Li há uns dias a coluna do jornalista e ex-top Alex Guaraná na Fluir. Ele se justifica pelos textos críticos sobre a participação dos brasileiros no WCT nos últimos anos. Suas últimas opiniões deixaram nossos tops chateados.
Sinceramente, acho que ele nem precisava passar esse recibo. Não vejo uma vírgula de excesso em suas análises.
A partir daí, fico imaginando que os comentários que os Tops brasileiros gostam são os que eles recebem do pessoal da Sportv. Como eu nominei o Alex Guaraná, não vejo problema em citar o pessoal da Sportv.
Até porque, antes de mais nada, sou um fissurado no trabalho da emissora. Faz um enorme serviço ao surfe, massificando o esporte como competição, popularizando nossos atletas, formando ídolos.
Agora, os apresentadores do Zona de Impacto e o ex-campeão brasileiro Pedro Muller concordarem que os brasileiros tiveram uma boa participação no Chile é brincadeira. É o caso deles se perguntarem se não estão tratando os espectadores como idiotas.
Eu escuto isso do pessoal que é responsável por formar opinião e me sinto indignado. Talvez isso agrade somente a quem não tem tutano ou então aos tops brasileiros, que ganham uma força pra achar que estão no caminho certo.
Não estão. A gente que gosta, que torce e que sabe do potencial dos caras, tem todo o direito de esperar por mais.
Em quatro etapas, nossos sete representantes conseguiram, no máximo, três nonos lugares. A melhor colocação, o quinto lugar no México, foi alcançada por um wild card.
Não consigo acreditar que os tops brasileiros estão satisfeitos com isso. Além do fato de termos somente dois surfistas entre os 28 que permanecem na elite pelo ranking do próprio WCT e os dois em 24o lugar.
Essa conversa de que os gringos têm mais apoio, melhores condições, sinceramente, é insuficiente. Os tops brasileiros já surfaram diversas vezes nos melhores picos do mundo, bancados pelos seus patrocinadores. Alguns, como Neco, Pigmeu e Mineirinho viveram na Austrália. Outros, como Raoni e Léo Neves, moram em Saquarema, onde rolam ondas de nível internacional. E o Vitinho? Está no circuito há quantos anos, quinze? Todo ano no Havaí, Tahiti, Ilhas Reunião, África do Sul...
E tem mais. Sabe o que caras como Ayrton Senna, Nélson Piquet, Gustavo Borges e Gustavo Kuerten tiveram que encarar quando ainda não eram super-estrelas? Rango barato, moradia modesta, muita ralação e infra-estrutura inferior à dos adversários nascidos no Primeiro Mundo.
Talvez, a mudança de atitude que nossos tops tanto precisam comece quando eles decidirem olhar pra dentro de si próprios.
Sorte aos brasucas e parabéns ao Alex Guaraná.
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