quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um dia histórico para o surfe mundial.


Ke11y Slater levanta, na praia de Ocean Side, em San Francisco, o troféu de hendecampeão mundial (11 títulos) e estende a marca que jamais será alcançada por outro surfista. Antes das disputas começarem, tops homenagearam Andy Irons, que exatamente há um ano partia para surfar outras ondas. (Fotos: Cestari/ASP)


Se tem algo a ser dito sobre o histórico dia 02 de novembro de 2011, em relação ao surfe mundial, é que ele foi intenso.

O dia em que Kelly Slater conquistou o 11° título mundial. Ok, recordes são para ser quebrados, mas essa é uma marca que parece que jamais será igualada. Onze títulos mundiais. Conquistados em um período de 20 temporadas.

Aparecerá alguém capaz de ser dominante tão novo? Alguém capaz de esticar a longevidade dentro do esporte sem perder o posto de Rei? Alguém capaz de passar por tantas fases conseguindo se moldar para se manter como o melhor do mundo.

Slater já venceu ao menos uma vez todas as etapas em atividade no WT. A exceção é New York, mas, vamos dar um desconto. Foi disputa pela primeira vez este ano e o careca foi vice.

Hendecampeão. É como se chama quem tem onze títulos.

Por essas ironias do destino, o hende veio no dia em que o surfe mundial também tem grande significado, mas por um motivo totalmente inverso. Em que não há o que se comemorar.

Há um ano, o mundo perdia Andy Irons. O havaiano de 32 anos, tricampeão mundial e o único surfista do mundo que um dia botou Kelly Slater no bolso.

Não se trata de vencer o careca em uma bateria, ou mesmo em um evento. Nosso Super Medina fez isso um dia desses, com direito a combination. A briga era outra. E de cachorro grande.

Envolvia títulos mundiais, o domínio no esporte, rivalidade, imagem, milhões. Uma disputa regada a uma boa dose de ódio, alimentada pela imprensa, pelos amigos de ambos. Por eles próprios.

E nessa disputa, Andy levou a melhor. Não foi o maior campeão, não detém os recordes, não foi número 1 por tanto tempo. Mas esse duelo com o Rei quem venceu foi o inesquecível e terno A.I.

Muito bacana a atitude dos pros nesse dia. Desde a madrugada, vários tweets de norte-americanos, havaianso, australianos, brasileiros, europeus... Simplesmente "A. I.", alguns acompanhados de um "forever".

E como o mundo continua a girar, como A.I. já se foi, Slater um dia terá que pendurar a prancha, o surfe precisa de novos caras. Hoje também foi o dia final da etapa brasileira do Mundial Pro Júnior.

E enquanto Slater levantava mais um caneco e o mundo reverenciava Andy Irons, a Brazilian Storm não parava de cair sobre o universo do surfe. Caio Ibelli repetiu as vitórias recentes de Medina, Mineiro e Pupo e bateu o ex-campeão Jack Freestone.

Não resta nenhuma dúvida de que Ibelli está pronto para se juntar a Medina, Pupo, Alejo, Jadson, Mineiro, Jessé, Camarão e engrossar a orda de jovens guerreiros que estão elevando o Brasil a um outro patamar no Circuito Mundial de Surfe.

Ah, o dia 02 de novembro de 2011 também contou com algumas ótimas participações dos brasucas na etapa de San Francisco do WT. É que, diante desses outros fatos, não havia como falas sobre elas antes.

Medina seguiu no rumo de forte candidato a ocupar uma vaga no pelotão da frente ao surfar com muita segurança para garantir outra vitória com autoridade. O derrotado da vez foi Freddy Patacchia, que vinha em uma boa recuperação no Tour.

Para o havaiano, foi como se tivesse se chocado em um muro sem sequer ter pisado no freio.

Pupo já garantiu o melhor resultado na elite. Na repescagem entubou fundo para eliminar Kai Otton, com direito a combo.

Pobre Kai, outro que deu de frente com um muro.

No round 3, em uma bateria com poucas ondas, disputa apertada contra Ace Buchan. E aí o que mais valeu foi a personalidade para, nessa condições, derrotar um cara acostumado a ter vaga no Top-10.

No round 4, teremos a bateria Kelly Slater x Gabriel Medina x Miguel Pupo.

O terceiro brasuca classificado para o no loser round foi Alejo Muniz. Mais uma vez ele começou devagar, bem devagar. Apenas a 4min38s do final ele fez a primeira boa onda. Nos minutos seguintes pegou mais outras duas e derrotou de virada ao carioca Raoni Monteiro.

A Raoni resta o consolo da bela bateria contra Dusty Payne, no round 2. E ao fato de que teria vencido algumas baterias com a pontuação que alcançou diante de Alejo.

Mineiro também entrou na água em um momento em que o mar estava muito difícil. Kieren Perrow achou alguns tubos, provavelmente a única coisa que ele faz em que é acima da média, e levou.

Jadson não conseguiu encaixar o surfe nas ondas de Ocean Beach e não conseguiu sequer passar da repescagem. O resultado seguia apertado, o potiguar teve a chance de virar e ficou a 0,4 de conseguir, mas Taylor Knox achou outra boa no final e acabou por vencer com folga.

Só para lembrar que o cearense Heitor Alves, com uma contusão no joelho, ficou de fora da etapa.

O campeonato deve parar nessa quinta. A previsão é que retorne no sábado ou domingo.

Siga o blog no Twitter, no @blogdosurfe

Nenhum comentário: