quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Camarão: "Estou indo pro Hawaii com a cabeça boa. A hora é agora!"

Entrevista - Thiago Camarão

Thiago Camarão tem 21 anos e está muito perto de se tornar mais representante brasileiro na elite do surfe mundial. Ele ocupa atualmente o 38° lugar no World Ranking e está, praticamente, a um bom resultado de figurar no grupo dos Top-34 para 2012. Atualmente ele respira os ares do WT, já que está em San Francisco, acompanhando a penúltima etapa do circuito deste ano, antes de embarcar para o Hawaii, onde o Tour será encerrado. Camarão conversou com o Blog do Surfe e falou um pouco sobre a boa fase, os bons resultados obtidos pelos brasileiros na atual temporada e como vai encarar a reta final da temporada.

Blog do Surfe - Há uns dois, três anos, a referência de quem sempre acompanhou os campeonatos sobre o competidor Thiago Camarão era a de um cara que sempre quebrava em uma ou outra bateria, principalmente nas fases iniciais, mas que depois não conseguia chegar muito longe. O que mudou basicamente pra você agora estar forte na briga por uma vaga no WT 2012?

Thiago Camarão - Quando eu peguei a onda no Hawaii, me deu mais confiança para o resto do meu ano [uma onda de Camarão em Pipeline foi considerada a melhor da temporada-2010 no arquipélago]. Hoje em dia respiro surf como eu fazia quando eu era amador! Mudei o meu cotidiano em muitos aspectos... Hoje em dia treino funtional, academia, mentalizo e estou muito mais focado e preparado.

Blog do Surfe - Essa posição em que você se encontra agora... Foi algo que você planejou pra agora ou simplesmente os resultados foram se encaixando e, de repente, aconteceu até mais cedo do que você e seus patrocinadores esperavam?

Camarão - Eu sempre busquei um espaço no WT, mas nunca achei o caminho para isso acontecer mais cedo. Uma coisa que me deu muita vontade de estar lá é que vi surfistas que não acho melhores do que eu e que estão lá há muitos anos. Isso me fez querer mais ainda esse sonho, e me fez acreditar que eu posso.

Blog do Surfe - Você acha que ainda precisa melhorar algo no seu surfe pra estar no nível dos caras do WT? O que você aponta como pontos fortes e pontos a melhorar?

Camarão – Bom, sem dúvida o meu forte são os aéreos e o meu frontside. Disso eu não tenho dúvida. Quanto a melhorar, sei que tenho muito a crescer, inclusive o meu backside, que tive muita dificuldade para começar a tirar pontos no WQS. Hoje em dia estou evoluindo muito rápido e os resultados estão aparecendo.

Blog do Surfe - A gente vê que as manobras progressivas são uma tendência forte no Tour, principalmente dos caras mais novos, como você. Mas porque os brasileiros, nitidamente, estão um pouco a frente dos demais na hora de voar? Às vezes a impressão que eu tenho é de que o que os gringos fazem nos filmes os brasileiros fazem nas baterias...

Camarão – Essa eu pulo!!!! Hehehehehehhehhe... Ah, sei lá, a galera tá com o aéreo na manga e estamos aplicando com mais facilidades nas baterias, mas até no surfe de linha e tubo estamos de igual para igual. Digo isso pelo o que tenho visto no WT, como o 10 do Raoni em Teahupoo, a vitória do Medina, a do Mineiro em Supertubes. Não acho que o forte dos brasileiros são só os aéreos, acho que, dependendo das condições, uns surfistas se destacam mais do que os outros.

Blog do Surfe - Como é que tá a cabeça pra essas duas etapas finais do QS? Etapas no Hawaii, ondas pesadas, com muitos caras do WT na água, os sempre duros havaianos... Como é que você trabalha a questão da pressão de ter que fazer ao menos um grande resultado?

Camarão - A pressão está aí há um tempo, já. E agora é reta final, estou indo tranquilo, de cabeça boa e muito confiante de sair com um bom resultado em algumas das etapas. Sei da dificuldade que vou ter, mas acho que tudo isso dá para trabalhar para que, quando começarem os campeonatos, eu já esteja pronto para todas as condições, pois já tenho um carga de Hawaii e isso pode me ajudar.

Blog do Surfe - Esse ano o Brasil já levou três etapas do WT, quatro primes, teve aquele resultado histórico em Trestles, com cinco brasileiros entre os oito finalistas, Mineiro liderou o ranking, Medina e Miguel entraram no corte do meio do ano... Na sua opinião, qual a explicação pra esse novo momento do Brasil no Tour?

Camarão – Cara, the brazilian arrived!!! Chegamos pra ficar, não tem jeito. Acho que, com essa nova geração que temos, tudo pode acontecer. Só espero estar lá no ano que vem para mostrar um pouco do que eu venho treinando !!! Acho que a hora é agora. O Brasil está em evidência no Circuito Mundial!

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