sexta-feira, 29 de junho de 2007

Eu não digo que está tudo bem

Li há uns dias a coluna do jornalista e ex-top Alex Guaraná na Fluir. Ele se justifica pelos textos críticos sobre a participação dos brasileiros no WCT nos últimos anos. Suas últimas opiniões deixaram nossos tops chateados.

Sinceramente, acho que ele nem precisava passar esse recibo. Não vejo uma vírgula de excesso em suas análises.

A partir daí, fico imaginando que os comentários que os Tops brasileiros gostam são os que eles recebem do pessoal da Sportv. Como eu nominei o Alex Guaraná, não vejo problema em citar o pessoal da Sportv.

Até porque, antes de mais nada, sou um fissurado no trabalho da emissora. Faz um enorme serviço ao surfe, massificando o esporte como competição, popularizando nossos atletas, formando ídolos.

Agora, os apresentadores do Zona de Impacto e o ex-campeão brasileiro Pedro Muller concordarem que os brasileiros tiveram uma boa participação no Chile é brincadeira. É o caso deles se perguntarem se não estão tratando os espectadores como idiotas.

Eu escuto isso do pessoal que é responsável por formar opinião e me sinto indignado. Talvez isso agrade somente a quem não tem tutano ou então aos tops brasileiros, que ganham uma força pra achar que estão no caminho certo.

Não estão. A gente que gosta, que torce e que sabe do potencial dos caras, tem todo o direito de esperar por mais.

Em quatro etapas, nossos sete representantes conseguiram, no máximo, três nonos lugares. A melhor colocação, o quinto lugar no México, foi alcançada por um wild card.

Não consigo acreditar que os tops brasileiros estão satisfeitos com isso. Além do fato de termos somente dois surfistas entre os 28 que permanecem na elite pelo ranking do próprio WCT e os dois em 24o lugar.

Essa conversa de que os gringos têm mais apoio, melhores condições, sinceramente, é insuficiente. Os tops brasileiros já surfaram diversas vezes nos melhores picos do mundo, bancados pelos seus patrocinadores. Alguns, como Neco, Pigmeu e Mineirinho viveram na Austrália. Outros, como Raoni e Léo Neves, moram em Saquarema, onde rolam ondas de nível internacional. E o Vitinho? Está no circuito há quantos anos, quinze? Todo ano no Havaí, Tahiti, Ilhas Reunião, África do Sul...

E tem mais. Sabe o que caras como Ayrton Senna, Nélson Piquet, Gustavo Borges e Gustavo Kuerten tiveram que encarar quando ainda não eram super-estrelas? Rango barato, moradia modesta, muita ralação e infra-estrutura inferior à dos adversários nascidos no Primeiro Mundo.

Talvez, a mudança de atitude que nossos tops tanto precisam comece quando eles decidirem olhar pra dentro de si próprios.

Sorte aos brasucas e parabéns ao Alex Guaraná.

Irons na briga


Andy Irons deu show. Levou o título do Rip Curl Search pelo segundo ano seguido e com todo o merecimento.


Começou devagarinho, quando caiu pra repescagem após perder para Pancho Sullivan e quando quase foi eliminado pelo chileno Manuel Navarras.


Depois, atropelou quem apareceu pelo caminho.


Andy Irons e Kelly Slater se parecem nesse sentido: quando surfam de backside em ondas tubulares, são capazes de derrotar qualquer bom tuberider goofy. Normalmente derrotam. E o WCT tem caras como os Hobgood, Bobby Martinez, Cory Lopez, Occy...


Os outros bons tuberiders regulars nunca mostraram o mesmo punch de Irons e Slater quando surfam de backside. Talvez por isso os dois tenham ganho tantos títulos, já que o Tour é cheio de etapas com bombas para a esquerda: Teahupoo, Pipeline, Mundaka, Tavarua e agora El Gringo.


Com a vitória, Iron também entra de vez na briga pelo título. Se considerarmos um descarte, Mick Fanning tem um 1o, um 2o e um 3o lugares, enquanto Irons e Damien Hobgood têm um 1o, um 3o e um 5o.


E o Slater? Apenas em 6o lugar, ainda fora da briga.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Pacto naufraga outra vez

Se o pacto firmado pelos brasileiros do WCT, para colocar ao menos um representante na final de cada campeonato, deu em água nas três primeiras paradas do Tour, em Arica, onde acontece o quarto evento do ano, o pacto naufragou de vez.

Nas duas provas disputadas na Austrália e no campeonato do Tahiti, o máximo que conseguimos foi ter um surfista nas oitavas-de-final.

Em Arica, ao menos repetimos o resultado. Bruno Santos passou agora há pouco pelo vice-líder do ranking, Taj Burrow.

Mas Bruninho não é integrante do WCT. Ele disputa a etapa como convidado da Rip Curl, patrocinadora do evento e do próprio Bruno. Os outros, que estão na batalha por uma melhor posição no ranking, conseguiram no máximo o 17o lugar.

Não sou pessimista. Se fosse, seria também um tremendo de um masoquista, pois um dos meus maiores hobbies é acompanhar os brasileiros no Tour. Mas confesso que, desde a primeira vez que ouvi falar nesse tal pacto, não botei a menor fé.

Acho que temos condições de avançar mais e pra isso não é preciso nenhum pacto. Pra ver nossos representantes chegando às quartas-de-final com mais constância, ou mesmo às semifinais, finais e, por que não, ao topo do pódio, é preciso, fundamentalmente, uma coisa: atitude.

Dá pra notar daqui, da tela do meu notebook. Nas baterias com três caras, os brasileiros surfam de um jeito. Soltos, com segurança. Dificilmente caem da prancha ou deixam de completar um tubo. Com esse espírito, a gente sente que até mesmo a sintonia com as ondas flui melhor.

Nas baterias homem-a-homem, quando perder significa ir embora, a coisa muda radicalmente. E a gente sempre fica com a impressão de que o cara surfou abaixo do que pode render.

Falei em atitude, porque parece que o problema maior é a falta de preparo psicológico. Até porque o problema se agrava quando a bateria é contra um top como Slater, Irons ou Fanning.

Mas tá na cara que falta também estratégia para esse tipo de bateria em que a disputa é direta, um contra o outro. Nas baterias de quatro caras o nível de estresse é infinitamente maior, até porque, tirando a final, é muito comum um cara estar em último e, com uma nota, passar para segundo lugar e colocar a mão na vaga pra próxima fase.

Na homem-a-homem, não. É matar ou morrer. E, nesse cenário sufocante, somos nós que temos morrido.

Mas essa questão específica do desempenho dos brasucas nas baterias homem-a-homem é assunto pra outro post.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Bom começo em El Gringo




Acho que é culpa dos ares sul-americanos. Mas a verdade é que, apesar das condições normalmente pouco favoráveis aos brasileiros, estamos indo bem, obrigado, na quarta etapa do Circuito Mundial de surfe, disputada no rolo compressor de El Gringo, em Arica, no Chile.

Dos oito surfistas brasileiros escalados para a competição, três passaram direto para a terceira fase, com a vitória na rodada inaugural. São eles o goofy Victor Ribas e os regulars Léo Neves (foto) e Raoni Monteiro. Outros cinco vão tentar a vaga na repescagem. Como o mar baixou mais cedo do que ontem, as disputas foram paralisadas. Só tem surfe em Arica amanhã.

A princípio, ninguém vai ter uma parada muito fácil, até porque, estamos falando de WCT. Bernardo Miranda, por exemplo, encara o ex-pcampeão mundial CJ Hobgood. Bruno Santos pega Tom Whitaker na primeira disputa após o reinício do evento. Se os tubos aparecerem pra Bruninho...

Neco Padaratz precisa mostrar seu surfe. Pois Dean Morrison surpreendeu na primeira fase e por muito pouco, coisa de segundos e de cenétimos de pontos, não despachou o líder Mick Fanning pra repescagem.

Rodrigo Dorneles faz uma bateria equilibrada contra o sul-africano Ricky Basnett. A boa notícia fica por conta de Adriano de Souza, que encara outro sul-africano, Royden Bryson. Contundido acima do supercílio, inclusive tendo que levar cinco pontos, Mineirinho passou a noite em observação e não teria competido se as ondas de El Gringo não tivessem baixado nesta quinta.

Entre os tops, nenhuma surpresa. Andy Iron, que adora perder para wild cards, foi o único que passou sufoco. Virou na última onda contra o chileno Manuel Selman. Com uma ajudinha dos juízes. Mas isso já virou rotina...

terça-feira, 19 de junho de 2007

Bruninho ganha vaga. Pior para Parko.


Após a final da triagem chilena, que apontou os dois últimos surfistas da chave principal do Rip Curl Search, ficou definida a composição das baterias da primeira fase.

Quem não deve ter gostado nada, nadinha, foi o australiano Joel Parkinson. O número 4 do ranking terá pela frente o pior dos wild cards que poderia pegar, isso é, se Arica demonstrar toda a sua potência. Trata-se do brasileiro Bruno Santos, que recebeu um convite do patrocinador e disputa, assim, sua segunda etapa seguida do WCT.

Em Teahupoo, Bruninho (foto) ficou nas semifinais das triagens, quando as ondas estiveram perfeitas e assustadoras. Mas acabou beneficiado por uma desistência de última hora. No entanto, na hora da festa principal, as ondas estiveram bem pequenas, os tubos não apareceram e o niteroiense acabou eliminado na segunda fase.

Imagino a sede com que Bruno Santos não está para fazer um bom papel no Chile. Deve estar rezando para que as condições estejam extremas, pois aí as suas chances diante de Parko e do também australiano Luke Stedman sobem consideravelmente.

O ano de Fanning?


O ano é de Mick Fanning. Ao menos isso é o que o australiano mostrou nas três primeiras etapas e o que a imprensa especializada vem propagando. Mas, será mesmo?


Fanning aproveitou muito bem as condições favoráveis nas etapas da Austrália, garantindo um título e uma semifinal em Snapper Rocks e Bells/Johana.


Na terceira etapa, a sorte o favoreceu. As verdadeiras ondas de Teahupoo praticamente não apareceram e aí ficou mais fácil para Fanning chegar à final. Ok, o australiano demonstrou uma clara evolução quando foi preciso botar pra dentro, inclusive foi o único a garantir uma nota 10 (na foto, ele entuba com estilo e calma). Mas fica difícil imaginar que, se as ondas estivessem pesadas, ele teria ficado com o vice-campeonato.


Por conta disso, a etapa de Arica é uma espécie de prova de fogo para Fanning. Se o pico fizer jus ao título de "Pipeline Chilena", será uma boa chance do líder do ranking demonstrar que realmente está no mesmo nível de Slater, Andy Irons ou Damien Hobgood em condições como essa. Nas ondas pequenas e médias, onde é preciso manobrar mais do que entubar, todo o mundo já sabe que Mick Fanning não deixa nada a dever. A ninguém.


A sorte parece mesmo estar do lado de Fanning este ano. Na primeira fase, terá como adversários o amigo e compatriota Dean Morrison e o chileno Cristian Merello, vice-campeão da triagem local. Cá entre nós, não parece uma missão impossível.


Quanto aos principais adversários, só Andy Irons terá uma disputa complicada, diante dos experientes Pancho Sullivan e Kieren Perrow. Slater e Hobgood terão pela frente adversários com pouco tempo de rodagem em tubos.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Brasileiros na primeira fase em Arica


Arica é uma esquerda pesada, tubular e gelada. É considerada a Pipeline chilena. Se realmente bombar essa semana, o show está garantido na quarta etapa do WCT, o Rip Curl Search.


Os brasileiros já sabem contra quem vão estrear. Se eu tivesse que apostar em alguém, defenderia meus trocados com Raoni, Neco e Pigmeu. Mas não vai ser fácil.


Victor Ribas - Escalado para a primeira bateria, encara o norte-americano Bobby Martinez, goofy-footer como o próprio Vitinho e muito habilidoso nos tubos. O outro adversário, o regular sul-africano Ricky Basnett, não deve ser problema.


Raoni Monteiro - Tem boas chances na terceira bateria, uma disputa entre três regulars. Apesar da boa campanha de Tom Whitaker em Teahupoo, sou mais Raoni contra o australiano e o norte-americano Gabe Kling. Na foto, Raoni treina em Arica.


Neco Padaratz - Único brasuza que ainda não venceu uma única bateria no WCT deste ano, o catarinense tem uma boa chance de se recuperar. Encara dois regulars sem histórico convincente nos tubos, os australianos Bede Durbidge e Philip MacDonald. Mas é preciso ser o mesmo Neco que venceu em Noronha e que tirou a nota 10 em Teahupoo.


Adriano de Souza - Único brasileiro a vencer na primeira rodda nas três etapas, dessa vez tem uma tarefa ingrata: encara o campeão em Teahupoo, o norte-americano Damien Hobgood, um dos melhores tube-riders para a esquerda do Tour. O outro adversário, Luke Munro, não deve ser problema.


Bernardo Miranda - Bom nessas condições, Pigmeu deve fazer um duelo de regulars contra o francês Jeremy Flores, que também tem classe pra entubar. Royden Bryson não tem um histórico favorável nessas condições e fica como azarão.


Léo Neves - Outro que tem uma parada indigesta. Encara o norte-americano Cory Lopez, testado e aprovado nas crateras de Teahupoo. Shaun Cansdell completa a bateria.


Rodrigo Dornelles - Kai Otton foi a revelação em Teahupoo e pinta como favorito. Josh Kerr, o outro adversário, não deve ser problema.

Mais uma chance para o pacto

Antes do início da primeira etapa do WCT deste ano, li uma notícia que falava sobre um pacto firmado entre os brasileiros que disputam a elite do Circuito Mundial de Surfe este ano. O pacto consistia em colocar ao menos um brasileiro em todas as finais do circuito deste ano. A notícia, entretanto, não falava como os brasucas fariam pra que o tal pacto obtivesse resultados.

Ao menos até agora, após três etapas, o acordo firmado entre nossos representantes no WCT não deu em nada. Na verdade, o máximo que conseguimos foi colocar um surfista em 9o lugar em cada uma das três primeiras provas. Um desempenho pra lá de sofrível.

O desempenho de Bernardo Miranda, Léo Neves e Raoni Monteiro, os únicos que chegaram às oitavas-de-final, até que não é ruim. Estão em empatados na vigésima posição, à frente de gente como Bobby Martinez, Fredrick Pattachia e CJ Hobgood, por exemplo. Mas, para que possamos classificá-los como destaques, é preciso que eles cheguem um pouco mais longe.

Por enquanto, os três apenas estão bem na briga para se manter na elite sem necessitar do ranking do WQS. Mas, em termos de alcançar uma boa posição no próprio WCT, é muito pouco.

A partir dessa semana, Pigmeu, Léo, Raoni e os demais brasileiros têm mais uma chance de fazer o pacto funcionar. É verdade que as condições de Arica, onde acontece o Rip Curl Search deste ano, não são nada favoráveis aos brasucas: Esquerdas pesadas, tubulares e geladas.

Mas quem quer se destacar entre os melhores do mundo não pode escolher uma onda para detonar, nem os adversários que terá pela frente.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Os dois tipos de julgamento do WCT


Kelly Slater, Andy Irons, Mick Fanning (foto), Taj Burrow e Joel Parkinson. Acho que se fizermos uma enquete sobre quem são os cinco melhores surfistas do mundo, vai ser muito difícil que algum outro cara, senão um desses cinco, apareça entre os vencedores.


Os caras realmente detonam. Surfam com muita velocidade, pressão e radicalidade, dominam todas as manobras, dificilmente caem e ainda são excelentes competidores, sabem o que fazer - e o que não fazer - durante uma bateria.


Mas o assunto desse artigo não é, exatamente, as qualidades dos cinco fabulosos.


"Pra passar por um desses caras em uma bateria é preciso não deixar dúvidas sobre a sua vitória. Não basta vencer, tem que vencer bem". Declarações dessa natureza, talvez com outras palavras, já foram ditas por diversos componentes do WCT.


Quem acompanha assiduamente as transmissões da divisão de elite do Mundial, provavelmente já teve, em algum momento, essa mesma impressão. A despeito da capacidade e competência comprovada dos caras, normalmente parece que existe um julgamento para esses cinco e outro para o restante dos competidores.


Quem assiste aos campeonatos e entende um pouco de surfe, é inevitável pegar a manha do julgamento e começar a, meio que mecanicamente, dar as suas notas durante a transmissão de uma bateria. Minha mulher, Marta, é um exemplo disso. Nunca pegou onda, gosta de assistir vez em quando e, acreditem, já pegou o jeito pra coisa.


Isso é bacana, pois faz do julgamento algo mais claro para os aficcionados e ajuda na popularização do esporte. Em contra-partida, expõe algumas distorções, como é o caso do favorecimento aos cinco tops citados no começo deste post.


Todos eles são patrocinados por alguma das majors da surfwear - Quicksilver, Billabong e Rip Curl, mas entrar nesse mérito é uma seara perigosa e, bem, não agrega muito ao crescimento do esporte. O fato é que, para que os demais competidores não se sintam prejudicados, é preciso que o comitê de arbitragem faça uma revisão nos seus critérios.


É também uma forma do Circuito Mundial não se tornar uma coisa sem graça, repetitiva e com a sensação de que, em termos de julgamento, existem dois pesos e duas medidas.


terça-feira, 12 de junho de 2007

Pigmeu e a tocha


Eu confesso que não vejo graça nessas cerimônias de passagem da tocha olímpica, da tocha do Pan... nem de abertura de Copa do Mundo ou de Olimpíada eu gosto.


Mas não deixa de ser bacana a presença de Bernardo Pigmeu entre os atletas e personalidades que vão conduzir a tocha do Pan em sua passagem por Pernambuco.


Uma amostra de que o surfe se consolida a cada dia como um esporte reconhecido no Brasil. Aquela coisa de esporte de maconheiro, de vagabundo, de rato de praia, é coisa que as novas gerações já não sentem na pele.


A garotada que começa a pegar onda se espelha em caras que são estrelas de filmes altamente produzidos, que disputam competições nos melhores picos do planeta e que ainda ganham (e bem) pra fazer tudo isso. Quem não vai querer ser um surfista profissional quando crescer?


Pigmeu, apesar de ainda ter pego um rescaldo do preconceito pesado que existiu até meados dos anos 90, pode ser considerado um cara nascido e criado na fase do Profissionalismo (é, com p maiúsculo). Ainda assim, viveu de perto o que a gurizada de hoje vive. Quando era um iniciante, se espelhou e conviveu de perto com caras como Gustavo Aguiar e, principalmente, Fábio Gouveia, uma espécie de mentor do pernambucano.


Hoje, atual top 20 do mundo, Pigmeu cresceu (não tanto...) e agora é ele que serve como reflexo para a garotada.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Ranking WQS. Só Neco entre os Top 16

Olha aí. O site da ASP ainda não atualizou o ranking do WQS, mas a matéria do assessor de imprensa da ASP South America, João Carvalho, adianta como ficaram os 16 primeiros e os melhores brasileiros.

RANKING WQS 2007 – 15 etapas:
01: Jordy Smith (AFR) – 10.063 pontos
02: Tiago Pires (PRT) – 9.8000
3: Kieren Perrow (AUS) – 8.4260
4: Jarrad Howse (AUS) – 8.2630
5: Kirk Flintoff (AUS) – 8.1000
6: Mikael Picon (FRA) – 8.0250
7: Drew Courtney (AUS) – 7.8810
8: Dane Reynolds (EUA) – 7.8000
9: Ben Bougeois (EUA) – 7.763
10: Neco Padaratz (BRA) – 7.719
11: Aritz Aranburu (ESP) – 7.582
12: Roy Powers (HAV) – 7.550
13: Shea Lopez (EUA) – 7.525
14: Luke Munro (AUS) – 7.419
15: Jay Thompson (AUS) – 7.388
16: Nathan Hedge (AUS) – 7.375
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Brasileiros até 70.o lugar:
18: Heitor Alves (CE) – 7.281 pontos
20: Jean da Silva (SC) – 7.176
23: Odirlei Coutinho (SP) – 6.919
24: Simão Romão (RJ) – 6.857
25: Jihad Kohdr (PR) – 6.813
26: Yuri Sodré (RJ) – 6.738
27: Patrick Beven (RJ-FRA) – 6.669
30: Pablo Paulino (CE) – 6.588
32: Leonardo Neves (RJ) – 6.251
33: André Silva (CE) – 6.026
42: Rodrigo Dornelles (RS) – 5.526
43: Bernardo Pigmeu (PE) – 5.414
58: William Cardoso (SC) – 4.513
63: Leandro Bastos (RJ) – 4.301
64: Paulo Moura (PE) – 4.227
65: Hizunomê Bettero (SP) – 4.225
67: Fábio Gouveia (PB) – 4.163

Segundo semestre cheio no WQS

Sete seis estrelas, três seis estrelas prime, um Super Series e um cinco estrelas, além de um punhado de quatro estrelas. Eis o que o segundo semestre reserva para as disputas do WQS.

Se compararmos com o que tivemos no primeiro semestre - três seis estrelas prime, um seis estrelas e dois cinco estrelas prime - é como se a briga pelas 15 vagas no WCT 2008 começasse somente agora.

Lógico, não é bem assim. Mas quem fez a sua parte até aqui, vai ter a tranquilidade de fazer os poucos resultados que restam para carimbar o passaporte à elite. Vale lembrar que, para efeito de ranking, são somados os sete melhores resultados de um surfista. Ou seja, são nada menos que 12 chances!

E olha que tem um bocado de gente que fez o dever de casa. Como eu já disse, pra mim Jordy Smith (ZAF) e Tiago Pires (POR) [na foto 1, cavando nas Ilhas Maldivas para marcar seu quinto resultado acima dos 1000 pontos] estão dentro. O sul-africano já rompeu a barreira dos 10 mil pontos e tem um resultado de 563 pontos para trocar. Já o português está com 9.800 e ainda terá pela frente a perna européia, onde sempre conseguiu ao menos um resultado expressivo todos os anos.

Mas tem mais gente que está bem forte na briga. Kieren Perrow (AUS), com um título de seis estrelas prime e mais dois resultados acima dos 1300 pontos; Jarrad Howse com dois vices, um de um seis estrelas prime e outro de um cinco estrelas prime e mais um resultado acima dos 1300. E os dois só disputaram seis etapas...

Tem mais: Dane Reynolds [foto 3, rasgando de backside em Maldivas], Neco Padaratz, Kirk Flyntoff, Jay Thompson, Nathan Hedge [o ex-top 45, na foto 2, já venceu um seis estrelas prime] ... Mas, calma, muita água vai rolar e a gente tá acostumado a ver gente que começa o ano bem e não mantém o ritmo ou é prejudicado por alguma contusão.

São 12 eventos de grande pontuação. Ainda tem muita onda - e muitos pontos - pra rolar nessa praia.

O show dos cearenses voadores


Tenho que confessar que praticamente não acompanhei o WQS 5 estrelas prime das Ilhas Maldivas. O campeonato começava muito tarde, a semana foi cansativa, o filho doente, enfim, como se diz aqui em Recife, "estilei".


Pra não dizer que não vi nada, todas as manhãs acessava o site do evento, checava os resultados, via as fotos, estudava a posição no ranking dos competidores que estavam indo bem nas esquerdas pequenas, mas perfeitas, de Pasta Point, enfim, o que eu normalmente faço sempre que tem uma etapa transmitida via internet. Só não conseguia ficar acordado de madrugada.


Hoje, no entanto, depois de assistir à vitória do Internacional sobre o Pachuca, na final da Recopa, arrisquei ligar o computador pra ver se tava passando o evento. Resultado: as quartas-de-final apenas começavam e vi que Heitor Alves e Pablo Paulino haviam despachado os australianos Adrian Buchan e Anthony Walsh, respectivamente, e seguiam na competição. Não tive como ir dormir.


As quartas-de-final foram um verdadeiro show dos brasucas. As condições de Pasta Point eram um verdadeiro playground pros cearenses voadores. Apesar da boa performance e das altas pontuações do vice-campeão Jarrad Howse, ninguém surfou tanto quanto Heitor e Paulino. Tanto que não teve como lamentar a semifinal que confrontou os dois.
Durante a disputa entre os dois, fiquei pensando se um dia os dois amigos de Fortaleza, que moram hoje no Rio de Janeiro, haviam imaginado se enfrentar numa semifinal de WQS 5 estrelas prime, num paraíso nas brenhas do Oceano Índico.
Os dois simplesmente debulharam as esquerdas com rasgadas, batidas, tai slides, aéreos. Paulino ainda pegou um tubinho, Heitor deu um aéreo 360 graus... Foi brincadeira o que os dois aprontaram.


Confesso que não tive gás pra esperar o intervalo entre a semifinal dos dois cearenses e o início da decisão e fui deitar. Só hoje cedo vi que Heitor Alves faturara seu segundo WQS de grande porte. Mas eu achava muito pouco provável que Jarrad Howse conseguise pará-lo.


Pra quem é fissurado nas transmissões do Tour pela internet, nada como uma vitória de um brasileiro.


quinta-feira, 7 de junho de 2007

Duas novidades no WCT 08. Eu aposto!


Pode anotar: Pelo menos duas novidades já estão confirmadas no WCT do próximo ano. Com os pontos conquistados no WQS 5 estrelas prime que acontece em Maldivas, o sul-africano Jordy Smith e o português Tiago Pires carimbaram o passaporte para a elite em 2008.

Nem sei ao certo qual a pontuação estipulada pela ASP para um surfista se garantir entre os 15 que sobem pelo ranking do WQS. Acho que nem a ASP tem essa conta muito certa. Mas imagino que, com a entrada de várias etapas prime e o aumento no número de campeonatos seis estrelas, será preciso bem mais que os 9 mil pontos do ano passado - apesar de que teve gente que entrou com menos. No chute, acho que vai ser preciso entre dez e onze mil pontos pro cara dormir tranquilo com a vaga.
Jordy Smith, atual campeão mundial júnior, vem muito sólido (na foto, rabiscando uma esquerda em Maldivas). Ganhou apenas um quatro estrelas na Austrália, mas foi vice em casa, no seis estrelas de Durban, e chegou às quartas-de-final do 5 estrelas prime da Escócia, nos tubões de Turso, mostrando ser versátil. Quase não cai da prancha, tem um repertório de manobras base-lip, aéreos e tubos. É moderno e tem muito power.

Tiago Pires fez a final no tradicional seis estrelas, agora prime, de Margareth River, na Austrália, e tem como outro bom resultado as oitavas-de-final nem Durban. Não mudou muito o surfe, que sempre foi bonito e eficiente, mas este ano está mais consistente.

Com os resultados obtidos em Maldivas - Tiago perdeu nas oitavas e Jordy parou nas quartas-de-final - os dois cravam a quinta pontuação acima de mil pontos em seus somatórios. Como ainda restam mais sete etapas seis estrelas, quatro seis estrelas prime e uma cinco estrelas, aposto minhas economias que os dois garantem mais dois bons resultados e, consequentemente, a vaga.

Dois excelentes reforços pro WCT, sem dúvida.

Saindo do tubo

Meio maluca a minha relação com o surfe. Depois de surfar dos 14 aos 22, como qualquer pessoa que pega onda, ou seja, sempre que rolasse onda e (nem sempre) horário vago, o trabalho pesado, escravocrata, me tirou da praia.

Não totalmente. Porque, por causa do trabalho, comecei a cobrir as competições. Como repórter esportivo do Diario de Pernambuco, o surfe sempre foi um dos meus setores. Mesmo depois que saí da reportagem pra ser subeditor e, depois, editor.

Graças a esse trabalho, cobri campeonatos no Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, em Fernando de Noronha, no Rio, em Ubatuba-SP, em Maresias-SP, na Joaquina-SC e, claro, em Pernambuco.

Depois, já fora do jornal, adotei as transmissões do Circuito Mundial pela internet como um dos meus hobbys. Não só assisto, mas gosto de acompanhar o ranking, fazer minhas contas, estatísticas, previsões. Mas nunca tive um espaço pra falar sobre isso.

Outra parada engraçada é uma mania que eu tenho. Se eu estiver de bobeira e com uma caneta na mão e um papel na minha frente, provavelmente eu vou estar desenhando algum surfista mandando uma manobra. Faço isso falando no telefone, tomando um café, batendo papo. Não é nada que me obrigue a virar artista. Nada elaborado, até porque eu sei desenhar tanto quanto eu pego onda, ou seja, bem mal. Mas quem já viu, inclusive amigos desenhistas, diz que é bacana.

Eu disse que a relação era meio maluca.

Em 2003 voltei a pegar onda durante um curto período. Aí Guilherme nasceu no ano seguinte e acabei distante de novo. Surfar, no entanto, é algo que eu tenho certeza que eu vou voltar a fazer com frequência.

Este espaço é uma forma desse universo que eu acho bacana - as competições, a disputa entre os atletas, a participação dos brasileiros, a fórmula, a estatística, a análise -, "sair do tubo".

Primeiro, porque é uma enorme diversão. Segundo, porque é uma forma de dividir opiniões, bate-papos, idéias sobre um assunto que, convenhamos, não é tão popular pra um cara que nasceu em 71 e mora no Recife. Ainda mais um que não pega onda faz algum tempo. Terceiro, por ser um exercício pra quem nunca teve um blog.

Bom, se você de alguma forma acabou caindo por aqui, participe, tire onda e se divirta.