lado de Júlio Adler, o texto sobre surfe que eu mais gosto entre os brasileiros. Falo de forma bem irresponsável, mas a crítica é positiva. Talvez falte a ele justamente esse foco.

Algo que parece que o catarinense Tomas Hermes adquiriu nos últimos meses. venceu etapas do Brasileiro, foi bem em eventos do QS fora do Brasil. É outro que está voando em Itamambuca.

Willian Cardoso, infelizmente, acabou derrotado. O catarinense, um extra-classe, um estilo único, vem de uma série de resultados muito ruins. Não sei se é falta de foco. O mar estava pequeno, umas ondas sem força, o que nunca favorece ao grandalhão Willian. Falta de surfe é que, com certeza, não é.

Já são 16 classificados para o round 4. Destes, apenas quatro são estrangeiros.

Ah, a resposta de Camarão ao tweet de Pupo me deixou ainda mais animado.

Tamo na VIBE aqui miguelito, se deus quiser ano que vem estamos junto ai !!! Quebra em Portugal vou estar torcendo daqui !


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O ano da regularidade e da consistência





O WT deste ano já realizou oito etapas.

Apenas seis surfistas conseguiram vencer uma dessas etapas.

Slater ganhou três. Os outros, uma.

Dos seis campeões de etapa, dois são brasileiros, Adriano de Souza e Gabriel Medina.

Cada uma das nove etapas prime disputadas até aqui tiveram um vencedor.

Três são brasileiros, Alejo Muniz, Gabriel Medina e Miguel Pupo.

O Tour ainda teve cinco etapas seis estrelas.

Gabriel Medina foi o único brasileiro a ganhar uma dessas etapas.

Na verdade, é o único surfista a ganhar dois seis estrelas em 2011.

O bom desempenho dos brasileiros se reflete no ranking.

Desculpem, mas sou do tempo em que ser Top 16 era algo diferenciado e não deixei essa tradição de lado.

No WT, temos quatro brazucas no Top 16, Adriano de Souza (6°), Alejo Muniz (12°), Jadson André (15°) e Heitor Alves (16°).

No World Ranking, que reúne resultados de eventos do WT, primes e stars, também são quatro brasileiros no Top 16. Adriano de Souza (8°), Gabriel Medina (9°), Alejo Muniz (14°) e Heitor Alves (16°).

O desempenho brasileiro deste ano é realmente diferenciado.

Todas as oito etapas do WT tiveram ao menos um brasileiro nas quartas-de-final.

Em cinco etapas, foram ao menos dois brasileiros nas quartas.

Além dos títulos de Mineiro e Medina, foram mais três semifinais - Mineiro em Bell's, Alejo em NYC e Heitor em Trestles.

Sinais claros de regularidade e consistência.

Sete surfistas entre os 34 que têm vaga na elite dá um poquinho mais que 20% do total.

Só a Austrália tem mais: 13.

EUA têm cinco, Havaí tem três, África do Sul tem dois, França, Tahiti e Portugal, um.

Não há o que dizer, não resta mais qualquer dúvida. Somos uma potência mundial do surfe.

O próximo passo é consolidar a regularidade e a consistência dos brasileiros no WT e no Tour de uma forma geral.

Não é tarefa fácil, mas o caminho já foi percorrido e tem tudo para que seja sem volta.

Até porque há um detalhe muito favorável aos brasileiros.

Mineiro, 24 anos, Jadson e Alejo, 21, Pupo, 19, Medina, 17.

Slater, 39, Taj, 33, Parko e Fanning, 30.

Deu pra entender?

Fotos: Alejo, Medina e Pupo (Quiksilver Pro France), Jadson e Mineiro (ASP/Joli)