quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A dureza de perder de cara

Deve ser duro o sujeito viajar para uma ilha do litoral português, passar dois dias de espera, disputar uma bateria de 30 minutos e ir embora sem o objetivo cumprido.

Deve ter sido a sensação que o paulista Júnior Faria sentiu no prime de Azoures (Açoures). Atrás de pontos para se aproximar da porta de entrada do WT, o Parko brasileiro perdeu de primeira e deu adeus ao evento.

Concordo que quanto mais simples seja o formato de um evento, melhor para que o público entenda como o esporte surfe funciona. Assim aumentam as chances de um público maior passar a acompanhá-lo com mais interesse.

Mas muitas vezes me pego pensando em alguma fórmula para que o surfista ao menos ganhe uma segunda chance de prosseguir no evento. O WT é assim.

Imagine: treinos, deslocamento de avião, grana para pagar passagem aérea, hospedagem, alimentação e equipamento. Tudo vai embora em 30 minutos... O que não é WT é assim.

Júlior Faria não foi o único surfista que está de olho na próxima troca no WT, no final do ano, a levar esse duro golpe. Também caíram Granger Larsen, Cory Lopez e Aritz Aranburu. Alguns que foram a Azoures para defender sua posição no WT também caíram. Os casos de John John Florence e Tiago Pires, na estreia, e de Kai Otton, em uma das quatro baterias do segundo round que rolaram nesta quinta.

Mas a lista de cachorros grandes que continuam de pé é extensa. Miguel Pupo, Adam Melling, Gabe Kling e Richard Christie já estão no R3.
No R2, seguem Jessé Mendes, Glen Hall, Heitor Alves, Brett Simpson, os irmãos Gudauskas, Freddy P., Kolohe Andino, Dion Atkinson, Travis Logie, Willian Cardoso, CJ e Tiago Camarão.

O mar baixou em relação a quarta. Ondas rápidas e fortes, sem muita parede. Nada de tubos, algumas ondas fechando e os scores não foram tão altos.

Eis o link http://www.aspeurope.com/events2011/azores/videos_ondemand.php do tubaço do australiano Adam Melling que se transformou no primeiro 10,0 do evento.

Assista e veja se foi pra tudo isso.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Highs scores aos montes em Azoures

O prime de Azoures começou com saldo negativo para os brazucas.

2 x 3.

Miguel Pupo e Jerônimo Vargas avançaram. Pupo em primeiro na primeira bateria do Round 1. Que termine em primeiro.

Jerônimo avançou em segundo em uma bateria em que Adam Melling destruiu as ondas de quatro pés, arrancou o primeiro 10,0 do campeonato e ainda cravou a terceira maior soma, com 17,77.

Pena que Wigolly Dantas tenha disputado a mesma batera. Ficou em terceiro.

Os outros que deram adeus foi o embalado Flávio Nakagima e Luel Felipe.

Além de Melling, os destaques do dia foram o nrote-americano Gabe Kling e o neozelandês Richard Christie. Os dois brigaram pela maior média do dia.

Kling fez 18,47, Christie marcou 18,17.

Pelas somas das cinco primeiras baterias do evento e com a chave feminina finalizada - deu Malia Manuel -, quem gosta de surfe é bom acordar cedo e ir pra frente do computer.

As chances de show de surfe são muito grandes.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Azoures abre a corrida para próximo corte


O Billabong Pro Azoures é o primeiro prime que acontece após o corte de meio de ano no WT.

O campeonato nas ondas lusitanas inaugura a corrida pelas vagas na elite no próximo corte, que acontece ao final da temporada, depois do Pipe Masters.

Cheio de caras que vão cair na água bufando, por terem dado adeus ao WT. CJ, Cory Lopes, Adam Melling, Gabe Kling...

Outros que escaparam por pouco e precisam somar pontos nos primes pra não se garantir apenas nos pontos das etapas do WT. Pat Gudauskas, Travis Logie, Freddy P., Heitor, Kai Otton, Brett Simpo, John John, Tiago Pires, Pupo...

Além, é claro, de um contingente ainda mais instigado, formado pelos surfistas que não entraram no WT, mas estão quase derrubando a porta da elite. Casos de Willian, Granger Larsen, Kolohe, Glen Hall, Júnior Faria (foto) , Jessé, Camarão...

Imagino que, em muito breve, a ASP vai acabar com cortes semestrais e, assim como acontece no tênis, vai atualizar a lista do WT a cada etapa. Do tipo, 20 dias antes de cada etapa, pegam o ranking e os 32 primeiros são os que entram.

Mas, mesmo que essa atualização por etapa ainda não seja uma realidade, não há como negar que as disputas dos primes ficaram cada vez mais valorizadas.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Atuação dos brazucas em Trestles



Na estreia de um contingente brazuca mais numeroso, voltamos a ter boas colocações. Mas não há como não sentir um gostinho meio amargo por se tratar de um evento em Trestles...

Heitor Alves (3°) - Eu estava quase formando a opinião de que o campeonato de Heitor em Trestles havia sido igual ao de Alejo em NYC - ótimo resultado e pouco brilho. Até que ele enfrentou Slater, nas semifinais, de igual para igual. As baixas pontuações nas primeiras fases explicam a minha impressão. Mas veio a bateria com o Careca e Heitor arrancou duas notas acima de 8,0. Se não tivesse perdido a velocidade após os aéreos e tivesse feito ondas mais limpas, teria causado uma grande zebra. Que o cearense use essas duas etapas como motivação. Afinal, foram cinco vitórias sobre surfistas do top-10 - Fanning e Parko em NYC e Bourez, Taj e Mineirinho em Trestles.

Adriano de Souza (5°) - outro grande campeonato de Mineirinho e, dessa vez, não houve falta de sorte. Ele se impôs em grande estilo sobre Medina, no round 1, e Jadson, que o havia tirado em NYC e acabara de fazer a maior soma do campeonato, no R2. A vitória sobre Taj, no R4 também foi típica de um Top-5. Nas quartas, em uma disputa com poucas ondas, vacilou na escolha e caiu em algumas manobras importantes. Mas o saldo foi extremamente positivo.

Jadson André (13°) - Jadson nunca ter conquistado um título em Trestles é o mesmo que Zico nunca ter ganho uma Copa. Pior para a Copa, pior para Trestles. O potiguar surfa muito nas rampas californianas e o desempenho assombroso no R2 ilustra bem isso. Na bateria contra Mineirinho caiu mais que de costume e ainda teve um adversário inspirado e que não entregaria a vitória de bandeja assim tão fácil. Poderia ter ido mais longe.

Gabriel Medina (13°) - Nosso Golden Boy sentiu em Trestles que, apesar de ter o surfe mais contemporâneo do mundo, a relação com os juízes do Tour é feita aos poucos. Não deveria, mas é assim que funciona. Sentiu isso no R3, quando foi mal julgado e viu Kerr ser tratado com uma simpatia fora do comum. terá que ser o SuperMedina de sempre, como que destroçou Travis Logie no R2.

Miguel Pupo (25°) - Outro que poderia ter ido mais longe. Não foi muito bem no R1, mas fez uma bela bateria contra Heitor Alves, na repescagem. Teve o azar de pegar o cearense no melhor momento da carreira no WT. Ainda assim, soltou as manobras e não se mostrou acanhado. É o que importa nesse começo no Tour.

Alejo Muniz (25°) - Falar o que de quem pegou adversários que, com poucos minutos de bateria, já tinham duas notas superiores a 8,0 no somatório? Ainda assim, cabe uma reflexão. Poderia ser Alejo na situação dos dois high scores no começo da bateria. Para que isso aconteça, os aéreos e rabetadas que ele aplica como poucos precisam aparecer.

Raoni Monteiro (25°) - Como disse o Capitão Nascimento, "estratégia, em grego, estrategya, em espanhol, estrategia"... O carioca é um dos surfistas mais completos do Tour. Amplo repertório de manobras clássicas e progressivas, pressão, estilo, bom de front e de backside, de tubo... A chave para Raoni está apenas na cabeça dele. Grande chance de chegar longe jogada fora diante de Taylor Knox e Kai Otton.

O Slater de sempre. Rumo ao 11° título...

Slater rumo ao décimo-primeiro título mundial. Com o Avatar na cola dele.


E eis que, mais uma vez, deu Kelly Slater.

Para muita gente, um resultado contestado. Owen devia ter ganho na final. Não concordo.

Quer dizer, acho que poderia ter ido para qualquer um dos lados. Claro, em Trestles, na casa de Kelly, seria muito difícil o resultado ter sido outro. Mas não há como não reconhecer que o careca surfou demais.

Os anos passam, o surfe evolui, o julgamento passa a valorizar as manobras mais progressivas, mas não aparece ninguém igual ao norte-americano de 39 anos. O surfe base-lip, com extrema velocidade, estilo, precisão e inventividade de Slater ainda é incomparável.

Quem já não passou pela situação de achar que o Careca vai tentar um aéreo e ele vem com um layback animal? Ou que ele vai partir para um daqueles carvings absurdos e de repente o cara tira uma rabetada da cartola.

O tempo parece não ter feito qualquer mal ao decacampeão. Se querem manobras progressivas, ele estará pronto para executá-las. Se querem pressão, bom, isso para ele é o básico.

Owen Wright está em grande forma. Surfa fácil, limpo, voa com absoluta tranquilidade, não perde velocidade após desgarrar a rabeta ou inverter a direção. Tem muita força nas pernas e a prancha sempre aponta o bico para o céu.

Slater tem um adversário forte e, acima de tudo, consistente. Como Parko, Jordy, Taj e Mineirinho nunca conseguiram ser. Como Fanning, sabe-se lá porque, deixou de ser, ao menos este ano.

Ainda assim, acho que o ano vai ser de aprendizado para o Avatar.

E de décimo-primeiro título mundial para Kelly Slater.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Calma. Eles chegaram para ficar.


Você esperava mais das estreias de Gabriel Medina e Miguel Pupo no WT? Eu também.

Ainda assim, não dá para crucificar os dois jovens brazucas. Surfaram bem em um mar que, até aqui, foi uma grande loteria. Não perderam porque tremeram ou coisa assim.

Cometeram alguns erros, é verdade, mas que não me venham com aquele discurso clichê de "faltou experiência", "WT é diferente". Não avançaram mais porque em um mar que produziu duas ou três ondas boas por bateria, o resultado pode ir para qualquer lado.

O erro de Pupo veio ainda no Round 1, quando caiu em uma dessas boas ondas. Mas o aussie Julian Wilson já estava disparado na frente e, muito possivelmente, um high score para o brasileiro não faria tanta diferença.

No Round 2, pegou um Heitor embalado e, em mais uma bateria pobre em ondas, viu o adversário pegar a melhor delas.

Medina vacilou em apenas um momento no round 3, contra Josh Kerr. Quando tinha a prioridade e pegou a onda da frente, deixando a melhor da série para o australiano. Isso quando faltava um minuto e pouco para o final.

Mas, na minha humilde opinião, mesmo com esse deslize, Medina deveria ter vencido a bateria. A onda em que Kerrazy virou o resultado, um 6,50, foi inferior à onda em que Medina tirou um 6,40. Mas, como bem colocou Júlio Adler em um dos textos sobre a etapa de NYC, Kerr é o novo queridinho dos árbitros do Tour.

WT tem dessas coisas.

O que eu vejo em Medina e em Pupo é uma postura e um senso de estratégia nas baterias que fazem deles dois surfistas preparados para o WT. Claro, ainda há muita experiência a ser adquirida, mas os dois têm o olhar matador desde sempre. E isso você tem ou não tem.

Há outros surfistas brasileiros que claramente não têm essa postura. E isso ainda faz falta mesmo que eles já tenham vários anos de Tour e estejam perto da casa dos 30.

Eu cravo que Medina e Pupo vieram para ficar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Só Mineiro avança. Atuações dos brazucas


Em meio à expectativa pelas estreias de Gabriel Medina e Miguel Pupo, apenas um brasileiro se classificou diretamente para o round 3 do Hurley Pro.

Adriano de Souza pegou as duas melhores ondas da bateria e demonstrou tranquilidade e frieza para esmigualhá-las e derrotar justamente Medina e o havaiano Dusty Payne. Mostrou que em um campeonato não conta apenas o surfe no pé, mas estratégia, posicionamento no mar e experiência.

Praticamente local de Trestles, onde treina sempre que está em casa, na Califórnia, Mineiro é um sério favorito ao título.

Medina foi bem. Se tivesse escolhido ondas melhores poderia ter lutado mais de igual para igual com Mineiro. Ainda assim, apresentou seu cartão de visitas: um aéreo rodando muito alto, muito radical.

A outra bateria com dois brazucas foi uma decepção para a torcida verde e amarela. Alejo Muniz e Miguel Pupo simplesmente não acharam ondas. Miguel até pegou uma boa, conseguiu boas manobras, mas caiu e desperdiçou a chance de garantir uma pontuação mais alta e entrar na briga.

Para piorar, Julian Wilson achou as duas melhores ondas da bateria e surfou muito bem. Em grande forma, distribuiu pancadas e rabetadas e conquistou a melhor pontuação do dia.

Jadson André foi outro que sofreu com a falta de ondas. Em uma disputa muito equilibrada contra Joel Parkinson e Travis Logie, o que fez a diferença foi a única boa onda que rolou nos 35 minutos e que foi pega por Parko.

Heitor fez uma boa disputa contra Jeremy Flores. Os dois surfaram muito bem, mas o francês foi um pouco melhor e mereceu avançar. Ainda assim, o cearense mostrou que está com o surfe afiado e que nas condições que estão rolando em Trestles pode fazer um grande campeonato.

Raoni Monteiro teve tudo para avançar para o round 3. Ele e Taylor Knox brigaram onda a onda pela vitória. Em uma boa direita, o carioca encaixou duas batidas seguidas de rabetadas muito fortes, mas acabou caindo na terceira. Recebeu 7,0, mas se tivesse usado a cabeça e feito uma terceira manobra mais conservadora, teria a chance de fazer a onda até o final e receber a nota que necessitava para vencer.


Mais duelos brasileiros no round 1 do Hurley Pro


Mineirinho, em ação, ontem, durante os treinamentos para o Hurley Pro, enfrenta a sensação Gabriel Medina

O sul-africano Jordy Smith e o norte-americano Dane Reynolds não se recuperaram de contusões na costela e estão fora das disputas do Hurley Pro, em Trestles.

Assim, a ASP recorreu ao World Ranking e convocou os australianos Adam Melling e Tom Whitaker para a disputa nas rampas da praia californiana.

As trocas provocaram muitas mudanças na chave de baterias. Mudanças desagradáveis para o surfe brasileiro.

Os estreantes Gabriel Medina e Miguel Pupo não estão mais na mesma bateria, mas continuam em disputas envolvendo outros brazucas.

Medina pega o cabeça-de-chave Adriano de Souza e o havaiano Dusty Payne. Uma bateria que tem tudo para ser uma das mais disputadas do primeiro round.

Pupo está em outra disputa não menos empolgante. Encara o australiano Julian Wilson e o catarinense Alejo Muniz. Alguém é capaz de arriscar um palpite?

Jadson André não terá, ao menos por enquanto, a revanche contra Taj Burrow. Foi remanejado para enfrentar outro top, Joel Parkinson, e o sul-africano Travis Logie.

Heitor Alves até se deu bem. Em vez de ter o atual vice-líder do ranking pela frente, o australiano Owen Wright, agora vai encarar o francês Jeremy Flores e a novidade havaiana, John John Florence.

O outro integrante do time brazuca, Raoni Monteiro, também terá uma bateria menos complicada. Fugiu da disputa contra Joel Parkinson e agora encara os experientes Bede Durbidge e Taylor Knox.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Novatos cara a cara em Trestles


Heitor Alves (E) encara o vice-líder. Miguel (D), campeão este ano no Prime de Trestles, enfrenta o amigo e também estreante na elite, Gabriel Medina.

Saíram as baterias do Hurley Pro, primeira das etapas desta segunda metade do ano do Dream Tour, a divisão de elite do Circuito Mundial de Surfe.

Para os brasileiros, uma notícia, no mínimo, indigesta. Os estreantes Gabriel Medina e Miguel Pupo (foto, à direita) estão na mesma bateria, ao lado do cabeça-de-chave Bede Durbidge. Ruim pra gente, pior pro australiano. Nas rampas de vôo de Trestles, Supermedina e Pupo têm tudo para estrear com um grande resultado.

Raoni Monteiro vai testar a fase de recuperação no Circuito contra o top Joel Parkinson e irregular Kai Otton.

Heitor Alves (foto, topo) vai encontrar ninguém menos que a atual sensação do Tour, campeão em Nova York e novo vice-líder do ranking, Owen Wright. Travis Logie completa a bateria. O cearense venceu Fanning e Parko em NYC. Está aí mais uma chance para conquistar uma daquelas vitórias que elevam um competidor a outro patamar.

Sobre Heitor, acho que se um dia o cearense perceber que a diferença de nível entre ele e os caras que estão no topo do ranking está mais na cabeça dele do que na hora de matar uma onda, será muito grande a chance de vê-lo com frequência nos pódios do Dream Tour.

Alejo defende a boa fase contra o sempre duro Michel Bourez e o irregular Daniel Ross. Apesar do melhor resultado no Tour, conquistado na etapa passada, ficou faltando a Alejo uma grande atuação, com pontuação alta, como ele conseguiu na Gold Coast.

Os outros dois brasileiros vão reeditar duelos que aconteceram na etapa passada, em Nova York. As motivações são diferentes.

Jadson André tem uma ótima chance para se vingar da injusta derrota contra Taj Burrow. O português Tiago Pires, salvo do corte por muito pouco, corre por fora.

Adriano de Souza tem nova chance de derrotar o ascendente Josh Kerr. Em Long Beach, Mineirinho surfou muito bem, alcançou uma pontuação que o fari avencer a maioria das outras baterias do primeiro round, mas esbarrou em um Kerrazy inspirado. Patrick Gudauskas é outro que deve ficar de espectador privilegiado.

A etapa de Trestles marca também a estreia de John John Florence. Ele pega uma bateria traiçoeira, contra um Fanning que não anda lá tão bem, mas que não é bicampeão mundial à toa, e o experiente Chris Davidson.

O líder Slater pega Fredy P. e um wild card. Jordy Smith volta após a lesão nas costelas e terá pela frente Brett Simpson e o outro convidado. Outro retorno é o de Dane Reynolds que está ao menos escalado contra Julian Wilson e Damien Hobgood.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

John John, Medina e Pupo

A ASP confirmou o havaiano John John Florence como integrante do WT até o final do ano. Ele entra na vaga do australiano Yadin Nicol, que seria uma das novidades, mas quebrou o perônio e vai ficar pelo menos quatro meses em recuperação.

Assim, é John John quem se junta a Gabriel Medina e Miguel Pupo como as novidades na segunda metade do WT. E que novidades!

Os três são apontados há muito tempo por quem acompanha o surfe como prováveis nomes a dominar o esporte nos próximos anos. Para essa previsão se tornar ainda mais forte, as três novidades entram no WT muito novos - Medina com 17 anos, John John com 18 e Miguel prestes a completar 20 anos. Ou seja, terão tempo para ganhar experiência já dentro do Tour.

Com as manobras progressivas cada vez mais valorizadas pelo julgamento da ASP, não vai me causar qualquer surpresa se qualquer um dos três protagonizar estragos diante dos tops até o final do ano.

No caso de John John, ainda conta a vantagem de ter crescido surfando as ondas havaianas. Ou seja, picos tubulares e pesados não serão problema para ele, enquanto Medina e Pupo ainda precisam de mais rodagem nessas condições para fazer frente aos tops.

Mas, como a primeira das etapas é no playground de Trestles, aposto mais nos brazucas como protagonistas de grandes surpresas diante de Slater e cia.

domingo, 11 de setembro de 2011

Logie e Freddy P ficam com últimas vagas


A ASP divulgou neste sábado a lista definitiva dos surfistas que disputam o WT até o final do ano. Como já havia sido noticiado, os brasileiros Gabriel Medina (foto) e Miguel Pupo e o australiano Yadin Nicol são as três únicas novidades.

Travis Logie, por ser o 33° colocado no World Ranking, e Fredrik Patacchia, por ter ficado de fora de duas etapas, por lesão, completam a lista dos Top 34. Cada etapa contará ainda com dois wild cards, os surfistas convidados que normalmente saem das triagens realizadas pelos patrocinadores de cada evento com os integrantes das suas equipes.

NOVOS ASP TOP 34:

1. Kelly Slater (USA)
2. Jordy Smith (ZAF)
3. Owen Wright (AUS)
4. Mick Fanning (AUS)
5. Taj Burrow (AUS)
6. Jeremy Flores (FRA)
7. Joel Parkinson (AUS)
8. Adrian Buchan (AUS)
9. Bede Durbidge (AUS)
10. Michel Bourez (PYF)
11. Adriano de Souza (BRA)
12. Julian Wilson (AUS)
13. Damien Hobgood (USA)
14. Josh Kerr (AUS)
15. Alejo Muniz (BRA)
16. Gabriel Medina (BRA)
17. Kieren Perrow (AUS)
18. Raoni Monteiro (BRA)
19. Matt Wilkinson (AUS)
20. Jadson Andre (BRA)
21. Heitor Alves (BRA)
22. Chris Davidson (AUS)
23. Brett Simpson (USA)
24. Dane Reynolds (USA)
25. Patrick Gudauskas (USA)
26. Daniel Ross (AUS)
27. Yadin Nicol (AUS)
28. Miguel Pupo (BRA)
29. Dusty Payne (HAW)
30. Kai Otton (AUS)
31. Taylor Knox (USA)
32. Tiago Pires (PRT)
33. Travis Logie (ZAF) - Wildcard ASP
34. Fredrick Patacchia (HAW) - Convite para surfistas que se machucaram durante a temporada
1st Alternate: John John Florence (HAW)
2nd Alternate: Adam Melling (AUS)


Triagens de verdade e democratização


Surfistas que estão bem no World Ranking, como Jessé Mendes, mas que estão fora do Top 34, deveriam participar das triagens das etapas do WT.

Por que a ASP não reativa as triagens nas etapas do WT? Triagens de verdade, não os campeonatos restritos aos surfistas da equipe do patrocinador do evento, como tem acontecido. Ok, os caras bancam a etapa e os wild cards (como são chamados os convites) são reservados aos patrocinadores. Mas por que não incluir nessas disputas os surfistas que estão mais bem colocados no World Ranking entre os que estão fora da elite?

Após a decisão de considerar apenas o World Ranking para definir quem permanece na elite para a segunda metade do ano, a medida fortaleceria ainda mais essa nova classificação que engloba os resultados obtidos por um surfista em qualquer tipo de campeonato (WT, Primes e Stars).

No ano passado, a ASP diminuiu a chave das etapas do WT de 48 para 36 surfistas, principal mudança no formato do circuito nos últimos anos. Os argumentos foram de que a medida encurtaria o período de duração de cada etapa e a premiação seria dividida entre menos gente, proporcionando uma remuneração maior aos tops.

Mas não há como negar que a decisão também restringiu a briga pelo título mundial. Primeiro, por uma questão básica de matemática - os integrantes da elite passaram de De 45 para 34 surfistas. Além disso, alguns competidores que estavam no WT no primeiro semestre não conseguiram se requalificar e os novatos não terão condições de se tornar campeão nem que vençam todas as etapas até dezembro.

Atualmente, o World Ranking já é utilizado para definir quem figura na elite, com um corte agora, no meio da temporada, e quem são os cabeças de chave de cada etapa.

Mas imagine como o WR cresceria de importância se os surfistas colocados entre o 34° e o 40° lugares, por exemplo, ganhassem o direito de disputar uma triagem com convidados dos patrocinadores e representantes locais do país-sede de cada etapa do WT. Sem dúvida seria um molho a mais.

Se o cara é novo no circuito, está subindo no ranking só com Primes e Stars, mas tem surfe para fazer um estrago na elite, já teria a chance de pontuar na corrida pelo título mesmo estando fora dos Top 34. Um bom exemplo é Gabriel Medina. Ele já poderia ter tido a chance de disputar outras etapas do WT deste ano se passasse por algumas triagens antes de garantir um lugar cativo na elite.

No caso dos que não se requalificaram nesse corte de meio de ano, se eles se mantivessem ao menos entre os 40 melhores, teriam a chance de continuar na briga, via triagens.

E seria bacana se, ao contrário do que ocorre na elite, quando as vagas valem até o final do ano, esses convites para as triagens fossem feitos a quem ocupasse um lugar entre 34° e 40° do WR até uma semana antes de cada etapa.

Tenho certeza de que essa ação devolveria um caráter mais democrático ao circuito, algo que ficou arranhado com a mudança do ano passado.

PS: Antigamente, quando ainda não havia o formato do antigo WCT, agora WT, toda etapa tinha uma triagem com os surfistas que não tinham ranking suficiente para entrar na chave principal. O tênis, que serve de inspiração para o formato adotado pela ASP, faz um qualifying em cada uma das etapas, também com os jogadores que não conseguem, via ranking, um lugar na chave principal.

sábado, 10 de setembro de 2011

Quer o surfe mais forte? Melhore o julgamento


Essa semana, o fenômeno Kelly Slater postou no Twitter que o 332° melhor tenista do ranking vive melhor que o 32° melhor surfista.

É quase verdade. Se compararmos, o 32° do World Ranking, o portuguiês Tiago Pires, arrecadou mais ou menos o mesmo (cerca de US$ 70 mil) que o 231° do ranking mundial de tênis, o norte-americano Tim Smyczek.

São muitas as diferenças entre os dois esportes e os motivos que levam o surfe a ser uma modalidade menos remunerada que o tênis.

Não falo nem pelo que aconteceu em NYC, onde a etapa do WT mais parecia uma expression session. Falo do que acompanho nos campeonatos de surfe ao longo de mais de 20 anos.

Mas, na minha humilde opinião, o julgamento é o maior entrave para que o surfe se torne um esporte mais reconhecido e, consequentemente, mais forte e com melhor premiação.

Não vou nem falar de tramas, máfias, privilégios aos tops, da força que é ter uma logo da Quiksilver ou Billabong no bico da prancha. Não é preciso falar o que todo mundo sabe.

Falo da questão técnica, da falta de um critério mais bem definido para se chegar à nota de uma onda. Isso deveria ser fruto de um longo debate. Uma dica: consultas a entidades de esportes onde há o julgamento subjetivo ajudaria. Ginástica, saltos ornamentais, skate, até mesmo o futebol.

É desestimulante ver que o julgamento muda de etapa para etapa. De bateria para bateria. Um competidor pega uma onda, manda dois carvings perfeitos e um aéreo na junção e recebe 7. Três baterias depois, outro competidor pega uma onda melhor, manda dois carvings perfeitos, um batidão e um aéreo na junção e recebe 6,5. Estamos cansados de assistir a essa situação nos eventos.

Deveria haver um critério padrão, muito bem definido, para julgar onda a onda. Independentemente do que aconteceu no restante da bateria. Sem importar se foi a primeira onda surfada na bateria ou se o adversário conseguiu determinada nota na onda anterior.

Quem nunca teve a sensação de que a nota dada a um surfista foi dada a partir do que ele precisava para virar (ou não) uma bateria? Horas de espera para sair a nota, o replay sendo mostrado insistentemente aos juízes... Quando deveria ser algo padrão, onde não importasse se o resultado pudesse mudar o destino de uma disputa.

Sem um julgamento claro e objetivo, fica difícil explicar como a coisa funciona a alguém que nunca viu um campeonato de surfe. E assim, seguimos restritos ao nosso pequeno público. Sem grandes patrocinadores de fora do surfe e com uma premiação muito inferior a outros esportes.


Desempenho brasileiro na etapa de NYC


A esquadra brazuca garantiu o melhor resultado coletivo dos últimos anos no WT. Todos avançaram aos R3 e três chegaram ao último dia do evento. Para se ter uma ideia do momento dos brasileiros, se a classificação para o WT ainda contasse os resultados do ranking da elite, todos os nossos cinco representantes estariam se reclassificando para a segunda metade da temporada sem depender dos resultados no QS. Mineirinho é Top 5, Alejo (foto by QSproNY) e Jadson já batem à porta dos Top010 e Heitor e Raoni fecham os Top-22.



Alejo Muniz (3°) - Se não apresentou um surfe espetacular, ao menos foi seguro e competente para garantir as pontuações necessárias para vencer as baterias e alcançar seu melhor resultado no Tour. Segue a passos largos para se tornar o rookie of the year.

Heitor Alves (5°) - Outro que conquistou o melhor resultado do ano, o cearense poderia ter chegado ainda mais longe se tivesse sido mais consistente. Voltou a cair demais da prancha nos momentos decisivos, mas, ainda assim, conquistou vitórias expressivas sobre Joel Parkinson e Mick Fanning. E ainda acertou uma das melhores manobras do evento, um aéreo 360° de backside.

Jadson André (5°) - Apesar da vitória na estreia, pode-se dizer que engrenou aos poucos. Passou bem pela terceira fase, mas ficou perdido no meio da disputa entre Slater e Kerr, no round 4. Depois, derrotou Mineirinho com autoridade e garantiu uma clara vitória sobre Taj Burrow. Pena que os juízes não viram.

Adriano de Souza (9°) - Fez um grande campeonato, com o surfe encaixado nas ondas de Long Beach, mas sofreu com a falta de sorte. Primeiro, pegou um Josh Kerr endiabrado e acabou caindo para o R2. Aí vieram vitórias tranquilas sobre Logie e Gudauskas e uma disputa igual contra Taj no R4, onde o australiano já havia aido mais uma vez supervalorizado em suas notas. No R5, veio de novo a falta de sorte ao encarar um Jadson endiabrado e acabou eliminado.

Raoni Monteiro (13°) - Em plena recuperação no Tour, Raoni fez boa estreia em uma bateria com pontuação baixa e avançou diratamente para o R3 em cima de do sempre perigoso Michel Bourez. Encarou de igual para igual a um inspirado Josh Kerr e poderia ter vencido se tivesse um pouco mais de paciência nos minutos finais da bateria, quando estava com a prioridade.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Campeonato de surfe ou expression session?

Antes de mais nada, cabe um esclarecimento. Acompanho o surfe há mais de 20 anos e sou totalmente adepto das manobras progressivas. Dito isso, lá vai a crítica, na lata: A etapa de NYC esteve mais para expression session do que para um campeonato de surfe.

Não tem a ver com nostalgia, nada disso. Repito: adoro ver os aéreos (nas suas mais diversas formas), rabetadas e carvings invertidos. Mas não dá para concordar que ver um surfista acelerar toda a onda para buscar uma única manobra, por mais alucinante que ela seja, possa ser considerado o ideal da onda surfada de forma perfeita.

Fico imaginando, por exemplo, o que os juízes fariam se Taj Burrow ou o próprio Slater, pegassem uma onda e mandassem um aéreo animal na primeira sessão da onda e a destruísse com uma série de manobras bem feitas. Seria justo ser pontuada com o mesmo 10,0 dado ao Careca por um (super) aéreo e nada mais?

O precedente foi aberto já nas primeiras fases, quando Josh Kerr voou bem alto em dois aéreos e recebeu notas acima de 9,0. Estava decretado: não adianta esbofetar as ondas com batidas, carvings, cutbacks ou mesmo rabetadas. Não perca tempo sequer em andar boa parte da onda por dentro, entubando. O que vale é voar.

E nessa levada, o campeonato foi se desenrolando. Na semifinal, Taj liderava após esculhambar algumas ondas com manobras "convencionais" como batidas desgarrando a rabeta, floaters despencando do lip, ou mesmo aquela manobra jurássica, como é mesmo o nome? tubos! Isso, tubos. Atrás no placar, Slater nem tentou disfarçar. Sabia o que os juízes queriam para que ele avançasse naquela expression session. Tentou uma, duas, até que na terceira vez, acelerou o quanto pôde, passou por diversas sessões manobráveis e mandou um aéreo rodando mosntruoso. Lindo, magnífico, que ganhou o 10,0 necessário para bater o freguês e avançar à final.

E eis que a decisão foi monopolizada pelas surpreendentes esquerdas que quebraram em Long Beach. O Careca esbofetou várias delas, mandou floaters insanos... Mas não conseguiu descolar um único aéreo. Já Owen Wright fez mais. Esfregou na cara dos juízes, do público e, porque não, do próprio Slater, alguns aéreos encaixados em meio a um amplo repertório de manobras. Convencionais, progressivas, que seja, mas, acima de tudo, radicais. Aéreo como uma manobra com alto poder letal, mas não como a única salvação.

Como torcedor incondicional dos brazucas, ao menos consegui tirar algo de bom desse perigoso precedente aberto pelo julgamento da ASP: Com a chegada de Gabriel Medina e Miguel Pupo ao Tour, nunca tivemos chances tão concretas de fazer um campeão mundial.

Pobre de quem cruzar com os dois rookies na próxima etapa do WT, em Trestles.