sábado, 10 de setembro de 2011

Quer o surfe mais forte? Melhore o julgamento


Essa semana, o fenômeno Kelly Slater postou no Twitter que o 332° melhor tenista do ranking vive melhor que o 32° melhor surfista.

É quase verdade. Se compararmos, o 32° do World Ranking, o portuguiês Tiago Pires, arrecadou mais ou menos o mesmo (cerca de US$ 70 mil) que o 231° do ranking mundial de tênis, o norte-americano Tim Smyczek.

São muitas as diferenças entre os dois esportes e os motivos que levam o surfe a ser uma modalidade menos remunerada que o tênis.

Não falo nem pelo que aconteceu em NYC, onde a etapa do WT mais parecia uma expression session. Falo do que acompanho nos campeonatos de surfe ao longo de mais de 20 anos.

Mas, na minha humilde opinião, o julgamento é o maior entrave para que o surfe se torne um esporte mais reconhecido e, consequentemente, mais forte e com melhor premiação.

Não vou nem falar de tramas, máfias, privilégios aos tops, da força que é ter uma logo da Quiksilver ou Billabong no bico da prancha. Não é preciso falar o que todo mundo sabe.

Falo da questão técnica, da falta de um critério mais bem definido para se chegar à nota de uma onda. Isso deveria ser fruto de um longo debate. Uma dica: consultas a entidades de esportes onde há o julgamento subjetivo ajudaria. Ginástica, saltos ornamentais, skate, até mesmo o futebol.

É desestimulante ver que o julgamento muda de etapa para etapa. De bateria para bateria. Um competidor pega uma onda, manda dois carvings perfeitos e um aéreo na junção e recebe 7. Três baterias depois, outro competidor pega uma onda melhor, manda dois carvings perfeitos, um batidão e um aéreo na junção e recebe 6,5. Estamos cansados de assistir a essa situação nos eventos.

Deveria haver um critério padrão, muito bem definido, para julgar onda a onda. Independentemente do que aconteceu no restante da bateria. Sem importar se foi a primeira onda surfada na bateria ou se o adversário conseguiu determinada nota na onda anterior.

Quem nunca teve a sensação de que a nota dada a um surfista foi dada a partir do que ele precisava para virar (ou não) uma bateria? Horas de espera para sair a nota, o replay sendo mostrado insistentemente aos juízes... Quando deveria ser algo padrão, onde não importasse se o resultado pudesse mudar o destino de uma disputa.

Sem um julgamento claro e objetivo, fica difícil explicar como a coisa funciona a alguém que nunca viu um campeonato de surfe. E assim, seguimos restritos ao nosso pequeno público. Sem grandes patrocinadores de fora do surfe e com uma premiação muito inferior a outros esportes.


Nenhum comentário: